por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
quinta-feira, 15 de março de 2012
COISAS DA VIDA - por Rosa Guerrera
Tive que viver muitos anos
para aprender que :
O Tempo é sempre um clandestino
dentro de cada um de nós.
Que a maioria dos sonhos são apagados
com o passar das estações.
Que amores vem e vão num piscar de olhos
Que saudades permanecem onde não deviam permanecer
Que a infância está num tempo sem volta.
Que o coração se arrebenta dentro de vários sentimentos,
Que morrem nossos pais ,
Nossos colegas nos esquecem
Que o nosso sorriso é emoldurado por rugas
E que finalmente envelhecemos .
Seria bom que ao iniciarmos essa aventura chamada vida
Tivéssemos conhecimento das muitas alegrias
E dos inúmeros sofrimentos que marcariam a nossa estrada
Talvez fossemos mais humildes,mais sinceros,
Menos egoístas,mais crentes , e mais justos.
Mas o lamentável é que a maioria de nós
mesmo consciente dessa verdade
Ainda insiste não viver o amor em toda a sua plenitude .
Nosso irmão o jumento II - Emerson Monteiro

—O asno hoje só serve para causar acidentes na estrada — diz o secretário-adjunto de Agricultura do Rio Grande do Norte, José Simplício Holanda.
Em matéria publicada no site O Globo – Economia, princípios de março de 2012, agora são os chineses, os quais já abatem 1,5 milhões de burros ao ano, e quererem importar 300 mil jegues brasileiros para alimentar a população daquele país descomunal. Voltou à tona assunto de tempos recentes, quando eram os japoneses que dizimavam o jumento e seu abandono nos círculos ambientais dos automóveis predadores. Os animais vadios não ofereceriam mais razão segurança às estradas e crise fatal os submetia a sofrimentos e desesperança.
De novo a imagem de Padre Antônio Vieira, o escritor cearense que advogou a espécie que ajudara sobremaneira o desenvolvimento do Sertão nordestino, carregando barro, tijolos, telhas, propiciou a construção de açudes, barreiros, estradas, indiferentes ao açoite e aos achincalhes com que lhe retribuíam a paciência e o trabalho profícuo.
As justificativas infelizes argumentam que ele, manso dos pecados ocidentais, nada possui no sangue que o engrandeça e credencie como filhote da biologia latino-americana, porquanto viera nas caravelas das conquistas, exterminadoras de índios e extrativas das riquezas originais.
Tudo indicava que chegaria o sonhado aposento dos muares, que saiam vagando pelas mangas e estradas, jogados ao léu da sorte, desocupados, comendo o que achassem e alheios aos vôos da tecnologia dos asfaltos.
Quem alimentou os avanços dos outros virou só entulho. E de quebra pôs em risco a segurança dos usuários de transportes, em razão da velocidade das máquinas e do abandono a que foi relegado após o ostracismo em que caiu...
De história modesta e sem graça, ainda que detidos para averiguações, os jegues terminam sua longa jornada, que começou no Oriente suntuoso, de jeito melancólico.
De certeza, dos campos em que passeia na eternidade, Padre Vieira se indigna perante este crime da sobrevivência chinesa contra o jumento, o qual incluiu com amor na família dos humanos. Antes, se levantou com tamanho furor na sua defesa que conseguiu suspender o morticínio da sanha perversa dos matadouros. Agora, há pouca chance de outros defensores tão dedicados produzirem resultados equivalentes.
Essa espécie dócil, servidora, inofensiva, torna-se, desse modo, símbolo da mesma ingratidão que sofreu o operário fiel da gleba, pau para toda obra e pretexto das soluções apetitosas na boca feudal dos fartos coronéis de barriga cheia.