por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
sábado, 31 de agosto de 2013
"FLORES RARAS" - José Nilton Mariano Saraiva
“Flores
Raras” (baseado em fatos reais) é a tal prova cabal de que nós, brasileiros, já
conseguimos, sim, produzir com extrema competência, filmes adultos, sérios e -
mais importante - de qualidade indiscutível.
Produzido
e dirigido pelo consagrado Luiz Carlos Barreto (em parceria com a esposa) e tendo
no papel principal uma Glória Pires madura e simplesmente exuberante, trata da intensa
e sofrida relação homossexual entre a arquiteta carioca Lota de Macedo Soares
(Glória Pires), uma das responsáveis pela construção do Aterro do Flamengo, no
Rio, e a poetisa americana Elisabeth Bishop.
É
que esta, buscando fugir do estresse do dia-a-dia de Nova Iorque, decide
aceitar o convite de uma contemporânea de faculdade (que se mudara para o
Brasil), para conhecer o Rio de Janeiro. Extremamente tímida, introvertida e
recatada, em aqui chegando se surpreende ao notar que a ex-colega “vivia” com uma
outra mulher, Lota Macedo.
Despachada,
autoritária e mandona, Lota Macedo não fazia nenhuma questão em esconder sua
atração por pessoas do mesmo sexo. E a paixão por Elisabeth foi instantânea,
como que a adivinhar que por detrás daquela timidez, introversão e recato
excessivos se escondia um autentico “vulcão”. E não deu outra: na primeira
saída a sós (por ela provocada) e num recanto paradisíaco (Teresópolis), um inesperado
beijo na boca e... deu-se a erupção, fiat lux.
Daí
pra frente a paixão só cresceu, ao ponto do ciúme da ex-amante ter que ser debelado
com a adoção de uma criança e a abertura definitiva e sem rodeios do jogo: sim,
a bola da vez, agora, era Elisabeth (que com ela passou a dividir a cama).
Viveram
intensamente a paixão e cresceram profissionalmente em suas respectivas
atividades (Elisabeth chegou a ganhar o concorrido prêmio Pulitzer, por um
poema que lá atrás houvera dedicado a Lota) até que deu-se a “fadiga do
material”: convidada para lecionar numa faculdade americana, Elisabeth resolve
aceitar, mesmo com a não concordância e o protesto veemente da companheira (que
chega a lhe oferecer mundos e fundos, tal o medo de perde-la).
Acostumada
a mandar, desmandar e jamais ser questionada, com a viagem da companheira à sua
revelia, Lota Macedo acusa o golpe: entra em um penoso processo depressivo,
alimentado pela saudade, daí o consumo excessivo de álcool. Suas cartas não têm
resposta, simplesmente porque a ex, que fora rejeitada, não as encaminha. A
degradação é visível e impressionante (que maquiador fabuloso).
Após
certo tempo, ao tomar conhecimento, por acaso, do estado crítico da ex,
Elisabeth (já com outra amante, uma aluna bem mais nova) se manda de lá pra cá,
a fim de socorrê-la; e aí, novamente juntas, as duas descobrem que “não dá mais
liga”, alguma coisa se perdera pelo caminho, o sonho acabara, esvaíra-se, escafedera-se.
Alfim,
por não admitir o fracasso, e visando livrar-se daquele calvário que já lhe
atormentara excessivamente, Lota Macedo põe fim à própria vida ao ingerir um generoso
coquetel de medicamentos com whisky. Mesmo condoída e consciente de ter sido responsável
por aquele ato extremo, Elisabeth volta para os braços da amante americana.
Resumindo:
independentemente dos preconceitos que decerto hão de surgir, um filme adulto,
sério e que merece ser visto com extremada atenção. E com um adendo: é
brasileiro, sim, com locação na sua maior parte em Teresópolis, contando com
uma atipicidade: os diálogos em inglês e legendado em português.
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
"Xepa" indigesta" (II) - José Nilton Mariano Saraiva
Nessa questão que trata da
negativa de cassação do mandato do Deputado Federal Natan Donadon, por parte
dos seus pares, é necessário que se saiba o seguinte:
513 parlamentares compõem a
Câmara dos Deputados, em Brasília. Regimentalmente, para que um deles tenha o
mandato cassado, necessário que metade (256) mais 01 (257) concordem com a
penalidade. Como 141 não compareceram em plenário, evidentemente que influíram
de forma decisiva para que tal não ocorresse.
Isso porque, como 233 votaram
favoravelmente, faltaram 24 votos para atingir os 257, sacramentando a
cassação. Desses 24 votos que faltaram, a bancada cearense contribuiu com 07
votos (ou 29%). A razão de não comparecerem, ninguém sabe, mas o certo é que
tinham conhecimento da matéria e da importância das respectivas
presenças.
É necessário, pois, que o eleitor
cearense saiba o nome dos “distintos”, a saber: Antonio Balhmann (PSB), Artur
Bruno (PT), Genecias Noronha (PMDB), José Linhares (PP), Manoel Salviano (PSD),
Mário Feitoza (PMDB) e Vicente Arruda (PR).
"Xepa" indigesta - José Nilton Mariano Saraiva
Condenado
em última instância pelo Supremo Tribunal Federal a 13 anos de prisão, por ROUBO
QUALIFICADO, e já recolhido há dois meses à penitenciária da Papuda, em Brasília,
o Deputado Federal, por Rondonia, Natan Donadon, foi julgado ontem por seus
pares da Câmara dos Deputados, em atendimento ao parecer da Comissão de
Constituição e Justiça daquela corte, favorável à cassação do seu mandato.
Só
que, escudados e protegidos pela abjeta e imoral “votação secreta” (onde o
parlamentar-votante não precisa se identificar), prevaleceu o corporativismo
criminoso, e o bandido acabou não tendo o mandato cassado, como era de se
esperar. Para tanto, contribuíram a ausência de 108 deputados e a abstenção de
41 outros, a fim que o quórum regimental de 257 votos fosse atingido.
Composta
por 513 parlamentares, a Câmara Federal é uma das instituições líderes no
repúdio da população, por conta da comprovada desonestidade da maioria dos seus
membros (se muito, e olhe lá, uns 10% encaram a atividade parlamentar com seriedade)
enquanto os demais estão atolados até o pescoço em negócios escusos, maracutaias
e prevaricação, daí o “rabo-preso” e o conseqüente apoio a colegas mafiosos.
E
a falta de seriedade e o sarcasmo são tão grandes que, apesar de ter chegado ao
recinto algemado e saído idem, o bandido Natan Donadon gozou com a cara de
todos nós ao reclamar, na tribuna (rindo), que a “xepa” (comida) servida no presídio
precisava ser melhorada.
É
ou não um tremendo cara-de-pau ???
Claudia Leitão – A dimensão econômica da cultura precisa avançar
A ex-secretária de Cultura do Estado do Ceará,
a pesquisadora e gestora cultural,
Claudia Leitão foi uma das principais formuladoras e incentivadoras da
Secretaria da Economia Criativa do Ministério da Cultura. A professora acredita
que é avalia que o Brasil avançou na dimensão simbólica e cidadã nos últimos anos,
mas ressalta que é preciso avançar no campo econômico da cultura.
Alexandre Lucas - Quem é Claudia Leitão?
Claudia Leitão - Uma
professora e pesquisadora brasileira, uma gestora cultural apaixonada pela
reflexão sobre as políticas públicas de cultura, especialmente, sobre as
conexões entre a cultura e o desenvolvimento.
Alexandre Lucas - Como se deu sua inserção no campo das
Políticas Públicas para Cultura?
Claudia Leitão - Eu me graduei em
Direito e, em seguida, em Música. A cultura e o conhecimento científico sempre
atravessaram a minha vida. De início, através dos estudos da flauta, no
Conservatório Alberto Nepomuceno, em Fortaleza. Depois, graças ao meu
doutorado em Sociologia na Sorbonne, em Paris. A descoberta da cultura,
na perspectiva das políticas públicas, acontece dentro da minha trajetória
acadêmica na Universidade Estadual no Ceará, quando coordenei a primeira
especialização em Gestão Cultural. Mas, certamente, meu grande
"mergulho" no universo das políticas públicas da cultura se deu
quando fui secretária de cultura do Ceará, entre 2003 e 2006. Esses quatro anos
mudaram meu olhar sobre meu Estado mas, também, sobre minha vida acadêmica. E
esse "divisor de águas" se dá quando, no início da minha
gestão, inicio com minha equipe o planejamento da Secult. O Plano,
produto desse processo, tornou-se um documento fundador de nossa gestão, uma
declaração política da nossa decisão de trazermos para o Estado a tarefa de
liderança na formulação, implantação, monitoramento e avaliação de políticas
públicas (e não governamentais,!) de cultura. O mais interessante foi a
coincidência de termos, naquele momento, chegando ao MinC, o ministro Gilberto
Gil. Esse "encontro" foi muito inspirador e resultou em muita
cumplicidade entre o Ceará e Brasília durante quatro anos.
Alexandre Lucas – Fale da sua trajetória:
Claudia Leitão - Minha graduação em Direito me levou a
fazer mestrado em Sociologia Juríica na USP. Minha licenciatura em Educação
Artística me instigou a fazer doutorado em Sociologia na Sorbonne. Penso
que essas formações que parecem díspares, são absolutamente necessárias e afins
quando falamos em políticas públicas e gestão cultural.
Alexandre Lucas – Um dos focos da sua área de pesquisa
é o desenvolvimento sustentável. Qual a relação entre cultura e
desenvolvimento?
Claudia Leitão - As
relações entre cultura e desenvolvimento são antigas, mas a sua compreensão vem
se transformando, especialmente, ao longo do século 20. De início, a cultura
foi considerada uma variável determinista do desenvolvimento e, por isso,
tornou-se praticamente um "fatalismo" a favor ou contra o chamado
"desenvolvimento" de povos e civilizações. Essa visão foi responsável
por inúmeras intervenções ou projetos equivocados de desenvolvimento, quase
sempre "exógenos" e, por isso, distantes dos desejos das populações
para quem foram destinados. Nas últimas décadas do século 20 e início do século
21, inicia-se uma etapa mais alvissareira nas relações entre cultura e
desenvolvimento. Ela vai dar lugar a uma visão "endógena" do
desenvolvimento, ou seja, a um "desenvolvimento com envolvimento" das
comunidades e populações. Nesse momento, a cultura deixa de ser uma
"condenação" mas passa a ser um a priori para o empoderamento e o
protagonismo dos indivíduos. E mais. A cultura passa a ser considerada pela
Convenção da Diversdade Cultural, produzida pela Unesco, como o quarto pilar do
desenvolvimento, ou seja, a cultura passa a qualificar os modelos de
desenvolvimento no novo século.
Alexandre Lucas – Como você avalia a políticas públicas
para cultura no Ceará?
Claudia Leitão - Um dos problemas
relativos às políticas públicas no Ceará, mas também em todo o pais, sejam essas
políticas culturais ou não, é o relativo à continuidade ou à perenidade das
mesmas. Políticas de Governo no Brasil ainda são compreendidas e tomadas como
políticas de Estado. O resultado é que muitas políticas, programas e ações
sofrem com sua descontinuidade. No plano federal, estadual e municipal essa
problemática acontece e é danosa para o Brasil.
Alexandre Lucas - O que é a Economia Criativa?
Claudia Leitão - O conceito de
economia criativa está em construção, especialmente no Brasil, um país que
poderá liderar, na próxima década, a construção de um modelo de desenvolvimento
local e regional para o mundo, a partir da formulação de políticas públicas
para a criação, produção, circulação, difusão, consumo e fruição de bens e
serviços culturais e criativos. A dinâmica econômica dos bens intangíveis não é
a mesma da indústria tradicional. E, por isso, carece de estudos e pesquisas,
para que sejam produzidos diagnósticos dos setores culturais, em suas
especificidades, além da necessidade de se mapear as vocações regionais. Mas,
não tenho dúvida que a diversidade cultural brasileira poderá se tornar um
ativo econômico importante para a inclusão produtiva em nosso país.
Alexandre Lucas - Uma das críticas a Economia
Criativa é sobre risco de mercantilização da produção artística. Como Você ver
essa questão?
Claudia Leitão - A ausência de
políticas públicas que intervenham e estabeleçam regras para os mercados, acaba
permitindo que essas mercantilização se dê da forma radical e excludente.
Por isso, é tarefa do Estado enfrentar as assimetrias produzidas pelo sistema
capitalista, estabelecendo as " regras do jogo" para a
economia,especialmente, para a economia da cultura, garantindo, enfim, sua
sustentabilidade.
Alexandre Lucas - A partir da gestão do primeiro Governo
Lula o país vive uma nova conjuntura no campo das Políticas Públicas para
Cultura, o que gerou um novo protagonismo dos movimentos culturais da cultura.
Qual a sua percepção em relação a essa questão?
Claudia Leitão - Penso que a partir
do Governo Lula, o Ministério da Cultura alçou novos patamares na formulação de
políticas públicas para a cultura. O programa "Cultura Viva" é o
exemplo de uma política cultural que privilegia e reconhece a ação dos
pequenos, ou seja, daqueles que produzem cultura nos territórios mais longínquos
do país. Mas, se o MinC avançou nas dimensões simbólica e cidadã da cultura,
considero que a dimensão econômica necessita ainda avançar. Os desafios da
Secretaria da Economia Criativa são grandiosos: produzir dados confiáveis sobre
o campo cultural e criativo brasileiros, formar profissionais qualificados,
oferecer fomento aos empreendedores criativos e definir marcos legais que
permitam o florescimento da economia criativa brasileira.
Alexandre Lucas - Um dos grandes desafios para as
políticas públicas para a cultura é a criação de um marco legal que
garanta a sustentabilidade financeira. Como é o caso da PEC 150 que prevê a garantia
de 2% do orçamento da União, 1,5% dos Estados e 1% dos Municípios para a
Cultura. O que representa isso para o desenvolvimento do país?
Claudia Leitão - Aos poucos, o campo
cultural vai conquistando garantias jurídicas. Os "direitos
culturais", direitos de terceira geração, hoje são considerados direitos
humanos fundamentais. A legislação recém aprovada do Sistema Nacional de
Cultura é estratégica para o avanço da políticas públicas de cultura no pais.
Mas, não acredito que a PEC 150 seja aprovada a curto prazo. De qualquer forma,
outros marcos legais precisam ser criados, e talvez sejam mais viáveis a curto
ou médio prazos. São marcos trabalhistas, previdenciários, tributários, civis,
administrativos, entre outros. Precisamos de uma Frente Parlamentar da Economia
Criativa Brasileira, antes que os chineses inviabilizem as dinâmicas econômicas
dos nossps bens e serviços culturais.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
Disque "M", para matar - José Nilton Mariano Saraiva
Reconhecidos,
aqui no Brasil, como um bando de arruaceiros irresponsáveis, meses atrás eles se
mandaram para a Bolívia (quem financiou ???) e em pleno estádio adversário, durante
um jogo de futebol, literalmente armados até os dentes para a guerra,
estupidamente assassinaram um jovem adolescente boliviano (Kevin Spada, de 15
anos) que nem os conhecia.
Na
oportunidade, doze dos integrantes da torcida organizada “Gaviões da Fiel” foram
detidos e trancafiados pela polícia boliviana, por suspeita de homicídio (que
deveria ser doloso e não culposo) e aí, sim, vimos quão covardes eram: choravam
e miavam ante as câmeras de TV, alegando inocência (muito embora a imagem
mostrasse claramente que o “sinalizador de navio” (???) houvesse sido disparado
exatamente de onde se encontravam, na arquibancada, em direção à torcida
adversária.
Contando
com o beneplácito da imprensa paulista, a direção do Corinthians tratou de
arranjar um menor de idade (já que inimputável) para assumir a responsabilidade
pelo crime perpetrado, tese que não foi aceita de imediato pelas autoridades
bolivianas.
Fato
é que o auê foi tanto, a rasgação de seda tão intensa, que até o Governo
Federal foi acionado para tentar a liberação dos marginais e, após poucos meses
de idas e vindas, todos estavam livres, leves e soltos, prometendo bom
comportamento, a partir de então.
Eis
que no jogo Vasco X Corinthians, realizado em Brasília no dia 25 do corrente,
os arruaceiros da Gaviões da Fiel partiram com tudo para cima da torcida do
Vasco da Gama, confrontando, inclusive, a própria polícia. E aí – suprema ironia
- as câmeras da TV “encontraram” um dos marginais que tinha estado preso na
Bolívia dias atrás e que, após liberado, jurara se comportar.
A
pena (???) proposta é que seja proibido de entrar nos estádios da vida durante
certo tempo e, enquanto isso, os “Gaviões da Fiel” continuarão a afrontar e
desrespeitar quem encontre pela frente.
Fato
é que, ao liberar (por pressão do governo brasileiro) os responsáveis por um covarde
assassinato, a justiça boliviana concedeu-lhe uma espécie de “senha”: assim, entre
eles, basta que se disque “M”, para matar.
Até quando ???
"Deseducados" - José Nilton Mariano Saraiva
Independentemente
do mérito (e há, sim) da medida adotada pelo Governo brasileiro em contratar
médicos estrangeiros para atuar nos inóspitos rincões do país (lá naquele “interiozão”
brabo), em razão da expressa “má vontade” dos profissionais formados aqui no
Brasil em para lá se deslocarem (701 cidades foram recusadas, na fase primeira
do programa “Mais Médicos”), afigura-se-nos esdrúxula e fora de propósito a
atitude de dezenas de “doutores” que, em Fortaleza, apopléticos e deseducados,
xingaram aos gritos de “incompetentes” e “escravos”, os médicos cubanos que
aportaram por aqui, quando saiam de uma reunião de boas-vindas patrocinada pelo
Ministério da Saúde.
Afinal,
humanistas e sensíveis como o são (ou deveriam ser, até por exigência da
própria profissão escolhida), nossos “doutores” (aqueles que participaram da
manifestação) perderam uma boa oportunidade de mostrar à sociedade seu espírito
desprendido e generoso, recebendo os colegas cubanos com fidalguia e companheirismo
e, se possível, incentivando-os pela iniciativa.
Só
que, ao partidarizarem a questão (o “cabeça” do movimento é um reconhecido
inimigo dos governos Lula/Dilma) de
forma inoportuna e apressada, objetivando atrapalhar uma ação governamental que
tem por objetivo preencher lacunas em um setor reconhecidamente deficiente, esqueceram
que os cubanos aqui chegaram para atuar não em procedimentos complexos e
avançados e, sim, unicamente na atenção básica à saúde; não se constituem,
pois, nenhuma ameaça de “concorrência” aos nativo-acomodados.
Torçamos,
portanto, para que, assentada a poeira e desarmado os espíritos, se instale um
clima de harmonia e colaboração entre os “doutores” brasileiros e cubanos. A
população pobre e carente antecipadamente agradece.
terça-feira, 27 de agosto de 2013
A "novidade" - José Nilton Mariano Saraiva
Por
paradoxal que pareça, a “novidade” aqui em Fortaleza já não é tão novidade
assim, porquanto recorrente: mais um
escândalo nas hostes dos Ferreira Gomes.
É
que, depois da compra milionária de centenas dos caríssimos carros Hiluxs, privilegiando
uma determinada concessionária (que também se encarrega da manutenção dos
mesmos); depois de construir o faraônico Centro de Eventos que custou R$ 400
milhões e de pagar mais de R$ 3 milhões ao tenor espanhol Plácido Domingos pra
cantar durante meia hora na festa de inauguração; depois de refazer o Estádio
Castelão, ao preço de R$ 530,0 milhões; depois de contratar por R$ 650 mil a
cantora Ivete Sangalo, pra divertir a matutada na festa de entrega de um
hospital em Sobral; depois de contratar um “buffet” pra servir comidas exóticas
para uns poucos, ao preço de quase R$ 3,5 milhões durante um ano; depois de
deixar de aplicar nas áreas caóticas da educação, segurança e saúde do Estado,
preferindo construir um brinquedinho pra inglês se divertir (um tal de
Aquarius) ao preço de R$ 350 milhões e cuja manutenção será caríssima; pois
bem, depois de tudo isso, agora o senhor Cid Gomes, Governador do Estado,
resolveu adquirir da empresa alemã MLW, sem a competente licitação, três potentes
helicópteros (para seus deslocamentos e de agregados) ao preço de R$ 78,0
milhões, mesmo o Estado já possuindo alguns disponíveis. E o mais instigante e
intrigante nisso tudo é que nos últimos 18 meses o Governo do Ceará, mesmo já
tendo sua frota de helicópteros, gastou R$ 18,0 milhões em vôos comerciais,
além de R$ 22,4 milhões com vôos fretados.
Enquanto
isso - é bom não esquecer - das 184 cidades que formam o Estado do Ceará, em
180 foi decretado o estado de calamidade pública, em função da seca inclemente
que castiga o homem interiorano (que pena com a falta d’agua e de comida).
E
o suado dinheirinho do contribuinte escorrendo pelo ralo...
O sonho acabou - José Nilton Mariano Saraiva
Já tivemos - os
brasileiros – já lá se vão alguns anos, sobejas razões para permanecer em casa
às manhãs dos domingos (e até mesmo acordar na madrugada), a fim de acompanhar nossos
pilotos nas concorridas corridas de Fórmula 1, mundo afora.
A partir do pioneiro
Emerson Fittipaldi (bicampeão da Fórmula 1 e campeão na Indy), passando pelo
polêmico e antipático Nelson Piquet (tricampeão) até chegar no Ayrton Senna
(também tri), todos eles nos deram prova de competitividade e arrojo, elevando
o nome do Brasil lá fora e, evidentemente, deixando-nos cheios de orgulho.
Eis que, com a morte
prematura e dramática do Ayrton Senna, em 1994, no auge da forma, que provocou
uma consternação geral não só aqui, como em outros países, onde era respeitado
em razão do carisma e competência, a Rede Globo (promotora do evento pra essas
bandas) resolveu jogar todas as fichas no atrapalhado paulista Rubens Barrichello.
Foi uma decepção. Desprovido
de carisma, com os nervos sempre em pandarecos, medroso e atrapalhado,
principalmente nas corridas aqui no Brasil, até a comemoração (nas raras vezes
em que conseguiu subir ao pódio) se nos apresentava ridícula e despropositada,
a tal “sambadinha”; e, mesmo chegando a uma equipe de ponta como a italiana Ferrari,
pouco fez de produtivo, embora se vanglorie de ser o piloto que mais participou
de corridas de Fórmula 1 (mais de 200 grandes prêmios).
Posteriormente, sempre
com o apoio da emissora global, num primeiro momento Felipe Massa nos fez sonhar
com os áureos tempos, impressão essa que se foi desvanecendo ao longo dos
meses; e, quando sofreu um grave acidente, na Hungria, que quase lhe ceifa a
vida, o brasileiro (agora casado) claramente voltou receoso, com o freio de mão
sempre levantado, embora com um carro de ponta (também a Ferrari).
Hoje, no país o esporte
já não causa nenhuma empolgação, tanto é que são poucos os brasileiros que se
dispõem a renunciar a uma praia ou mesmo a um shopping qualquer, nas manhãs de
domingo, a fim de encarar as insossas e previsíveis corridas de Fórmula 1.
Definitivamente, o
sonho acabou.
domingo, 25 de agosto de 2013
Pensamos sempre que bom era no nosso tempo. A juventude
atual dirá o mesmo 50 anos depois? Meu pai também questionava as músicas da jovem guarda.
Dizia-nos que as letras eram bestas. A década de 40, 50 foi um tempo romântico.
Romantismo ficou fora de moda, desde quando?
Em 60 a festa de agosto era mais profana do que religiosa.
Separávamos( 9 )vestidos novos para não repetir no desfile dos dias de novena( futilidade inocente). Os
leilões eram valorizados, e os cidadãos
do Crato não faziam contas quando gritavam lances milionários por uma galinha assada , numa embalagem colorida. A amplificadora, depois da novena não parava de
tocar as músicas em voga...E haja flertes inocentes, parque de diversão, e
guloseimas nas banquinhas de comidas. Saudades
do cheiro de Avon(Toque de Amor), nos nossos vestidos de renda.
Acho que a parte religiosa hoje é mais participativa. Depois
das rezas, a praça fica vazia. Os jogos, a quermesse, o bingo estão
apagados pelo desinteresse moderno.
Vamos voltar pra casa correndo...Lá tem novela, internet, e comidinhas diferentes
na geladeira.
O mundo está trancado. É perigoso viver nas ruas, olhando a
lua e estrelas. É perigoso viver. Deus está no meio de nós. Só nos resta interioriza-lo,
e esperar o destino de ser feliz eternamente.
sábado, 24 de agosto de 2013
A ética da vassoura que suja a política
A política cearense está “em alta” no cenário nacional, mais
recentemente, pela frenética capacidade que têm demonstrado os seus
representantes de gerar escândalos. À parte o caráter jocoso, tristes
demonstrações de descaso com o que deveria ser mais sagrado aos homens
públicos, que é a aplicação respeitosa dos recursos que a sociedade coloca à
disposição deles para que se revertem em algo que a ela volte de maneira útil.
Coletivamente útil. São absurdos, impossíveis de qualquer explicação que os
justifique, os números da licitação para compra de materiais de limpeza sob
questionamento na Câmara de Vereadores de Juazeiro do Norte.
A sequência recente de episódios no Ceará frustra a
expectativa de que a política seria positivamente afetada pelos eventos
registrados a partir de junho, com o povo indo às ruas de uma maneira que raras
vezes o País houvera visto até então. Há mudanças, e seria impossível que tudo
permanecesse absolutamente como antes diante da força avassaladora do que
aconteceu, além dos desdobramentos que aqui e ali ainda repicam, mas elas ainda
parecem muito distantes de encaminhar para o ideal de realidade que se busca.
É simbólico que este caso mais recente envolva uma extravagante compra
de material de limpeza. Talvez se possa utilizar a ideia embutida na operação
para reforçar a necessidade urgente de uma assepsia na política, que mantém
firme sua capacidade de causar vergonha e indignação.
Guálter George - Diretor Executivo de Conjuntura, do O POVO
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