Hector Julio Páride Bernabó,
conhecido por Carybé, foi um artista plástico argentino que viveu na Bahia,
marcando presença com trabalhos de desenhista, ilustrador de livros, pintor, escultor,
gravador, nome expressivo da arte baiana do seéulo XX, ligado à elite que assinalou
fase marcante e trouxe fama internacional ao ricopanorama cultural da Boa
Terra.
Conheci Carybé nos inícios dos anos 70, ao
desenvolver um programa do Banco do Brasil para divulgação do Cheque Ouro junto
aos artistas e intelectuais. Abri sua
conta no banco e cuidei do acompanhamento desse novo cliente. Sempre que
precisava de resolver algum assunto na agência, ele subia ao terceiro andar,
indo me encontrar na Secretaria da Gerência.
Tipo alto, magro, de tez clara,
olhos acesos, roupas folgadas de características irreverentes, por vezes
manchadas de tinta ou cimento, isto quando produzia o célebre
painel que existe na confluência da Avenida Sete com a Rua Chile, em frente à
Praca Castro Alves. Usava sandálias japonesas ou andava de pés descalços,
alegre, simpático; merecia dos baianos afetivo carinho e continuado respeito;
amigo de Jorge Amado, de quem ilustrou o livro Gabriela, Cravo e Canela; de Floriano Teixeira, Mário Cravo Júnior ,
Dorival Caymmi, doseleto clã no qual fulgurava nos encontros da boemia consagrada
de seu tempo.
Já no Cariri, época do Navegarte,
em Crato, na década de 90, eu visitei exposição do artista, promovida pelo País
atrravés da Fundação Banco do Brasil, com desenhos retratanto os costumes e
pessoas representativos do povo da Bahia, com destaque para as dancas, a música,
a religiosidade, a capoeira, a pesca e as mulatas, fixação constante da obra de
Carybé, nas imagens pitorescas com que perenizou a vida comunitária rica em
cores e movimentos, tema bem próprioao talento dos gênios de seu porte.
Assim, paro e revejo de memória a
produção eclética de Hector Barnabó, Carybé, argentino de nascimento e baiano
de coração, um marco indelével das belas artes no Brasil da segunda metade do séculoque
passou.