por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
quarta-feira, 7 de março de 2012
O Império Terceirizando a Morte - José do Vale Pinheiro Feitosa
O quê explica a repetição de certos fenômenos a ponto de torná-los previsíveis? O tempo, o espaço e a estrutura dos mesmos resultando em funções com resultados assemelhados. Muitos levam em conta a seguinte frase: A história se repete, a primeira como tragédia a segunda como farsa. Na verdade isso é parte daquelas famosas manias burguesas de pinçar frases de um autor para comumente construir outro tipo de farsa: a farsa da sabedoria de mesa de bar.
Na verdade a frase foi pinçada do 18 Brumário de Napoleão escrito por Karl Marx que diz o seguinte: “Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. Caussidière por Danton, Luís Blanc por Robespierre, a Montanha de 1845-1851 pela Montanha de 1793-1795, o sobrinho pelo tio. E a mesma caricatura ocorre nas circunstâncias que acompanham a segunda edição do Dezoito Brumário! Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. E justamente quando parecem empenhados em revolucionar-se a si e às coisas, em criar algo que jamais existiu, precisamente nesses períodos de crise revolucionária, os homens conjuram ansiosamente em seu auxilio os espíritos do passado, tomando-lhes emprestado os nomes, os gritos de guerra e as roupagens, a fim de apresentar e nessa linguagem emprestada. Assim, Lutero adotou a máscara do apóstolo Paulo, a Revolução de 1789-1814 vestiu-se alternadamente como a república romana e como o império romano, e a Revolução de 1848 não soube fazer nada melhor do que parodiar ora 1789, ora a tradição revolucionária de 1793-1795. De maneira idêntica, o principiante que aprende um novo idioma, traduz sempre as palavras deste idioma para sua língua natal; mas só quando puder manejá-lo sem apelar para o passado e esquecer sua própria língua no emprego da nova, terá assimilado o espírito desta última e poderá produzir livremente nela.”
Repeti a história de Marx para fazer um paralelo entre a decadência dos impérios (especialmente o romano) em comparação com um dos maiores impérios da história: o Império Americano. A Folha de São Paulo traduziu e publicou um artigo escrito por Rod Nordland diretamente de Cabul para o The New York Times que diz o seguinte: “Esta é uma guerra em que os empregos militares tradicionais, de cozinheiros a guardas de base e motoristas de comboios são cada vez mais transferidos para o setor privado. Muitos generais e diplomatas americanos têm guarda-costas empregados de empresas terceirizadas. E junto com os riscos vieram as conseqüências: no ano passado, pela primeira vez, mais funcionários civis de empresas americanas do que soldados morreram no Afeganistão.”
Nordland apresenta uma série de números e confirma que a mesma coisa está ocorrendo no Iraque. Mais “funcionários terceirizados” estão morrendo do que soldados do efetivo para a guerra. Em outras palavras estamos vivendo dois momentos: em primeiro lugar empresas se organizaram para terceirizar a guerra e segundo, isso é o velho e conhecido mercenário. Que guerreia por dinheiro, sem espírito maior do verdadeiro significado da defesa de sua tribo, seu povo ou sua nação.
O mais grave desta farsa americana é que como se observa a terceirização implica em mais mortes para as pessoas em ação. Em outras palavras, estão terceirizando a morte de jovens pobres recrutados por empresas que lucram com isso.
Tudo anda à frente - Emerson Monteiro
Estirar a mão e colher os frutos maravilhosos da existência, que esperam de todos melhores atitudes para serem colhidos em sabores doces inesperados. Acreditar, realizar, eis o modelo da transformação decantado ao fluir das caravanas silenciosas da geração infinita. A dor que ensina gemer. Nada há sem o esforço da luta. A resposta aos empenhos responde com sobra o suor que se derrama, às lágrimas com que se lavam a face...
Na missão de cada um o gosto dos hemisférios, o exemplo, a coerência e disponibilidade para as respostas.
Agora, que reveja esta conversa e tire dela o sabor da sua jornada. Aqueça os músculos e colha os frutos da existência que esperam ser colhidos. Acredite e realize, eis o modelo da transformação decantado ao fluir das caravanas silenciosas da geração mais infinita.
Saber de aspectos mínimos de recontar palavras em teclados de luxo e deixar escorrer no casco das horas tão só o silêncio de vozes caladas em noites mornas, pois dizer a quem sabe também conta. Porquanto os conceitos desfilam rápidos nas janelas de sóis imensos que gritam aos que falam, aos corações que abrem o senso e mudam para melhor, sempre, sempre melhor. Os vagões circulam nas linhas das letras e rasgam caligrafias no peito da emoção. Avisam, pedem, indicam e imploram o gosto do prazer de andar no caminho das maravilhas. O espírito da sinceridade, que olha os olhos da gente e celebra a divina consagração dos seres enquanto metas de si mesmos dos portais da felicidade plena.
Tarde Caririense - Por José Newton Alves de Sousa
Esse ouro que desce e, trêmulo, envolve a serra, essa luz liquefeita, óleo fulvo que alaga, esse claror em adeus, esse final de tarde...
Aqui o monte cisma, o gesto é de silêncio e os olhos, de todas as belezas saciados, bebem o sol, a paisagem, o infinito.
Oh luz do Cariri! Oh clara tarde! Oh sol!
O bater de asas sobre o vale em claridade!
Oh poentes de aurora!
A guerra não existe. O ódio eliminou-se.
Um do outro é irmão...
Por José Newton Alves de Sousa
Por Hilda Hilst
Porque tu sabes que é de poesia
Minha vida secreta. Tu sabes, Dionísio,
Que a teu lado te amando,
Antes de ser mulher sou inteira poeta.
E que o teu corpo existe porque o meu
Sempre existiu cantando. Meu corpo, Dionísio,
É que move o grande corpo teu
Ainda que tu me vejas extrema e suplicante
Quando amanhece e me dizes adeus.
Hilda Hilst
Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.
Hilda
A minha Casa é gurdiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência
E minha boca se faz fonte de prata
Ainda que eu grite à Casa que só existo
Para sorver a água da tua boca.
A minha Casa, Dionísio, te lamenta
E manda que eu te pergunte assim de frente:
À uma mulher que canta ensolarada
E que é sonora, múltipla, argonauta
Por que recusas amor e permanência?
Hilda Hilst
Rainer Maria Rilke
O mundo estava no rosto da amada -
e logo converteu-se em nada, em
mundo fora do alcance, mundo-além.
Por que não o bebi quando o encontrei
no rosto amado, um mundo à mão, ali,
aroma em minha boca, eu só seu rei?
Ah, eu bebi. Com que sede eu bebi.
Mas eu também estava pleno de
mundo e, bebendo, eu mesmo transbordei.
(Tradução: Augusto de Campos)
A paz das coisas esquecidas ...
Domingo molhado, fresquinho, pedindo comida fumejante, como um baião de dois com pequi.A preguiça dos dias de domingo ainda vive comigo... Ligo o som, e em cada música viajo no tempo, e reencontro muitos rostos dos meus afetos , passantes, ficantes, que mesmo distante, ainda estão incluídos. Abri uma caixa de fotos , e captei da memória muitas histórias de amor.
Bom mesmo é espreguiçar o corpo, relaxar, e não contar as horas, nem cumprir nenhum compromisso. Hoje é domingo, e eu só quero a paz das coisas esquecidas !
Domingo molhado, fresquinho, pedindo comida fumejante, como um baião de dois com pequi.A preguiça dos dias de domingo ainda vive comigo... Ligo o som, e em cada música viajo no tempo, e reencontro muitos rostos dos meus afetos , passantes, ficantes, que mesmo distante, ainda estão incluídos. Abri uma caixa de fotos , e captei da memória muitas histórias de amor.
Bom mesmo é espreguiçar o corpo, relaxar, e não contar as horas, nem cumprir nenhum compromisso. Hoje é domingo, e eu só quero a paz das coisas esquecidas !
Nosso primeiro beijo - por Socorro Moreira
Não aconteceu.
Nem pode acontecer,
apesar dos olhos fechados,
do coração batendo,
e a sensação do que pode ser.
Como acontecer ?
Nos sonhos,
na forte intenção,no doido desejo?
Eu sonhei tanto
com o primeiro beijo ...!
O peito resvala um suspiro
A boca úmida engole o motivo
E eu solto um bocejo,
na procura de um beijo...
e os teus olhos piscam !
HINO AO CARIRI - José Augusto Siebra
![]() |
VISÃO DA JANELA DO PADRE ÁGIO-por Ulisses Germano |
No Cariri tudo é belo
Tudo é galas e primores
É belo no sítio ameno
... Ver-se flores multicores.
É belo o cantar das águas
Que vem de encontro à pedreira
A brisa a gemer nas folhas
Da majestosa mangueira.
Soluça a patativa
Na folha da bananeira
A juriti tão saudosa
Chamando a companheira.
Vê-se a beleza que tem
Os grandes canaviais
O canto dos passarinhos
Na fronde dos laranjais.
Ouve-se o rumor nas folhas
Do coqueiro pelo vento
Fitar os círios eternos
Que habitam no firmamento.
Que primavera meu Deus
Desponta no mês de abril
Maio, um altar a Maria
Coberto de flores mil.
Eu como sou filho desta
Terra cheia de delícias,
Quero viver no seu seio
Gozando suas carícias.
HINO AO CARIRI - José Augusto Siebra
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