por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
terça-feira, 3 de julho de 2012
PROAE criará canal de dialogo com o movimento estudantil da URCA
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Pró-reitor Berilo Barroso |
As reivindicações e demandas do movimento estudantil da URCA terá um canal de interlocução com a administração da Instituição, através do
Projeto “Escuta” que será desenvolvido pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis
– PROAE.
Para o pró-reitor da PROAE, o professor
Berilo Barroso a ideia surgiu a partir da necessidade de aproximação dos alunos como forma de compreender as necessidades e lutas dos estudantes dentro da
Instituição. Ele destaca que essa é uma forma de propiciar também o dialogo com
outros segmentos da instituição visando minimizar os problemas e atender as
demandas do movimento estudantil.
O Escuta deverá será realizando
pelos Centros Acadêmicos e estudantes dos Grupos de Estudos e Pesquisas da URCA.
A ideia inicial é que seja realizado mensalmente nos diversos campus da
Instituição.
O que é Escuta?
O Escuta é um mecanismo de construção/
dialogo/formação/informação e troca de ideias da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis – PROAE
da Universidade Regional do Cariri – URCA com o Movimento Estudantil,
representado através dos Centros Acadêmicos e dos Grupos de Estudos e Pesquisas
desta IES.
O Escuta visa garantir um canal
de protagonismo do Movimento Estudantil que possibilite que as suas reivindicações e demandas sejam recebidas pela PROAE e que a mesma sirva como elo de interlocução
com as demais instâncias da instituição.
A intenção é que o Escuta possa
promover o debate sobre o papel da Assistência Estudantil e a função social da
Universidade Pública.
Como vai funcionar?
A Pró-Reitoria de Assuntos de
Estudantis – PROAE convidará os representantes dos Centros Acadêmicos de todos
os cursos e representantes de alunos em grupos de estudos e pesquisas desta IES para pensar o processos de
construções do Escuta.
A ideia inicial é que ele seja
realizado em encontros mensais em campus diferentes da Instituição como forma
de contemplar a descentralização da PROAE.
Inicio?
Os trabalhos do Escuta foram
iniciados em julho/2012 e o primeiro encontro está previsto para agosto deste
ano.
Serviço:
Projeto Escuta
Pró-Reitoria de Assuntos
Estudantis – PROAE – URCA Campus Pimenta
Email: proae@gmail.com e proae@urca.br
(88) 3102-1208
Everardo Norões- Grande escritor e poeta cratense!
EVERARDO NORÕES
w. b.
ou
os dez caminhos da cruz
1
na universidade
ninguém na universidade
dar-lhe-ia abrigo
o curriculum
não lhe abriria o portão
nenhuma chave se moveria
ao que busca escancarar
a cela do futuro
ali penetrará
quem dominar ofícios
graduar pontuações
estilhaços do cristal da vida
aludiriam ao haxixe às 7 da noite
num pequeno quarto
no centro de Marselha
pensamentos suspensos em brinquedos
os choques das multidões
lidos como formas preponderantes das sensações
e a denúncia de bienais exposições
louvores à mercadoria fetiche
perguntariam com que passaporte
preencheria o questionário
de algum departamento
o código para desmontar
a astronomia dos livros
lançados pelos bulevares de Paris
que reitor se sublevaria
contra os anátemas de frankfurt
sem guerra ou o trovejar
de trombetas messiânicas
nenhum narrador
desfolharia sua história
mesmo se encontrasse no caminho
um monte de pedras de um cemitério
na fronteira de espanha
ou o anjo de paul klee
a anunciar a ventania do progresso
2
na política
nenhum partido
defloraria sua ficha de inscrição
nunca seria o anão enfurnado
na jaula dos espelhos
a manipular no jogo de xadrez
a alquimia da trapaça
a imagem autêntica do passado
é um raio
diz
e a verdade imóvel não traduz
a matéria da história
daí o quarto de uma só janela
os dias corroídos
pelo sal de ibiza
a fuga pelas escarpas dos pirineus
a tempestade a afugentar os anjos
e a lançar seus escombros
sobre a caligrafia
do último justo
3
no supermercado
somente ele
enxergaria as formas do humano
detrás das prateleiras
dos supermercados
ou descobriria
no diálogo das mercadorias
a mímica das massas
entre passantes
somente ele
seria capaz de ouvir
sinfonias de goethe
aprisionadas nos códigos de barras
ou as estrofes de mahler
nos pregões
do vendedor de pipocas
4
no apartamento
ninguém lhe daria guarida
no estojo onde se desfiam
as ilusões técnicas
dos múltiplos perfis do homem
nenhum engenheiro perceberia
a equação do desmoronamento
no núcleo abissal dos edifícios
apenas ele ouviria de noite
o rio a soluçar baixinho
sob o travesseiro
e na mais alta copa da cidade
haveria de sonhar
enormes formigas
a mastigarem
as folhas do desterro
5
no cinema
ninguém lhe convidaria
ao cinema
através das escuras lentes
avistaria os artefatos técnicos
concebidos para destruir
os desígnios da aura
então deixaria o escuro
da sala de projeção
pequenas mãos a ajeitarem
o óculos de míope
embaçado pelo ar-condicionado
a sensação
de nunca ter sido capaz
de recompor a cabeça
da vitória de samotrácia
6
na varanda
somente ele
enxergaria a cidade
despontar
como um campo minado
numa apoteose de foguetes
a ameaçarem
o céu
oh
ele diz
aqui neste chão discursou um pássaro
havia uma muralha a proteger
a comunhão dos santos
e eis que do outro lado das vitrines
ninguém conseguirá resgatar
o objeto da salvação
7
no parque
ninguém sentaria ao seu lado
num banco de jardim
para observar o bem-te-vi
atacar o gavião
e descobrir
no esvoaçar dos pássaros
o segredo da
luta de classes
8
na escola
ninguém o chamaria de mestre
com seu paletó puído
e o caminhar do errante
sentaria no último banco
um logotipo de fogo luziria na sala
crianças manipulariam
teclados de tabuletas
onde letras se desmontam
no abismo das apóstrofes
e peixes destilam anúncios
do último aplicativo eletrônico
aqui ninguém estaria a salvo
pensa
nenhuma cartilha
desarticularia
a vértebra dos dias
nenhum link
desdobraria
o auriflama das idéias
onde se refugia
o soluçar do nome
9
na livraria
ninguém entraria
numa livraria
para interpretar desenhos de capas
o evoluir das mãos no ventre dos livros
veria cadeiras no teto
de onde pende o fio
a comandar a vida dos bonecos
indagaria sobre a saúde mental
das estantes
a fluidez dos signos
sobre o minúsculo lago eletrônico
perguntaria em que colina
se perdera o narrador
sentaria numa poltrona
e passearia os dedos
entre histórias em quadrinhos
a aguardar o toque de finados
da igreja da Madre de Deus
10
sob a marquise
ninguém se deitaria à noite
sob a marquise
para ouvi-lo contemplar
o outro lado das constelações
apenas três crianças
a cheirar cola
se aproximariam para perguntar
que deserto existe
além do mais alto céu
a resposta seria sufocada
por gritos
urros
latidos de cachorros
posto contra o muro
arrancar-lhe-iam
lápis e os coloridos cadernos
de anotações
nos anúncios das avenidas
vislumbraria uma cruz
a atravessar um horizonte de bêbados
e em meio ao cheiro de vômito e urina
descobriria que restara
no bolso do casaco
vinte gramas de cianureto de potássio
EVERARDO NORÕES
Nasceu no Crato, Ceará, em 1944. É autor de Poemas argelinos (Pirata, 1981); Poemas (Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 2000), vencedor do Prêmio Literário Cidade do Recife; A rua do Padre Inglês (7Letras, 2006); e Poeiras na réstia (7Letras, 2010), entre outos. Organizou a obra completa do poeta recifense Joaquim Cardozo (Nova Aguilar, 2010) e antologias (das quais também é tradutor) de poesia peruana, do mexicano Carlos Pellicer, do italiano Emilio Coco e de poetas franceses contemporâneos. Em 2011, seus poemas figuraram na Antología de poetas brasilenõs actuales, da editora espanhola Paralelosur. Seu livro de contos Entre moscas (no prelo) venceu o Prêmio Literário Cidade de Manaus 2011.
Por Eirípedes Reis
Eu estou de saco cheio com a MPB atual. Sei que tô ficando velho, meio saudosista, mas como eu disse outro dia, não aguento mais o Michel Teló, o Luan Santana. Eu tenho um conhecido (não chega a ser meu amigo, porque amigo para mim é coisa muito especial) chamado Vicente Barreto. Ele é da turma do Tom Zé. É um baiano nascido em Sagadelha (mais ou menos uns 200km distante de Salvador). Ele é um compositor interessante. Veja uma das musicas dele (que, inclusive, foi gravada pelo Ney Matogrosso). Compartilho com voces.
A Cara do Brasil
Vicente Barreto
Eu estava esparramado na rede
"jeca urbanóide" de papo pro ar
me bateu a pergunta, meio à esmo:
na verdade, o Brasil o que será?
O Brasil é o homem que tem sede
ou quem vive da seca do sertão?
Ou será que o Brasil dos dois é o mesmo
o que vai é o que vem na contramão?
O Brasil é um caboclo sem dinheiro
procurando o doutor nalgum lugar
ou será o professor Darcy Ribeiro
que fugiu do hospital pra se tratar
A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho
Ninguém precisa consertar
Se não der certo a gente se virar sozinho
decerto então nunca vai dar
O Brasil é o que tem talher de prata
ou aquele que só come com a mão?
Ou será que o Brasil é o que não come
o Brasil gordo na contradição?
O Brasil que bate tambor de lata
ou que bate carteira na estação?
O Brasil é o lixo que consome
ou tem nele o maná da criação?
Brasil Mauro Silva, Dunga e Zinho
é o Brasil zero a zero e campeão
ou o Brasil que parou pelo caminho:
Zico, Sócrates, Júnior e Falcão
O Brasil é uma foto do Betinho
ou um vídeo da Favela Naval?
São os Trens da Alegria de Brasília
ou os trens de subúrbio da Central?
Brasil-Globo de Roberto Marinho?
Brasil-Bairro: Carlinhos-Candeal?
Quem vê, do Vidigal, o mar e as ilhas
ou quem das ilhas vê o Vidigal?
O Brasil encharcado, palafita?
Seco açude sangrado, chapadão?
Ou será que é uma Avenida Paulista?
Qual a cara da cara da nação?
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