Em algum
momento e lugar,
De um
passado deixado,
Vulgar perda,
ato desleixado,
Minha pele
suada esqueceu-se
No espaldar
da peça junto à cama,
Naquele lago
de farta despesca,
Peixe
tratado, salgado, ao sol,
Tato a seiva
e apenas é ressecada,
Múmia centenária na poeira da praia,
Sentimento
desidratado no banco da praça.
No cimo do
Alto Alegre,
Rota de fuga
das dunas de soterramento,
Desta vila
perdida na planície desbragada,
Onde a
cavalgada de areias deixa montes,
E minhas
pernas bambas e apavoradas,
Carregando cacos,
garfos e teréns,
Vai além da
enseada que me fez porto,
Escondendo-se
na curva o topo dos mastros,
Apaziguando-me
as palmas de coqueiros marinhos,
E meus pés,
então, se molham na travessia do riacho.
E, agora,
onde via ondas quebrando na praia,
Apenas ouço
o barulho do mar,
Tudo se
tornou uma belíssima e ampla paisagem,
Abraço
continental da visão em panorama,
O que era
embarque se tornou verde esmeralda,
Empuxo de
marés é apenas quebradas franjas brancas,
O horizonte
que alinhava mais acima da areia,
Foi rebaixado
além do terceiro degrau da escadaria,
Desta
escadaria onde meus músculos de esticam e retraem,
Para que,
novamente, molhe meus pés no mar.
Sonhador,
tenho o horizonte das alturas,
Onde dele
uma misteriosa luz toma o céu,
Nasce lua
como um plano de eventos a acontecer,
Pelo qual
permaneço no banco da praça,
Sem planos
próprios a não ser aqueles da lua,
Seu risco
luminoso, cinético arranjo em claros e sombras,
A cada passo
no céu e visto-me com nova epiderme,
Hidratando-me
com os humores da lua e estrelas,
Que criam o
céu de pontos brilhantes com espaços alados,
Levando-me a
algum lugar no futuro.