por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 23 de abril de 2011

SOBRE A VIDA

Hoje me dei tempo para escrever. Um tempinho só. Paz e silencio. Pensei sobre o que escrever e estranhamente me vi tentado a escrever sobre a VIDA. Aí de imediato lembrei que ouvi certa vez de um poeta a seguinte frase: “A vida é um punhado de coisas passageiras”.

Passageiras??? Será mesmo???

Demorei um pouco analisando e pensando no que faz uma pessoa não guardar momentos, vivencias, fatos, pessoas, amores, cores, lembranças. O que o fez tão cru? Em que lugar quedaram as suas lembranças?

Não me permito tratar por passageiros os meus sentimentos, amores, pavores, enredos e nuances que a cada ocorrência provocou reviravoltas em minha história.

Não. Definitivamente não são coisas passageiras. Tenho um longo arquivo de lembranças dentro de mim. Vez por outra vou lá remexer.

Uma coisa é certa: Pensadores não faltam para dar palpites sobre a dimensão infinita que é a vida. Porém, filosofar sobre a vida é por demais perigoso. Teríamos que decifrá-la dia a dia... a vida inteira.

A mim interessa sempre levar comigo o desenho da minha estrada, As cores e os enredos vivenciados, o desenho das curvas do meu caminho, o traçado que me faz caminhar e pensar na palavra “destino”. O que ficou atrás eu levo comigo...na lembrança.

Não seria a vida um punhado de surpresas? Acho que seria melhor pensar assim. Ou que a vida é um emaranhado de coisas verdadeiras . Coisas que só farão sentido se as vivemos com intensidade.

Entendo que a vida só terá sentido se ao longo do nosso caminho formos traçando e retraçando tudo; trançando pedaço a pedaço, fio a fio. Se formos emaranhando tudo de forma a transformar passo a passo todos os momentos. Assim daremos forma ao que chamamos de “Minha história”.

DIA 24 DE ABRIL - Convite !



Estou entrando hoje com a data de amanhã, para fazer um convite para vocês ouvirem , logo às 7 horas da manhã a RÁDIO NACIONAL
Amanhã, dia 24, estarei "batendo o ponto" na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que pode ser ouvida assim: Rádio Nacional -AM 1130 khz ou, pela Internet no site
www.canais/ebc.com.br/canais/radio-nacional=am=rio-de-janeiro
O programa começa às 7,00 da manhã, chama-se "Rádio Memória"e é apresentado por Gerdal dos Santos.
Farei uima entrevista com ele a respeito de CARLOS GALHARDO, que faria aniversário exatamente neste domingo de Páscoa, dia 24 de abril.
Gostaria que vocês ouvissem, se possível.

Norma Hauer



PIXINGUINHA- Por Norma Hauer


Alfredo da Rocha Vianna Jr. nasceu em 23 de abril de 1897 aqui no Rio de Janeiro, ficando conhecido com o nome de PIXINGUINHA, sendo considerado um dos pais do choro brasileiro.
.
Pixinguinha criou o que hoje são as bases da música brasileira. Misturou a então incipiente música de Ernesto Nazareh , Chiquinha Gonzaga e dos primeiros chorões, com ritmos africanos, estilos europeus e a música negra americana, fazendo surgir um estilo genuinamente brasileiro.
Arranjou os principais sucessos da então chamada época de ouro da música popular brasileira, orquestrando desde marchas de carnaval até choros. .
Pixinguinha foi antes de tudo um pesquisador de música, sempre inovando e inserindo novos elementos na música brasileira. Foi, ainda, um compositor de sucessos, assinando “Carinhoso”;”Rosa”;”Urubu”;”Lamento” e muitos outros.

Pixinguinha fora convidado para ser padrinho em um batizado do filho de um amigo e na hora, passou mal em plena Igreja vindo a falecer ali mesmo, no dia 17 de fevereiro de 1973, sem completar 76 anos,

Norma

23 de abril- Dia mundial do LIVRO!

Breve, viveremos a magia de folhear as páginas  da nossa coletânea.

Do Azul Sonhado, o Livro


Aguardem!

A última dança




Quando uma companhia de dança de Nova York mundialmente conhecida, a Dance Motive, perde o seu brilhante diretor artístico, Alex Mcgrath (Matthew Walker), vítima de um derrame cerebral, não só a Dance Motive perde o seu fundador e gênio criador, mas sem ninguém para tomar a sua frente e substituí-lo, significa o fim da companhia também. Alex deixou um grande legado de dança entre os quais uma famosa coreografia criada há sete anos, mas jamais apresentada. A companhia agora vê a chance de se manter unida estreando esta obra. Entretanto, para que isso aconteça, eles precisam chamar os três dançarinos originais, Travis McPhearson (Patrick Swayze), Chrissa Lindh (Lisa Niemi) e Max Delgado (George Delapena que haviam abandonado tudo durante a criação, e nunca mais pisaram os pés lá.
Agenda da Danca de Salao Brasileira.
www.dancadesalao.com/agenda



Pó de estrelas ...


Por Socorro Moreira




Caminhando ...
Uns caminhos voam, outros se colam
aos nossos pés cansados.

Caminhando...
Que importa o transporte,
a hora da chegada?

Caminhando ...
O nosso olhar cumpre etapas,
que nos sonhos se mostravam

Caminhando ...
Chegamos na linha do horizonte
e o limite é além, muito além ! 



Jarra Mágica- por Domingos Barroso


Tenho uma surpresa
para te revelar

no dia marcado
pelos deuses.

Não me culpes
se tu enfartares.

A culpa dos deuses zombeteiros.

Posso te adiantar, baby
aquele corpo cadavérico

pouco a pouco
some pântano adentro.

Notícias dele
apenas o umbigo
ainda enterrado pertinho da fossa

e do primeiro dente de leite
adormecido sobre o telhado.

Mais cínico e cruel
decerto acordo a cada dia.

É que a alma continua
cheia de pudores e tristezas

enquanto o corpo
senhor profano

cria carnais raízes
em torno do silêncio.

Como saber se minhas as pegadas?

Quando olho para trás somente avisto
nuvens marcadas por bostinha de pombo.

Nem lágrimas.
Nem ais lusitanos.

Apenas pombos soltando mísseis pastosos
que deixam nódoas amareladas
na minha camiseta branca.

AMOR VERDADEIRO por Rosa Guerrera


Foi tão verdadeiro
aquele amor
na minha vida ...
que até hoje
sinto na sua lembrança
um eterno desafio
às leis das coisas passageiras ...

Esperamos tanto tempo
pela nossa inauguração
que não vimos o tempo passar .
E sem que pressentissemos
envelhecemos nesse mesmo tempo
que hoje não nos oferece
mais tempo para voltar !

 (rosa guerrera)
 

bolinhas de sabonete pelas narinas-por Domingos Barroso


Aceita a sabedoria.
Aceita tua espantosa loucura.

Tua parábola. Tua metáfora. Tua cabala.

Basta dilatação anormal
de uma artéria

e ao rompimento dela
morte senão sequela:

uma parte vegetal,
outra austera.

Aceita teu ventre queimando gravetos.
O sol que há de se pôr.
A montanha cinza.

Aceita teu dedão embrulhado com pimenta.
Lembra-te da tua infância barro de parede.

Aceita tua última solitária.
Sinuosa, elegante.

Só não aceites a morte,
esta depravada senhora.

Quadrilha - colaboração de Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes



Em 1962 esta quadrilha representou o Instituto São Vicente. Identifiquei Maurício e Chico Almeida, Ronaldo Justino, Hélio, Kleber Peixoto, Tarcísio Loiola e a noiva, Amélia Pinheiro.
(Joaquim Pinheiro)



Alguns dentre nós estudaram no Instituto S.Vicente Férrer. Tenho lembranças vivas e saudosas daquela época. Naquele educandário minha base foi plantada , inclusive as amizades, que ainda hoje permanecem. Um abraço especial , nos amigos de outrora , que ainda hoje enfeitam , o mundo dos meus afetos.
(Socorro Moreira)

O valor relativo das coisas - por Socorro Moreira





Uma vez troquei um carro por um aparelho de som Gradiente. A música tinha um lugar especial na minha casa. A garagem podia ficar vazia... As estradas podiam me esquecer.
Eu ligaria o som ,e a voz de Nana tomaria conta dos meus cantos. Mesmo que a melodia fosse triste ,eu viveria de alegrias.
Música nas primeiras horas da manhã. Um samba de Noel pra fazer o café; um de Nelson Cavaquinho pra varrer a casa; Cartola na vitrola pra regar as plantas do jardim; uma canção do Chico na hora de preparar o rango... ;uma melodia de Tom pra lavar a louça, acumulada na pia.;uma bossa do João Gilberto pra estender a roupa no varal.
Hora da sesta, um chorinho de Pixinguinha ou de Waldir Azevedo, e um samba - canção de Lupicínio para chamar a melhor das saudades.
De tardezinha uma valsinha de Zequinha de Abreu.
Na hora das estrelas se tornarem visíveis, uns tangos cantados por Nelson, intercalados por umas musiquinhas de Pat Boone... Afinal “Love is a many splendored thing” nunca saiu da minha estação.
Antes de dormir escutar Keith Jarret ou Diana Krall... Olhar desconfiada um vinil do Roberto, e resolver: é com ele que vou adormecer , cavalgar e sonhar!
Separar Elis, Leny de Andrade, Paulinho da Viola, Maysa para o dia de amanhá!
- Música é vida !

Por socorro moreira







Voltou

enrolado nas suas falas

Éter

inebriando a sala

tossiu, roncou ...

Acordou meus pesadelos

Comoveu-me

Partiu

quando a lucidez do sol

incendiou a casa.

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Não quero a posse

desejo apenas

um cruzar dos olhos


Cruzar é bordar

Implica em perigo

pergaminho, linho ...

Oco - por Ana cecília S.Bastos


Nos interiores, escuto o som do meu silêncio.
O oco.
O eco.

A palavra etérea pesa sem nada.
Vivo no silêncio.

Do poema, fica o útero sem nidação.
Os poemas , nem adormecidos.

(Ana Cecília)





Nesse mesmo lugar ...





Aqui, neste mesmo lugar


Neste mesmo lugar de nós dois


Jamais poderia pensar


Que voltasse sozinha depois


O mesmo garçom se aproxima


Parece que nada mudou


Porém qualquer coisa não rima


Com o tempo feliz que passou


Por uma ironia cruel


Alguém começou a cantar


Um samba-canção de Noel


Que viu nosso amor começar


Só falta agora a porta se abrir


E ele ao lado de outra chegar


E por mim passar


Sem me olhar.

Conversando com Abel Silva - por José do Vale Pinheiro Feitosa





Coração sem perdão,

Diga fale por mim,

Quem roubou,

toda a minha alegria.


Um das mais gratas tecnologias dos tempos atuais foi a digitalização das antigas e novas gravações da discografia mundial. Com elas tivemos a realização da vontade, a satisfação de ouvir qualquer canção que desejássemos. Sem aquele sentimento de raridade, sem aquelas portas por aonde as canções iam ao tempo e só de raro novamente a ouvíamos.


O amor me pegou,

Me pegou,

Prá valer,

Ai que a dor do querer,

Muda o tempo e a maré

Vendaval sobre o mar azul.


Assim foi que comprei um CD que era uma coletânea de 15 belíssimas canções na voz, mais bela ainda que as canções, a de Naná Caymmi. Aqueles apanhados da EMI chamados de “Meus Momentos”. E na faixa 11 uma canção intitulada “Neste Mesmo Lugar”, composição de Armando Cavalcanti e Klécius Caldas.


Tantas vezes chorei,

Quase desesperei,

E jurei, nunca mais

Seus carinhos.


Acontece que por isso mesmo comprei um CD “O Essencial de João Bosco” e na faixa 7 estava lá “Quando o Amor Acontece”, composição de João Bosco e Abel Silva. O João é do conhecimento geral e, dos entendidos, também o Abel Silva. Poeta, letrista de grandes compositores dos anos 80 e 90, ele acreano e profundamente carioca.


Ninguém tira do amor,

Ninguém tira,

Pois é,

Nem Doutor,

Nem Pajé,

O que queima e seduz,

Enlouquece,

O veneno da Mulher.


E estávamos numa mesa na mais duradoura e hoje inexistente casa noturna da Lagoa Rodrigo de Freitas. Era o Mistura Fina cujo terreno se transformou num edifício para a alta classe média. Um aniversário com metade da casa ocupada pelos convidados. Na mesa em que me encontrava, entre outros o Abel Silva e a sua companheira.


O amor quando acontece,

A gente esquece logo que sofreu um dia,

Ilusão,

O meu coração marcado,

Tinha um nome tatuado,

Que ainda doía.


Conversa sobre o geral e o particular. Até que entre um dado e outro da vida perguntei ao Abel sobre a dúvida que havia da capa dos dois discos. Afinal a composição era ou não dele e do João Bosco?


Pulsava só,

A solidão,

O amor quando acontece,

A gente esquece logo que sofreu um dia,

Esquece sim,

Quem mandou chegar tão perto,

Se era certo outro engano,

Coração cigano.

Agora eu choro,

Assim.


Ele tomou-se de brios pela sua composição. Queria saber do disco da Naná. Abel Silva, na altura em que se encontrava, não era diferente de qualquer artista na mais remota e esquecida região. Era como todos nós, ciente da sua propriedade. Agora coletiva, além e muito depois daquele momento em que a realizamos.

Saber acordar - Emerson Monteiro

O ânimo de viver representa a nossa cara diante das outras pessoas. Enquanto isso, bom conhecer um tanto mais das possibilidades que existem de poder controlar o nosso humor à medida que vivemos os dias e as horas. Dominar os passos que a gente vem andar. Pisar no jeito de evitar acidentes ou criar condições desfavoráveis nos gestos de plantar nossa imagem no coração dos semelhantes, essas outras pessoas. Fazer o nosso marketing particular pelas estradas em que andamos.
Certa vez, ouvi de um amigo que o freguês, dormir à noite e acordar de manhã, sem se lembrar de Deus para fazer uma oração isso parece coisa de bicho bruto, de herege que arrasta a existência de jeito atropelado, rude, batendo nas laterais da sorte, rês arrombando cerca, esquecido da concentração de suas forças nos objetivos que interessam das normas do bom viver. Já amanhece o dia trombudo, amuado, cara fechada, agressivo, procurando briga, contrariado com tudo e todos.
Há gente que numa hora está pelos pés, noutra pela cabeça. Pessoas de duas caras, como o povo qualifica. Os pacientes do transtorno bipolar, na classificação da atual da ciência. Galinhas de ovo virado, nos chistes de calçada. Não veem nem porque e aparecem trombudos no terreiro, logo cedo, querendo briga a qualquer custo, desmanchando o que construiu na noite anterior. Se o marido, se a mulher, pouco importa, sai da cama, ou da rede, caçando confusão, de cara por acolá. Nas repartições, os chefes que entram nas salas mal humorados, calados, fungando, enfezados, juntando troços, pronto a criar um incidente administrativo e levar em frente, apurar, punir. Muitos, lá adiante, dias depois, voltam arrependidos, a pedir perdão, desculpando esfarrapado, desconfiados, até a próxima situação que vierem a criar. Ô, homem grosseiro, mulher grosseira, que fere a sensibilidade alheia, meio gente, meio bicho, a mistura dos dois.
Disso, agora só cabe tirar algumas lições práticas. Saber acordar, eis o princípio fundamental dessas leis da vida. Amar a existência. Conhecer as regras da experiência, praticar a cortesia, a amabilidade na relação familiar, na boa vizinhança, aprender o tratamento com as demais criaturas. Ir expandindo o círculo aos distantes, desconhecidos; na rua, no trânsito, no trabalho, na escola, nos grupos que participar. Dividir a leveza desse costume numa sequência de ações que frutifiquem quais sementes de frutas doces nos corações ali perto de quem conviver.
Quando pessoas maltratam quem amam, imagine o que farão com aqueles que nem conhecem. Jesus ensina amar os próprios inimigos, pois os amigos já são amigos. Conquistar quem nos desgosta, eis o segredo da harmonia coletiva. Desde cedo, de manhã, ainda deitados, naqueles cinco minutos durante os quais planejamos o dia, usar a oportunidade de formular os pensamentos. Buscar o tempo bom dos sentimentos e pisar maneiro esse chão, a fim de nele colher consciente seus valores positivos. Devagar chegar lá longe e viver no tempo certo.