LUTAR PELO DIREITO À SAÚDE
Na 3ª Conferência Nacional de Saúde tinha-se as condições socioeconômicas
como determinantes da saúde pública. A construção de estratégia de Povo, Nação
e Estado. Pela política que pudesse enfrentar contradições (obstáculos) e as
lutas de classe que sustentam tais condições.
Nos anos 50, a partir dos países centrais, um novo fenômeno
aconteceu, com a veloz e onerosa incorporação tecnológica à saúde. Após o
chamado Complexo Industrial Militar capturando o financiamento estatal (da
sociedade), o mesmo modelo de financiamento aconteceu com o Complexo Industrial
da Saúde.
A natureza destes complexos é sua sofisticação estratégica
agindo psicologicamente sobre o Povo (marketing amplo), o Projeto de Nação
(divisão de classe e bem de serviço) e capturando o Estado (onerando estruturas
operativas e procedimentos).
Sistema Único de Saúde tem a ver com o princípio da
universalização, mas guarda uma datação que foi a junção do antigo Ministério
da Saúde com o INAMPS. Ao mesmo tempo a privatização da atenção nas empresas,
evoluindo para a Medicina de Grupo e depois para o modelo de Planos de Saúde. Já
começamos 1988 com a porta para a ruptura do direito social de acesso universal.
O que resultou disso? Uma forte captura do Estado e uma
divisão ideológica na Saúde Pública, onde as forças indutoras se encontram no
Complexo Industrial da Saúde. Isso levou a um encaminhamento de “negócios” e “modelos
de negócios” que perpassa todo o aparelho formador (graduação, pós-graduação,
residências, etc.), congressos e sociedades de especialistas e profissionais; as
agências reguladoras (ANVISA e ANS) e o setor de compras do SUS e de incorporação
de tecnologia (Fundos de Saúde, Conselhos e Conferências).
A Agenda do Senado para o Governo Dilma, com leveza de
manchetes na Rede Globo, é a persistência e a garantia que o modelo vigente não
sofrerá interferência da sociedade e tampouco do Estado. Este é o debate desta
especificidade no financiamento da saúde.
Falta, especialmente vindo da academia e dos partidos
políticos, um debate que unifique toda a luta da Saúde Pública, compreenda os
mecanismos de ação dos agentes do Complexo, que supere estas contradições e
retorne ao princípio do primado da sociedade sobre a particularidade de interesses
meramente financeiros. Que o avanço tecnológico seja mais redistributivo em
sentido amplo, inclusive na distribuição de seus lucros e com a mudança nos “modelos
de negócio”.