A música de montanha. Assim como “eu nasci naquela serra,
onde a lua faz clarão.”
Tristeza do Jeca compositor paulista Angelino de Oliveira - cantada por Caetano e Maria Bethânia
Ou “na Serra da Mantiqueira, sob a fronde da mangueira,
sentadinha no seu banco, lá na encosta do barranco, mãe Maria vai sonhar."
Na Serra da Mantiqueira - composição de Ari Kerner - cantada por Gastão Formenti.
Ou ainda “se deus soubesse da tristeza lá serra mandaria lá prá cima todo o amor que já terra.
No Rancho Fundo - Ary Barroso e Lamartine Babo - cantada por Sílvio Caldas
Isso tem muito das músicas dos sertões. Dos sertões das
gerais. De perder o passo e a notícia nas quebradas da Serra do Mar.
Internar-se no continente e desaparecer de uma era, para surgir como a
“netarada”, dezenas de anos depois. Vindo conhecer o mar.
Lá em cima da serra se vive. Na cordilheira. Mais perto das
nuvens e a miúdo quando o pó do café se despeja nas borbulhas da água fervente,
as nuvens entram de porta a dentro. Entram com tanta força que o fogão perde o
sentido dos olhos e se apresenta apenas como quentura na fria madrugada.
O clima das serras. A luz serrana. As noites que sustentam o
piso do mundo por milhões de fios dourados suspensos nas estrelas. O galo que
não é apenas saudade, é a alegria de tornar a enxergar os grãos que surgem nas
ciscadas de suas unhas. A serra é a aventura dos vales, nas estes por
germinarem cidades, vivem roubando os fios que nos faz rosário.
E somos contas soltas no tempo de inventar moradas aqui na
serra. A serra deixada só neste Baião da Serra Grande.
Baião da Serra Grande - de Fred William, tocada por ele que tinha o nome real de Manoel Xisto
Aqui Baião da Serra Grande cantada por Emilinha Borba
A música também foi gravada por Mário Zan, do qual senti um respeito profundo num velho sanfoneiro lá da localidade dos Grossos em Paracuru. Seu Pedro Barros. Já com um pé nos passos finais da vida. Acabei de chegar de lá e continua ativo. E tem outra interpretação do sanfoneiro Zé Béttio que é muito boa.