por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Ando devagar porque já tive pressa - José do Vale Pinheiro Feitosa

Fragmento de um vídeo sobre a procissão de Nossa Senhora da Soledade
entre São Gonçalo do Amarante e o Siupé. 
Com o título de Procissão ao Siupé pode ser visto no Youtube

O Baião da Serra Grande - José do Vale Pinheiro Feitosa

A música de montanha. Assim como “eu nasci naquela serra, onde a lua faz clarão.” 

Tristeza do Jeca compositor paulista Angelino de Oliveira - cantada por Caetano e Maria Bethânia

Ou “na Serra da Mantiqueira, sob a fronde da mangueira, sentadinha no seu banco, lá na encosta do barranco, mãe Maria vai sonhar."  

Na Serra da Mantiqueira - composição de Ari Kerner - cantada por Gastão Formenti.

Ou ainda “se deus soubesse da tristeza lá serra mandaria lá prá cima todo o amor que já terra.

No Rancho Fundo - Ary Barroso e Lamartine Babo - cantada por Sílvio Caldas

Isso tem muito das músicas dos sertões. Dos sertões das gerais. De perder o passo e a notícia nas quebradas da Serra do Mar. Internar-se no continente e desaparecer de uma era, para surgir como a “netarada”, dezenas de anos depois. Vindo conhecer o mar.  

Lá em cima da serra se vive. Na cordilheira. Mais perto das nuvens e a miúdo quando o pó do café se despeja nas borbulhas da água fervente, as nuvens entram de porta a dentro. Entram com tanta força que o fogão perde o sentido dos olhos e se apresenta apenas como quentura na fria madrugada.

O clima das serras. A luz serrana. As noites que sustentam o piso do mundo por milhões de fios dourados suspensos nas estrelas. O galo que não é apenas saudade, é a alegria de tornar a enxergar os grãos que surgem nas ciscadas de suas unhas. A serra é a aventura dos vales, nas estes por germinarem cidades, vivem roubando os fios que nos faz rosário.


E somos contas soltas no tempo de inventar moradas aqui na serra. A serra deixada só neste Baião da Serra Grande. 

Baião da Serra Grande - de Fred William, tocada por ele que tinha o nome real de Manoel Xisto

Aqui Baião da Serra Grande cantada por Emilinha Borba

A música também foi gravada por Mário Zan, do qual senti um respeito profundo num velho sanfoneiro lá da localidade dos Grossos em Paracuru. Seu Pedro Barros. Já com um pé nos passos finais da vida. Acabei de chegar de lá e continua ativo. E tem outra interpretação do sanfoneiro Zé Béttio que é muito boa. 

Lá no meu pé de serra - José do Vale Pinheiro Feitosa


Zé, Luiz, Santana, Socorro, Zabelê, Biô, Pinga, Fila, onde é que nossas substâncias estão e para onde elas vão? Sempre estou contando as sementes das vagens a perguntar se estas substâncias são o ovo do chão ou a fecunda obra das nossas imaginações.

E sei que a semente é algo tão evidente que esta dúvida não deveria existir. Mas é que somos flor do tempo. Brotamos e murchamos. E tudo que é divino, porque assim entendemos, logo pensamos seja todo o universo, que se alue o tempo todo, mas nunca deixa de abraçar além do tempo.

Meu constitutivo essencial. Sabe gente. Estas questões ilusórias, crentes ou radicais, agradam por mover emoções, orações e sentenças. Mas fica sempre aquele grão inexplicável e onde estão nossas substâncias e para onde elas vão?

Bom, vamos fazer um exercício qualquer. Jamais do nosso peito uma canção falando da morada no alto da serra. Lá no topo do mundo como os serranos se acham. Nós não!  


Nós somos é pé de serra. Só vamos ao topo para apanhar piqui, descascar abacaxi e beber um suco de maracujá peroba.