por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Nosso livro !
Paul McCartney
Pensamento
em deixar um planeta melhor para nossos filhos...
Quando é que se 'pensará'
em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"
Mostra de cinema e vídeo- 13 a 18 de junho de 2011
música
cantam ou é barulho de água
nas pedras de um riacho
que passaria entre as mãos
não fosse tão grande
o lugar que fabrica solidão
pássaro ou gente
um canto onde
em cada canto se esconde
semente de solidão
a solidão se abre
maior do que a vista alcança
deserto que não sabe
quando começa e acaba
a música vai para perto
de quem acredita
na real possibilidade
de romper as arestas
desse deserto
cada vez mais perto
apertando por todos os lados
acabando com nossas conversas
qualquer um pode caminhar
nessas areias sem vê-las
tão duras, pode ouvir esse canto
sem saber de onde vem
para onde vai nem quando
voltará ondulando ondulando
num dizer om shanti shanti om
As mudanças de Generéia

As transformações apareceram de forma insidiosa, assim como o cupim destroçando pouco a pouco uma biblioteca. Quando Matozinho, muitos anos depois, olhou para trás é que percebeu a inexorável ação do tempo. Não só a vila havia pouco a pouco mudado seu leiaute – bastava ver as antigas fotos do lambe-lambe Zèzinho do Papouco – os costumes tinham ido junto. Certamente a chegada da televisão foi um dos propulsores daquela reviravolta. Depois da TV , Matozinho nunca mais foi a mesma. Travestiu-se de ares modernosos embora, no fundo, ainda permanecesse profundamente provinciana. As mocinhas já não mais aceitavam roupas de costureira, queriam as pré-fabricadas com os últimos modelitos das novelas. E os adereços seguiram a mesma tendência: nada mais de gigoletti, de travessa no cabelo e de cara sem maquiagem. Até as velhas já ousavam abandonar os véus, os califons, as combinações e as anáguas. Os rapazes já se espelhavam nas bandas de rock e comentava-se que até mesmo alguns baseados já muitos tinham experimentado. E de nada adiantava o sermão do padre, o esporro dos mais experientes: o mundo velho estava perdido no mato e sem cachorro. Os matozenses recobriram-se de um ar de fidalguia, como se a vida de todos houvesse saltado de uma novela: cada um passou a se achar mais importante que o outro e estabeleceu-se uma epidemia de pabulagem desenfreada.
E foi exatamente nesta época que D. Generéia , que morava no centro, resolveu mudar-se para uma outra casa, numa rua mais afastada. O marido havia perdido uma sinecurazinha que mantinha na prefeitura e a coisa apertara. Viu-se Generéia numa sinuca de bico. Primeiro não podia passar por baixo ( e isso lá era papel de atriz de novela!) e aceder que saía por pura liseira e , mais, que estava se mudando para uma casa mais pobre sita num cuvioco , próxima à famigerada Rua do Caneco Amassado. Uma notícia dessas não carregava nenhum glamour, nem era digna de um script de mini-série. Espalhou, de peito aberto, que havia sido recomendação de Janjão da Botica, uma tentativa, de mudando de clima, melhorar a asma feroz e o chiado de peito de que Generéia assumiu ser acometida. “É uma questão de tempo, vou mais prá veranear e quando voltar não venho morar perto dessa rafaméia aqui, não, já estamos pensando em fazer um palacete na nossa chácara no pé da serra da Jurumenha” , disse uma Generéia orgulhosa e cheia de si , com cara de Odete Roitman.
Após a enfática declaração de Generéia, pulou no meio do terreiro um outro problema: a mudança. É que não existe neste mundo de meu Deus uma coisa mais desmantelada que mudança de pobre. Imaginem uma carroça repleta de cacarecos velhos, soltando , como uma medusa, perna prá tudo quanto é lado. E mais: tendo que ser providenciada em várias viagens, durante o dia, já que no escuro não há nenhuma condição de se fazer o translado. É como se , de repente, a família expusesse suas entranhas à execração pública. A necessidade de uma mudança com essas características, certamente contradizia os atuais padrões globais da cidade de Matozinho. Se ao menos houvesse um caminhão baú, levando os teréns tudo entocado no breu da madrugada! Mas carroça!
Manhãzinha chega o carroceiro “Paçoca” com sua carrocinha, acompanhado de uns três moleques para assessorar no penoso mister. Os vizinhos observavam de longe, mantendo distância regulamentar, esperando de dentes e língua afiados, o momento de pinicar o oratório da pábula companheira de rua. Generéia postou-se na janela e começou a irradiar a mudança, em voz alta. Era uma desesperada tentativa de minorar um pouco a caótica visão dos cacarecos dependurados, utilizando alguns recursos da publicidade. Quando “Paçoca” pegou a Tevezinha preto-e-branco de umas quatorze polegadas, Generéia gritou para que todos ouvissem:
--- Meu povo ! Cuidado com a TV de Plasma !
Logo depois, os assessores recolheram os brinquedos dos filhos e colocaram numa caixa de sapato : uma peteca, duas bolas de gude, um triângulo, uma carrapeta e um pião. Quando traziam para a carroça, Generéia alarmou:
--- Epa ! Cuidado prá não quebrar o Videogame dos meninos, viu?
Quando “Paçoca” pegou a chaminé do fogão de lenha, repleta de pucumã e arrumou aquele cone preto retinto no meio da carga, Generéia saltou de lá e alarmou:
--- Preste atenção, seu Paçoca ! Vê se não arrebenta minha coifa, joviu?
Logo depois, os três moleques, com uma dificuldade imensa, pegaram a jarra de barro cheinha de água e, cambaleando pelo peso, começaram a levar até à carroça para colocar em cima da cantareira que lá já estava acomodada, com uns quatro canecos pendendo pelas beiras. De repente, o pote liso escorregou e lascou-se no chão. Foi água para tudo quanto é lado. Do outro lado da rua, Zé Fubuia que observava tudo: o fato e a versão bradou a todos pulmões:
--- Acode minha gente ! O Gelágua de Generéia partiu-se no meio !
J. Flávio Vieira
Sonhos de liberdade - Emerson Monteiro

De leve...
Ajustes na Programação da I Mostra Crato de Cinema & Video

17/06/11 ( Hoje- Sexta -Feira)
19:00 H
- Curta "O Cinematógrafo Hereje" de Jefferson Albuquerque Jr.
18/06/11 ( Sábado)
17:00 H - Exibição de Longas
- Longa - "Sargento Getúlio" de Hermano Penna
-Longa- "Padre Cícero" de Hélder Martins
FOTÓGRAFO ZEKA ARAUJO - UM TRANSGRESSOR DA MODERNIDADE? - José do Vale Pinheiro Feitosa
Dia mundial de combate à desertificação e à seca - Por José de Arimatéa dos Santos
Manter a mensagem e o debate - José do Vale Pinheiro Feitosa
Um sobrinho executivo das Tias High-Tech - José do Vale Pinheiro Feitosa
Clube do Cariri - por Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes
LAMARTINE BABO - por Norma Hauer
Hoje completam-se 45 anos do falecimento de um grande ídolo do rádio e das composições brasileiras : LAMARTINE BABO.
Nascido em 10 de janeiro de 1904, viveu apenas 59 anos mas produziu muito.
Deixarei para falar mais sobre ele na data de seu nascimento.
Hoje quero relembrar sua importância ao compor hinos para os clubes cariocas
O Flamengo era o único clube que possuía um hino, composto por um “flamenguista” doente: Paulo de Magalhães, mais teatrólogo do que compositor.
Lamartine, ao contrário, criou hinos para todos os clubes que disputavam o então campeonato carioca.
Fê-lo quando ainda pertencia ao cast da Rádio Mayrink Veiga, mas denominou-os marchas e não hinos.
Infelizmente o do América, exatamente o seu (e o meu) clube, é cópia de uma melodia americana (não do clube,mas dos Estados Unidos)
Como os hinos dos grandes clubes são bastante badalados, aqui vão parte das letras que me recordo dos do Bangu e do Madureira:
Hino do Bangu (parte)
"Em Bangu se o time vence há na certa um feriado,
Comércio fechado.
A torcida reunida até parece a do Fla-Flu
Bangu, Bangu, Bangu..."
Hino do Madureira(parte)
És Madureira, nosso castelo,
A nossa paz mundial...
Oi, salvem os muitos anos,
Dos tricolores suburbanos."...
Sílvio Caldas gravou os hinos do Vasco e do São Cristóvão; a Jorge Goulart (vascaíno) coube os hinos do América e do Madureira.
Jorge Goulart contou-me que ele falou ao Lamartine:"Você sabe que sou vascaíno e deu o hino de meu clube para o Sílvio Caldas..." Lamartine respondeu "Darei a você o mais bonito, o do América, meu querido clube”. E o deu para Jorge Goulart.
Só que como afirmei acima, a música do hino do América é cópia perfeita de uma música dos Estados Unidos, que fez parte da trilha sonora de um filme, cujo nome não me recordo.
Posteriormente, houve regravações de todos os hinos, mas na época coube a Lamartine escolher os cantores que os gravariam.
É pena não haver escolhido Carlos Galhardo (que era torcedor do América) para gravar o hino de seu clube.
Norma
A Dama de olhos azuis- por Socorro Moreira
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Dona Alda, Dona Anilda e Dona Almina |
Desde criança conheço aquela moça.
Intimidava-me a sua elegância, o porte de nobresa.
Corria da conversa, da aproximação.
O casarão de esquina, bem perto das minhas moradas.
O Jardim da casa, palco dos meus contos de fada.
Tenho quebrado a distância.
Ontem entrei no seu quarto.
Tudo lindo, tudo em ordem, tudo em paz.
Na semi inconsciência , seus olhos acordaram
para um breve reconhecimento.
Perguntou meu nome...
Respondi, e ganhei o mais valioso dos sorrisos.
Depois, a contínua pergunta :
Tá chovendo muito grosso?
Preciso voltar pra casa...
- Caíra outra vez, num instante da eternidade.
Ela Educadora , deixou-me um traço forte de precisar fazer, sendo a simplicidade .
Postado por socorro moreira às 06:25 2 comentários
A poesia de Ana Cecília S.Bastos
Que escolha é essa?
Cantiga azul - por Stela Siebra Brito
LEITURA - POR EVERARDO NORÕES
Peregrina - por Stela Siebra Brito
Coisas da poesia - por José Carlos Brandão
O bule de café fumega no fogão.
O queijo frige na palha de milho.
A polenta na frigideira.
Na panela de ferro a banana são-tomé.
A velhinha sorri para mim.
O picumã pende do telhado.
O fogo crepita com a lenha verde.
Eu olho as estrelas entre as labaredas.
Um sapo de castigo num canto da parede.
Um caranguejo toma sol no quintal.
Havia um cheiro de mato
E um cheiro de pão no forno.
A minha língua era torta.
Coisas da poesia.
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por José Carlos Brandão