por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

RABISCOS



Encontro palavras
Rabisco rimas
Construo versos
Escolho métricas
Escrevo poemas

Componho sonhos
Vejo imagens
Ouço musicas
Imagino cores
Aquarelas de mim
Escritas enfim
Em tintas,
nanquim
Simples...
assim

Dedê


OBS: IMAGEM CAPTADA DA INTERNET

E VIVA O AZUL!

Vesti Azul - Wilson Simonal

Memórias da Panela Abandonada - Por Antonio Barbosa Tavares


Num dia invernoso, com clarões de sol primaveril permeados por uns fios de vento, viagem ao Portugal-aldeão que alberga ternas e saudosas venturas da infância e também as constristadas memórias de um tempo irrecuperável. Fui com minha mãe e meus irmãos ao seu lugar de nascença visitar os dois únicos tios que ainda restam nas suas casas graníticas alcantiladas nas serranias de um ignoto lugarejo nas austeras serranias Sevenses.
De uma outrora farta casa de lavrador, com longos alpendres e criadagem, pertença de meus avôs-maternos, cujas pedras couberam em herança a um genro que as retirou uma a uma, restavam agora apenas a eira, um enorme lajedo recoberto de musgos com tufos de ervas e silvas que emergiam por entre as fissuras das pedras.
Minha mãe não conteve uma exclamação meia sussurada e pesarosa provinda das recordações da juventude: “ Eram aqui nesta eira os bailaricos do João do Esquiero com a sua concertina “, comovida desatou a nomear todas as moçoilas do lugar e do seu tempo e mais três que ocorriam ao local do bailarico de aldeolas vizinhas, donairosas nas suas roupas domingueiras com seus tamancos pretos lustrosos.
Eram a Celeste do Souto, a Aida de Riba, a Maria da Eira , a Leopoldina, a Deolinda do Esquieiro, a Maria do Andoreira e a Esmeralda da Cancela.
Os rapagões, calcorreavam a serra desde as margens do Rio Vouga com seus coletes perfilados a rigor, casaco sobre os ombros, por carreiros entre pinhais frondosos e carvalhais ao encontro das suas eleitas deusas.
Ocorreu-me que ali a três passos morava um casal de velhotes “orfãos de filhos”, octagenários nos tempos da minha infância, o ti António era um homem baixote, rosto de lua-cheia, bigode farfalhudo e unas exíguas franjas de cabelo a contornarem uma calvície rigorosamente circular, com seu chapéu puído de aba larga de fita negra imbuída de suor e pó, homem de poucas e mansas palavras, alma cerzida na agrura dos tojeiros do monte nas rudes fainas agrícolas do arado e charrua. A Ti Deolinda era uma mulher vivinha , de lenço amarrado da cabeça ao queixo e língua solta para pregar uma piada, esguia e conversadeira , porém de uma poupança que roçava a miséria.

*
Não resisti a espiolhar a casa em ruínas num estado de violenta degradação, nem um único vidro ou memória deste nas janelas. Uns fiapos de madeira suspensos do caixilho apodrecido, testemunhavam a voracidade e a incúria dos tempo..Entrei no casebre, avancei com cautela redobrada sobre o soalho ondulante a ranger, pleno de frinchas, e deparei com uma panela de ferro bojuda de três pés, esquecida sobre um monte de cinzas, porventura ali abandonada há uns bons decénios.
O meu irmão, sabendo do encanto que eu manifestara pela panela e que ao tentar tocar-lhe poderia o soalho ruir e eu acabar alcavalitado e ferido sobre o desmoronado curral dos porcos, avançou ,lesto e seguro pelos recantos da cozinha melhor escorada, e colheu a dita.
Como sabia de fonte segura que os falecidos proprietários não possuíam herdeiros, e ninguém me processaria pelo furto, apoderei-me da panela e escrevi-lhe algumas das memórias, se para tanto o engenho me ajudare a reconstituir os factos históricos daqueles arredios tempos , tal como ela me segredou nos seus próprios termos : “Devo ter sido mercada em reis, não sei exactamente quantos, no dia dezanove de Outubro mil oitocentos e noventa e três e fundida numa das poucas usinas existentes do Distrito de Aveiro. Dom Carlos I assumira o trono rigorosamente nove anos antes da minha compra, e governaria atribuladamente dezanove, até ser ,violenta e trágicamente, despojado da realeza.
Como dizia , sou levada a crer ter sido mercadejada porventura ,em Vale de Cambra, pois não constam que existissem lojas de ferragens e objectos similares na pacatíssima vila de Server do Vouga.
Ainda me recordo da longa jornada empreendida a pé por carreirinhos entre as altaneiras serranias. Vim às costas de meu amo num saco de serapilheira misturada com um podão uma foice e cordas avulsas, enquanto a esposa seguia atrás com dois bacorinhos que levaram toda a jornada a rosnar, presos por um atilho aos artelhos, carinhosamente sacudidos pela folhagem de um ramo de eucalipto”

*Antonio B.Tavares, ilustre escritor português, reside no Canadá . Um amigo, desde os idos de 1998.
Esperamos tê-lo como futuro colaborador.
Aliás, já o temos, e que seja bem-vindo!
Abraço carinhoso, Antonio !

AMANHÃ EU VOU andar
17 LÉGUAS E MEIA
vou atravessar o RIACHO DO NAVIO
quero voltar para o meu PÉ DE SERRA

eu já estou ROENDO UNHA
e te esperando DAQUELE JEITO
quero dançar NUMA SALA DE REBOCO
que é a maior ALEGRIA DE PÉ DE SERRA

quero escutar um FOLE DANADO
sentir O CHEIRO DA CAROLINA
ouvindo o som da SANFONA SENTIDA
sei que vou sentir SAUDADES DE HELENA

eu gosto mesmo é de um FORRÓ FUNGADO
sou um MATUTO DE OPINIÃO
eu já estou ficando APERREADO
chegue pra cá, VAMOS XAXEAR

com o SANFONEIRO ZÉ TATU tocando
sei que FACILITA A DANÇA DA MODA
dizem que ele é O MAIOR TOCADOR
nascido aqui NO MEU PÉ DE SERRA

VEM MORENA da CINTURA FINA
pois você é RAZÃO DO MEU QUERER
uma MAZURCA, O FOLE RONCOU
quero dançar com você MORENA

ouvi dizer que DERRAMARO O GÁI
e vão dançar o FORRÓ NO ESCURO
é FIM DE FESTA, é HORA DO ADEUS
vem ANA ROSA, ONDE TU TÁ NENÉM

PENSE NEU, DEPOIS DA DERRADEIRA
vamos viver um ROMANCE MATUTO
se você é FULÔ DA MARAVILHA
saiba que eu sou um PORTADOR DO AMOR

Marcos Barreto de Melo
NOTA - AS PALAVRAS ESCRITAS EM MAIÚSCULO SÃO TÍTULOS DE MÚSICAS COMPOSTAS OU GRAVADAS POR LUIZ GONZAGA

O Ditador de Sucessos- por Norma Hauer

O DITADOR DE SUCESSOS
Foi esse o cognome que César Ladeira, que sempre dava um título aos artistas de seu tempo deu a Farjalla Rizcalla. E quem foi ele?

Foi como DÉO que ele ficou conhecido no meio musical, já que seu nome verdadeiro não era nada radiofônico: Farjalla Rizcalla, filho de libaneses.

Ele nasceu em 26 de janeiro de 1914, aqui no Rio de Janeiro, mas foi em São Paulo , na Rádio Record, que iniciou sua carreira, primeiro como discotecário, depois como cantor de tangos. Na música brasileira inspirou-se em Sílvio Caldas, cantando seu repertório.

Em 1936 gravou seu primeiro disco com o samba "Vendedora", que não "emplacou".
No ano seguinte gravou "Sinto Lágrimas", de Francisco Malfitano..

Mas foi no carnaval de 1939 que obteve seu primeiro sucesso :"Casta Susana", de Ary Barroso e Alcyr Pires Vermelho.

"Será você a tal Susana,
A casta Susana,
do Posto 6¨?"

A partir daí seu nome foi-se tornando conhecido e Ary Barroso o levou para a Rádio Tupi.
Ainda em 1939 gravou uma valsa (ou canção?) de Ataúlfo Alves:"Canção do Nosso Amor".

Nesse mesmo ano compôs, com Octavio Gabus Mendes e José Marcílio, uma valsa, que se tornou grande sucesso na voz de Orlando Silva:"SÚPLICA", uma bela valsa que não tem rimas, mas nem se percebe isso, pela beleza de seus versos.

Nos anos 40 alcançou vários sucessos, como "A Morena que eu Gosto";"Mulher de Luxo"; " Eu te Agradeço"; "Nervos de Aço"; Infidelidade"; "Até Parece que eiu sou da Bahia" "Terra Seca"...

Em 1944 gravou um bonito samba sinfônico, da autoria de Humberto Teixeira, de nome "Sinfonia do Café". Lindo samba não fez o sucesso que merecia e nem mesmo é citado nos dados biográficos de Déo.
No mesmo estilo, ainda de Humberto, gravou "Terra da Luz", referente ao Estado do Ceará, em que diz:

" do herói jangadeiro,que não permitia que navio negreiro entrasse na Terra da Luz", lembrando que foi o Ceará o primeiro estado a não permitir a entrada de escravos no país.

Em 1950 gravou o samba "A Mulher deve Casar" (mas o homem não) de Nássara.

Esse samba, começa dizendo "a mulher deve casar, meu irmão, mas o homem não".
Com quem ela se casaria? Eis um mistério...

Déo não pertenceu ao famoso "cast" da Rádio Nacional. Trabalhou principalmente na Rádio Tupi, até 1962, e também pertenceu ao elenco da Mayrink Veiga, onde César Ladeira deu-lhe o título da "Ditador de Sucessos".

Dias antes de falecer, regravou um samba de Haroldo Lobo, que foi sucesso no carnaval. Seu nome "...E o 56 Não Veio": mais um samba no repertório nacional falando em bonde. O n° 56 era o da linha "Alegria".

"Será que ela não veio porque se zangou.I
Ou o bonde Alegria descarrilou?"

DÉO faleceu em 23 de setembro de 1971, aos 56 anos.

Norma

Correio Musical- Para Aloísio

Como posso ficar parado / Se o mundo se movimenta? - Aloísio

Aqui na vida da cidade
Da janela do apartamento
Com meus olhos em movimento
Vejo um guri brincando no jardim
Pulando como uma pimenta
Indo depois pra casa cansado
Como posso ficar parado
Se o mundo se movimenta?

A vida vivida no mundo
Não pode ser o que eu quero
Passar a vida num bolero
Tenho que andar pra frente
Isto também me atormenta
Andando pra ficar ao lado
Como posso ficar parado
Se o mundo se movimenta?

Se alguém vem cantar um samba
Eu digo: isto é muito bom
Demonstrando também que tem dom
Vindo mostrar a nossa cultura
Alguém que faz e argumenta
Não é pronto e acabado
Como posso ficar parado
Se o mundo se movimenta?

Esta aprendi em Petrolina
Era sempre gostoso de ouvir
Meu sogro mandava seguir
Quando queria ir pra frente
“Pega a direção da venta”
Pensando bem, fico calado
Como posso ficar parado
Se o mundo se movimenta?

Andei por rotas e estradas
Vi nascer também a Internet
Da vida não sou marionete
Busco descobrir outras sendas
Como minha visão aumenta
Então não devo ser guiado
Como posso ficar parado
Se o mundo se movimenta?



Aloísio

Coisinhas simples- por Socorro Moreira



É claro que esse blog não tem caráter regionalista. A proposta é universalizar a cultura. Todos de lugares diversos são bem-vindos ! Se falo muito no meu pé-de-serra é porque aqui nasci, cresci, e voltei pra ficar.
Acabei de chegar das suas ruas lavadas pelas chuvas, sem me queixar dos buracos , e do aspécto visual comprometido . Deixa para lá.
O sol parecia uma criança brincando de esquentar os bancos das praças, e abraçar os passantes, sejam eles de qualquer idade. Atravessei a rua quase correndo para abraçar meu amigo Salatiel.
Contei-lhe do nosso novo espaço, e passei-lhe a energia do meu contentamento.
Pedi-lhe que sugerisse um título para o novo livro. Queremos material diversificado para assinar em grupo a escolha definitiva.
Enfim, a vida chove mas encontra seu sol.
Vinha lembrando das nossas feiras, quando eu era menina. Adorava juntar as moedinhas e fazer minhas compras de consumo : mala da feira, espelhos, caixinhas de pó e ruge, folhas secas de alecrim e eucalipto, colares de catolé, bonecas de pano e panelas de barro para um guisado no quintal da minha casa. Coisas simples ,que tinham uma magia incrível.
Gozei muitos privilégios nesta vida... Fico com o carinho das amizades, o barulho da chuva no telhado, e uma colherada de doce , na rapa do tacho. O simples condensa alegrias e o prazer de viver.
Como lembrou Eduardo, a vida é bela..!Mas li o texto de Zé Nilton e comovi-me com os contrastes sociais, e as situações de emergência , mal resolvidas ou sempre insolúveis.
Fico à disposição do Universo. Sou voluntária de uma vida mais simples e mais justa.

"Inversão de valores" - José Nilton Mariano Saraiva

Embora um tanto quanto longa, entendemos que a "transcrição" do texto abaixo merece ser lida e refletida por todos aqueles que se preocupam com o futuro da nossa família, do nosso povo, do nosso Brasilzão querido. Trata-se do retrato emblemático da lógica perversa e da absoluta e criminosa inversão de valores numa das áreas - EDUCAÇÃO - primordiais ao desenvolvimento de uma nação, à sua arrancada rumo ao panteão de uma das nações líderes do mundo, bem como à obstrução do bem-estar do seu povo.
Um equívoco de tal magnitude, baseado em modismos e invencionices, se não for corrigido a tempo, tende a nos manter presos aos grilhões do subdesenvolvimento, às amarras da miséria, à negritude da falta de conhecimento e, enfim, ao caos absoluto.
E, especificamente pra quem exerce a nobre função do magistério, um aviso: cuidado, você pode ser o próximo !!!

José Nilton Mariano Saraiva
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J’ACUSE !!! (Eu acuso !!!)

Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes - (Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice. (Émile Zola) - Meu dever é falar, não quero ser cúmplice).

Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subseqüente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar).
A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro. O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares. Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática.
No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando...
E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”
Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno.
Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotado de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo".
Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.
Ao assassino, corretamente, deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto "EU ACUSO", de Emile Zola, eu acuso tantos outros que estão por trás do cabo da faca:
EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa; EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos” e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas; EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar falta graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas; EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”; EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar; EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade; EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã; EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”; EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia; EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento; EU ACUSO os “cabeça–boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito; EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis; EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição; EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos; EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores.
Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos-clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.
Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”.
A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”
Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.

Igor Pantuzza Wildmann (Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário).

Vitrine virtual- Samuel Gregório- Samuk

Bendita luz !





Pensamento para o Dia 26/01/2011


“Atualmente, as pessoas pensam erroneamente que a espiritualidade não tem relação com a vida mundana, e vice-versa. A Divindade verdadeira é uma combinação de espiritualidade e obrigações sociais. A unidade nacional e a harmonia social são baseadas em espiritualidade. É o Divino que une a espiritualidade e a existência social. O Criador e a Criação (Prakriti) estão intimamente associados um com o outro. Portanto, Deus não deve ser considerado como separado da Criação. Veja Deus no cosmos. Por exemplo, tome um copo de prata. Aquele que percebe a prata no copo, só pensa na base material e não na forma do copo. Aquele que o vê como um copo não pode notar que ele é feito de metal prateado. Só a pessoa que pode reconhecer prata e o copo pode reconhecer que é um copo de prata. Da mesma forma, sem Deus, não há criação. No entanto, a maioria das pessoas vê apenas a criação, muito poucos reconhecem que a criação é uma projeção do Criador. É essencial que todos os seres humanos percebam que sem Deus não pode haver cosmos.”
Sathya Sai Baba

Chefchaouen, a Medina Azul do Marrocos

Chefchaouen é uma cidade de 45 mil habitantes, situada aos pés da Rif -

cordilheira situada a noroeste do Marrocos.Os habitantes locais seguem utilizando o nome original da cidade - "Chaouen", que significa " cumes" - montanhas.

Durante a ocupação espanhola, a grafia foi alterada para " Chaouen",e, em 1975, foi finalmente, batizada por Chefchaouen ( que significa observa as montanhas ).



A cidade foi fundada em 1471, e utilizada como base, pelas tribos bereberes do Rif, em seus ataques aos portugueses,instalados em Ceuta.
O povoado prosperou, e cresceu consideravelmente, com a chegada em 1494,dos muçulmanos e judeus,que fugiam da perseguição no sul da Espanha.
Estes construíram as suas casas ao estilo hispânico.

A cidade permaneceu isolada até 1920, quando foi ocupada pelas tropas espanholas. Em sua chegada, os espanhóis perceberam que os habitantes ainda falavam um dialeto do castelhano medieval.

Houve a Guerra do Rif, e os espanhóis foram temporariamente expulsos de Chaouen.Porém, pouco depois voltaram, e não se retiraram mais até a independênccia do Marrocos em 1956.

As ruas tortuosas,cheias de degraus, e as casas de pedras antigas pintadas em todas as nuances de azul, desde o azul pálido , o azul violáceo, o azul turqueza até o azul anil, dão a Chaouen, uma impressão surrealista.

Vídeo Youtube : "Fata Morgana" - Música marroquina




Fontes e Imagens
Google Imagens
www.voyagevirtuel.com/maroc03/rif/rif - chaouen 2. hp
robertolacaze.blogspot.com

O Olhar. Liduina Belchior.

O olhar comunica: Desalento,
alegria,
saudade,
amor, alento e mais
muito mais...

O olhar introjeta todos os olhares do mundo.
O mundo carrega consigo os olhares de outréns.
Eu olho a mim, e aos demais, com apego e desapego.