Figuras animadíssimas do Bloco das Virgens do Cratinho de açucar!
por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
sábado, 5 de março de 2011
Nossa cordelista cratense, Bastinha Job, visitando o Azul Sonhado!
A linda canção guerreira
pentassílabo, cada verso
encerra o universo
de quem, numa vida inteira
levantou uma bandeira
de liberdade inteirinha
versou, rimou cada linha
e ULISSES registrou
"Patativana" eu sou
Muito obrigada, Bastinha
Bastinha Job
E já é carnaval! - Por José de Arimatéa dos Santos
Pelo Brasil a fora a grande folia do carnaval já começou. Na verdade o carnaval começou já na passagem de ano e não parou. Agora é oficial e Salvador, Recife/Olinda e o Rio de Janeiro a festa já está quente. Agora tudo é alegria nos quatro cantos desse imenso país e no mundo inteiro, pois o carnaval é uma festa universal e povos do mundo inteiro comemoram à sua maneira. Mas aqui no nosso país verde amarelo é que a folia se reveste mais de alegria e colorido, sem falar na grande miscelânea que é essa festa tão brasileira. E mesmo quem não participa tão efusivamente do carnaval sente o clima mais alegre e festivo. Dessa forma os dias de carnaval deixam as cidades do Brasil inteiro no ritmo de samba, axé e frevo, sem falar nas cidades que o carnaval é também forró, rock e música instrumental. Tem também o maracatu e folias que remontam ao período colonial. Todas as manifestações acabam se juntando e deixando toda uma nação em êxtase em que tudo para e o povo possa se deliciar com a dança, desfile das escolas de samba, blocos e cordões. Sem sombra de dúvidas é a festa mais democrática que existe na face desse planeta. Podemos acompanhar o carnaval pelo rádio e sua músicas carnavalescas e marchinhas sempre tão modernas e inovadoras. Pela televisão vemos o brilho das grandes escolas de samba de São Paulo e principalmente do Rio de Janeiro com seus passistas que são um brilho à parte e o luxo de todo o desfile. Mais luxo ainda, acredito, é para quem tem o privilégio de assistir tudo isso ao vivo e presente lá na avenida, no sambódromo. Tem também o carnaval de Salvador e seus trios elétricos que puxam multidões pelas ruas da capital baiana.
Por ser caririense e o cariri cearense tem uma queda bem especial pela capital pernambucana, dedico um parágrafo especial ao carnaval pernambucano. Ou ainda por preservar de certa maneira aquele carnaval bem brasileiro do povo na rua e praticamente ser uma festa do povo. E nesse quesito, palavra bem usada por essa época, Olinda e Recife e seus grandes bonecos, além do maracatu e demais folias fazem do carnaval de Pernambuco na minha opinião o melhor do país. Acredito que seja devido a brasilidade tão característica e presente nos festejos mominos. E Recife e Olinda se transformam em cidades em que os festejos carnavalescos sejam tão especiais.
E como já estamos verdadeiramente no carnaval é lei a alegria e o divertimento. Mas com muita responsabilidade nos quesitos saúde, trânsito e respeito para com o nosso semelhante. Porque uma coisa é certa e no calendário de todo ano aparece lá no mês de fevereiro e às vezes março que tem carnaval. Então, é muito importante se divertir e se cuidar. Que a paz seja a tônica no carnaval e demais dias do ano. Assim, a brasilidade do carnaval deixa sempre o saldo positivo de alegria e respeito para o restante do ano.
Tempo das águas - Por José de Arimatéa dos Santos
Olho pela janela
E vejo um tempo a mudar
Nuvens negras pairam no horizonte
Antes um dia de sol a brilhar
Parecia mais quentura
Mas o clima nesses tempos
A toda hora pode mudar o seu humor
Parece está vindo novas chuvas
Chuvas que alegram as plantas
Fazem os rios mais cheios de vida
Que continuem as chuvas mais calmas como estão
É março!
E suas águas!
ADEMILDE FONSECA- Por Norma Hauer
Ademilde Fonseca nasceu no dia 4 de março, no interior do Rio Grande do Norte; quando tinha 4 anos sua família mudou-se para Natal, onde residiu, casou-se e veio para o Rio de Janeiro em 1941. Já no ano seguinte (1942) se apresentou no programa Papel Carbono, de Renato Murce.
No mesmo ano, acompanhada pelo regional de Benedito Lacerda interpretou, durante uma festa, o choro "Tico-Tico no Fubá", de Zequinha de Abreu, com letra de Eurico Barreiros.
Até então, choros, de um modo geral, não tinham letras; eram apenas musicados.
Benedito gostou tanto de sua interpretação que tomou a iniciativa de levá-la aos estúdios da gravadora Columbia, na época dirigida pelo compositor João de Barro (Braguinha).
Em agosto desse mesmo ano gravou seu primeiro disco, um 78 rotações tendo na face A o chorinho “Tico-Tico no Fubá” e na B o samba “Voltei p’ro Morro”, de Vicente Paiva, antes gravado por Carmen Miranda.
Gravou também, o samba “Racionamento”, de Humberto Teixeira e Caio Lemos. Esse samba se relacionava com o racionamento de gasolina, açúcar, carne.. que o país viveu no tempo da guerra.
A partir daí, passou a ser conhecida como a “Rainha do Chorinho” . O mais interessante é que ela cantava tão rápido , fato que outras tentaram imitar, mas não conseguiram. Era incrível (e ainda é) como tinha facilidade de cantar rapidamente, sem errar ou perder qualquer palavra.
Em 1943 foi contratada pela Rádio Tupi, atuando com o conjunto de Rogério Guimarães.
Em 1945 gravou seu maior sucesso : “O Que Vier eu Traço”, de Oswaldo Medeiros e Zé Maria. E, em ritmo de choro, a tradicional polca (ainda dos anos 10) “Rato”, de Claudio da Costa e Casimiro Rocha.
Em 1950, sua gravação para “Brasileirinho”, de Waldir Azevedo e “Teço-Teco”, de Milton Vilela e Pereira da Costa foram grandes sucessos, depois de ter ficado algum tempo sem gravar.
Em 1952, acompanhada da orquestra Tabajara fez uma temporada na frança, participando, em Paris, de um espetáculo produzido por Assis Chateaubriand.
A partir de 1954 passou a fazer parte do elenco da Rádio Nacional, que era o sonho de todos os artistas da época.
Em1958 gravou um LP de nome “A La Miranda”, com músicas do repertório de Carmen e da autoria de Assis Valente,como “Uva de Caminhão”; “Recenceamento”... e em 1959, regravou “Na Baixa do Sapateiro”, de Ary Barroso.
Continuou sua carreira, até que em 1961 excursionou pela Espanha e Portugal. MPB
MAR
Em 1997 ela, com as colegas “Carmélia Alves, “Ellen de Lima, Nora Ney, Rosita Gonzáles e Violeta Cavalcanti, criaram um conjunto a que deram o nome de “As Eternas Cantoras do Rádio”.
Esse conjunto participou de teatros e rádio e começou a se desfazer com a saída de Nora Ney, por motivo de doença e Rosita Gonzáles, que faleceu na época.
Hoje elas continuam cantando, mas separadamente. Exceção de Violeta Cavalcanti que se encontra gravemente doente.
Em 2010 apresentou-se no Clube Militar em um espetáculo idealizado pelo cantor Jorge Goulart.
Todos os anos (e repetirá este ano, com 90 anos) canta músicas tradicionais do carnaval, em um tablado montado em frente à Câmara dos Vereadores , na Cinelândia, que de Cinelândia não tem mais nada.
Norma
MAIS DE UMA VEZ - por Ulisses Germano
Já te falei
Mais de uma vez
Eu amo tu
Sem falsidez
Eu vim de ti
E tudo vi
E já sofri
Mais de uma vez
Eu já cantei
Mais de uma vez
Você bem sabe
Você me fez
De onde eu moro
Agora eu choro
Sem ver você
Mais de uma vez
UM CANTO PARA O PATATIVA DO ASSARÉ - Por Ulisses Germano
Meu primeiro e único contato com o Patativa do Assaré foi no Iguatu. Ainda menino, ele me pediu para que eu comprasse uma fanta laranja. Naquela momento eu não tinha noção de sua grandeza. Ouvindo o documentário feito por Bola Bantim abaixo me veio a inspiração de escrever alguns versos para um homem que poderia ser a redenção de nosso sertão se fosse lido e apreciado na sua inteireza ética e poética. Gostaria de dedicar estes versos que escrevi para Pativa do Assaré a uma das poetisas que eu mais admiro no Crato: Bastinha Job.
I
Um dia na vida
Sentindo saudade
Da minha cidade
Que um dia deixei
Fui ler Patativa
Poeta que ativa
O canto da mata
Que fez dele um rei
II
Poeta divino
Tu cantas do alto
E num sobressalto
Um sonho firmou
A tua grandeza
É a tua pureza
Tu olhas pra baixo
Pois já se elevou
III
Com a tua partida
Pra outro roçado
Um verso alado
São Pedro ouviu
E sem mais demora
As portas se abriram
E os anjos sorriram
Com a imagem que viu
Patativa do Assaré !
Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré (Assaré, Ceará, 5 de março de 1909 — 8 de julho de 2002), foi um poeta popular, compositor, cantor e improvisador brasileiro .
Refletindo...- por socorro moreira
Refletindo...
Filha de professora primária , brincar de escola foi meu entretenimento, desde a mais pequena idade. Quando fui crescendo antevi outras possibilidades, e decidi que não seria professora.
Por carma ou vocação natural, o magistério me remunerou , pelas primeiras experiências profissionais. Tornei-me professora, circunstancialmente, aos 16 anos de idade. Faltava gente pra ensinar Matemática, e eu me atrevi a desempenhar o papel.
Acabei casando com um professor, e fui sobrecarregando aos poucos minha carga horária de trabalho. Não rejeitava a profissão, conseguia vivê-la com entusiasmo, mas intimamente sonhava com o exercício de uma outra atividade. Chegou meu tempo de bancária, pinçando-me das salas de aula, e aos poucos fui perdendo minha performance como mestra, e afastando-me do convívio/ vida com os meus pupilos. Hoje reconheço que foi uma das grandes perdas da minha vida. Compensada por outras aprendizagens, mas de certa forma , irrecuperável..
Se eu pudesse começar tudo de novo, seria Jardineira. Alfabetizaria , ensinaria as quatro operações , e desenvolveria o raciciocínio lógico da meninada.A energia para determinadas tarefas foi minada. O tempo tem um papel inexorável !
Que fazer , quando se tem a certeza da nossa real vocação, depois de tantos anos vividos?
Nascer de novo, como professora primária?
Isso, se a nossa vida enfrentasse mais vidas. As oportunidades são finitas, como tudo na vida. Dizem que a roda é dinâmica, não para seu giro, e tudo volta, porque nada deixa de existir.
Eu agradeço àqueles que me ensinaram tanto, e me desculpo diante do meu papel incompleto, como professora. Certamente não realizei uma troca equânime .
Dei uma saidinha na noite pra conversar com amigos, e lembrei que esta data não poderia passar sem uma explicação, pelo menos pra mim mesma. Importante abraçar o desdtino Desenvolver aptidões naturais, seguir o curso dos desígnios interiores. Ainda aprendo , ainda repasso, ainda gosto de ser estudante!
Um abraço de carinho nos mestres e colegas da minha vida , como Dr. Zé Newton e Dona Rute, Rosineide, Magali , Stela, Walda, Joaquim,Ismênia, - os mais próximos de mim !
Bem dizia minha mãe : a gente aprende , ensinando ! Eu deixei de aprender ...Mas concordo com essa verdade maior , e abro o meu coração para a maior e a mais difícil de todas as aprendizagens : dar e receber amor
Apenas em sonhos...- por socorro moreira
Sou declarada.
Sinceridade
nada esconde
e quando silencia
revela-se !
Apreços,
indiferenças,
calor e gelo...
Sou assim !
Renasço,
morro,
fico cheia de vida,
e sinto saudades
do que não tenho
Tenho um amor abrangente,
em forma de gente,
que não sai de mim !
Ontem sonhei
com esse moço
jogando bola
com alguns garotos
Aí, pensei :
que faz por aqui,
se o tempo já correu de si ?
Ele nada disse
Não enxergou meu olhar vadio
Brincou e molhou a camisa
num riso infantil
Pode agitar meu campo
Sinta-se livre
Drible o sonho e a vida
No placar final
somos do infinito.
.
SOS poesia (para Pachelly)
Abril , primaveril
Chove na cabeleira do milho
Canjica doce , espiga o meu juízo
Lambuzo os dedos , no tacho do meu vício !
Um SOS ...
Só, quando só nos sentimos,
e o a sós, ideal de companhia,
fica cheio de nós.
Nós : eu, você , e afins
Sempre raros ...
Ainda sonhamos nos nós ,
que estragam punhos !
(socorro moreira)
O leitor e a bibliotecária - por Ronaldo Correia de Brito
Na cidade do Crato, no Ceará, onde vivi parte da infância e adolescência, havia uma biblioteca municipal. Ou seria diocesana? Também não sei aonde foi parar o acervo que marcou tão profundamente minha meninice pobre de livros. O prédio da biblioteca não existe mais; no local funcionam um bar e lojas de bugigangas. Embora o acervo literário fosse deplorável, quase todo formado por livros católicos mal impressos e muito velhos, acho que a troca de uma biblioteca por um comércio nunca é feliz. Já existem bares em excesso nas cidades brasileiras.
Imagino que sou a única pessoa do mundo que leu a coleção Grandes Romances do Cristianismo, de que fazem parte títulos como Perseguidores e Mártires, Quo Vadis?, Otávio, Papai Falot, Ben-Hur, Os últimos dias de Pompéia, Os noivos e por aí afora. Na falta de livros melhores, eu mergulhava nessas narrativas lacrimosas, escritas para arrebanhar os espíritos rebeldes, transformando-os em almas piedosas. Afora esses livros exemplares, havia a biblioteca de um primo, com a melhor literatura universal: só que todos eles estavam parcialmente devorados pelos cupins e pelas traças. Dessa maneira, minha formação ficou cheia de hiatos. Nela, faltam muitas páginas, capítulos inteiros, começos, meios e fins.
Não sei por arte de que nigromante os insetos não comeram uma única página, uma lombada sequer, nem mesmo o parágrafo mais insignificante das obras completas de Machado de Assis, José de Alencar e das crônicas de Humberto de Campos. Dessa forma, até os quinze anos eu já lera todos esses respeitáveis senhores, de cabo a rabo, tão bem lido que nunca mais voltei a eles. Minto: jamais consegui atravessar Guerra dos Mascates, do meu conterrâneo cearense, e sempre releio os contos de Machado. Humberto de Campos, confirmando a transitoriedade do sucesso, anda esquecido. Ninguém lembra que ele foi o autor brasileiro mais lido há algumas décadas, um fenômeno nacional parecido com Paulo Coelho. Sem a auto-ajuda, claro.
A Biblioteca Municipal era pouco freqüentada e a bibliotecária passava a maior parte do tempo fazendo crochê ou rezando num terço de contas azuis e brancas. Creio que o seu interesse pela leitura não foi além das orelhas e prefácios. Dessa forma, ela construiu um conhecimento de superfície sobre o pequeno acervo, quase sempre doado, o que me leva a supor que se tratava de refugo, aquilo que as pessoas têm em casa e não apreciam. Nunca tive notícia de uma aquisição feita pela prefeitura da cidade, da compra de um pacote de bons livros. Quando completei catorze anos, deixaram que eu tivesse acesso à biblioteca da Faculdade de Filosofia e aí conheci livros melhores.
A bibliotecária pertencia à irmandade das Filhas de Maria, vestia-se de branco no mês de maio e usava uma fita azul no pescoço com uma imagem em prata de Nossa Senhora. Ela sempre me pareceu ingênua, boa e feliz. A necessidade de um emprego colocou-a no lugar de bibliotecária, sem vocação ou preparo para isso. Nossa amizade se deu por eu ser apaixonado pelos livros. A devoção que ela punha nas rezas eu colocava nas leituras. Diante de um menino deslumbrado por objetos de que ela cuidava sem maior convicção, sentia-se tocada. E era sincera quando me apresentava um título que acabara de chegar, uma nova doação. Esse é bom, dizia sem haver lido. Esperando que eu retornasse para a devolução com um resumo da obra e comentários que respeitavam sua fé católica.
Talvez um bibliotecário de grande erudição, culto e arrogante, tivesse me inibido. A bibliotecária modesta, com seu fetiche pelos objetos livros e sua admiração pelo menino leitor, me seduziu para a leitura. Ela me olhava invejosa e seus olhos confessavam: Ah, se eu tivesse coragem de atravessar esses dramas! Mas sua formação católica, de um catolicismo popular e singelo, reprimia vôos e fantasias, mesmo em romances que pareciam inventados por sugestão de Roma.
Quase todas as vezes em que voltava ao Crato, passava em frente à casa da bibliotecária. Nossa conversa não se mantinha por mais de dez minutos. Eu temia que a qualquer momento ela sacasse a sugestão de um novo romance. Mas o catolicismo anda em baixa e livros edificantes de escritores como Paulo Coelho tendem para o ecumenismo e o paganismo. A bibliotecária já não possui biblioteca, nem leitores a quem cativar.
Ela sabia que o menino curioso se tornara médico e escritor. Talvez desejasse ouvir um agradecimento que só agora faço: obrigado pelos livros que você me colocou nas mãos. Por mais estranhos que eles me pareçam hoje, contribuíram para me fazer leitor. Tomara que os santos em que você acredita lhe dêem no céu uma pequena biblioteca, com livros que você poderá nunca ler, mas com certeza amará, abaixo de Deus.
Ronaldo Correia de Brito
Por Corujinha Baiana
Livros: Cristais partidos (1915), Estados da alma (1917), Poesias (1918), Mulher nua (1922), Meu glorioso pecado: amores que mentiram, que passaram o grande amor (1928), Sublimação (1918).
LÉPIDA E LEVE
Lépida e leve
em teu labor que, de expressões à míngua,
o verso não descreve...
Lépida e leve,
Guardas, ó língua, em teu labor,
gostos de afago e afagos de sabor.
És tão mansa e macia,
que teu nome a ti mesma acaricia,
que teu nome por ti roça, flexuosamente,
como rítmica serpente,
e se faz menos ruído,
o vocábulo, ao teu contato de veludo.
Dominadora do desejo humano,
Estatuária da palavra,
ódio, paixão, mentira, desengano,
por ti que incêndio no Universo lavra!...
És o réptil que voa,
o divino pecado
que as asas musicais, às vezes , solta, à toa,
e que a Terra povoa e despovoa,
quando é de seu agrado.
Sol dos ouvidos, sabiá de tato,
ó língua-idéia, ó língua-sensação ,
em que olvido insensato,
em que tolo recato,
te hão deixado o louvor, a exaltação!
- Tu que irradiar pudeste os mais formosos poemas!
- Tu que orquestrar soubeste as carícias supremas!
Dás corpo ao beijo, dás antera à boca, és um tateio de alucinação,
és o elastério da alma... Ó minha louca
língua, do meu Amor penetra a boca,
passa-lhe em todo senso tua mão,
enche-o de mim, deixa-me oca...
- Tenho certeza, minha louca,
de lhe dar a morder em ti meu coração!...
Língua do meu Amor velosa e doce,
que me convences de que sou frase,
que me contorrnas, que me vestes quase,
como se o corpo meu de ti vindo me fosse.
Língua que me cativas, que me enleias
os surtos de ave estranha,
em linhas longas de invisíveis teias,
de que és, há tanto, habilidosa aranha...
Língua-lâmina, língua-labareda,
Língua-linfa, coleando, em deslizes de seda...
Força inferia e divina
faz com que o bem e o mal resumas,
língua-cáustica, língua-cocaína,
língua de mel, língua de plumas?...
Amo-te as sugestões gloriosas e funestas,
amo-te como todas as mulheres
te amam, ó língua-lama, ó língua-resplendor,
pela carne de som que à idéia emprestas
e pelas frases mudas que proferes
nos silêncios de Amor!...
Esse poema é de autoria de Gilka Machado, poeta que causou sensação nos meios literários do século passado, por seus poemas considerados muito atrevidos e ousados para a época,e que hoje é considerada uma das maiores representantes femininas da nossa literatura.
Esse poema é de autoria de Gilka Machado, poeta que causou sensação nos meios literários do século passado, por seus poemas considerados muito atrevidos e ousados para a época,e que hoje é considerada uma das maiores representantes femininas da nossa literatura.
OLHAR DE NANDI RIGUERO - POR U. GERMANO
Olhar de quem tem na alma
A ancestralidade
Dos que ainda sabem amar
Está na hora de apaziguar o coração
E deixar que o mundo venha até você
Os caminhos percorridos deixaram ensinamentos
A busca não cessa, mas o cais deve existir
A ancestralidade
Dos que ainda sabem amar
Está na hora de apaziguar o coração
E deixar que o mundo venha até você
Os caminhos percorridos deixaram ensinamentos
A busca não cessa, mas o cais deve existir
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