por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
terça-feira, 9 de julho de 2013
Chiloé - José do Vale Pinheiro Feitosa
Após a interrupção da série sobre o Chile, hoje retorno com mais um texto sobre a Ilha de Chiloé.
Era uma manhã fria, de
névoa densa e baixa, com o Oceano Pacífico em frequente ondulação, embora de
pouca amplitude. O catamarã que transportava o carro em que estávamos, entre o
continente e a Ilha de Chiloé não balançava muito e fomos para o alto dele a
experimentar o agasalho quase absoluto frente ao intenso e cortante gelo dos
ventos daquele tempo ruim enquanto vivíamos a paisagem.
Chiloé não fica muito
distante da orla continental, tem uma grande ilha, com várias cidades, a
extensão principal tem mais de duzentos quilômetros, nela nascem e desembocam
rios, existem montanhas, inúmeros acidentes geográficos costeiros e um
arquipélago de ilhas a rodear-lhe. Vivem no arquipélago mais de 154 mil
pessoas.
Suas cidades principais
são Ancud e Castro. Os habitantes são identificados como chilotes e ele têm a
sensação plena de que estão na ponta sul do mundo. Pela formação de seu povo,
na fusão de ameríndios e europeus as noites e dias são diferentes. Quando o sol
desaparece na risca do Pacífico, a noite se adensa de plenas “americanidades”, os
seres míticos descem como uma bruma à realidade ancestral que teima em
manifestar-se com as “pincoyas”, os “traucos” e toda uma rica mitologia
chilota.
Chiloé foi um objetivo
estratégico para a conquista dos bravos araucanos e suas águas já eram
navegadas pelas naus espanholas, vindas do vice-reinado do Peru desse a
primeira metade dos anos de 1500. Nas águas de Chiloé o brilhante poeta dos
Araucanos don Alonso de Ercilla e Zúñiga navegou na missão conquistadora em que
era parte.
Os espanhóis, já em
1567 fundavam vilas, entre as quais a capital atual de Chiloé que é Castro.
Chiloé se desenvolveu nos negócios do mercantilismo espanhol e foi um dos
últimos territórios do atual Chile a separar-se da Coroa Espanhola. O movimento
de separação do Chile da Espanha ocorreu durante as invasões napoleônicas da
península ibérica, no mesmo ano em que a corte portuguesa fugiu para o Brasil.
Liderada por Bernardo O´Higgins isso aconteceu entre 1817 e 1818. Mas Chiloé só
fez parte da nova República a partir de 1826.
Aí foi o projeto de
conquista do extremo sul e foi de Chiloé que partiu a expedição que conquistou
o estreito de Magalhães para o chilenos em 1843. Chiloé hoje é um dos centros
da produção do salmão, onde os peixes atingem a maturação na costa marítima e
por isso tem um valor econômico estratégico para o país. E como o interior
nordestino e as regiões amazônica ainda sob forte influência das culturas
indígenas, Chiloé é de uma riqueza extraordinária em cestarias, enfeites,
cerâmicas e trabalho com madeira. A riqueza da vegetação de juncos, capins,
plantas arbustivas típicas de costas, faz de Chiloé a singularidade que é
encontrada e vista, por exemplo, no museu de Ancud.
Se os nordestinos
sentem na sua epiderme todos os ventos da mitologia ancestral, em Chiloé ela é
imensa, guarda a memória dos conquistadores espanhóis e como aqui formam um
sincretismo mitológico que por vezes até se assemelha aos nossos. Não sei dizer
se as semelhanças são pela identidade ibérica de nossos povos ou pela
identidade americana do primórdio da ocupação do continente pelos seres
humanos.
Como o El Caleuche que
é um barco fantasma que aparece e desaparece num repente, todo ele iluminado,
com sua tripulação fantasmagórica cantando e dançando ao som de encantadoras
melodias. Os comerciantes que tiveram a sorte de negociar com a tripulação se
tornaram prósperos. A Pincoya é a Afrodite de Chiloé, a deusa da fertilidade
que é uma mulher belíssima e tudo depende do sentido em que ela dança quando
sob o estímulo envolvente da voz melodiosa do seu marido o Pincoy. Se a sua
dança gira em direção ao mar haverá abundância e se em direção à terra, haverá
escassez. Considere-se que a fertilidade de Chiloé é a pesca marinha.
E a mitologia vai num
paralelo com a nossa ou não com personagens míticos como a Fiura uma mulher
velha asqueroso que endoida às pessoas, o Camahuet que é um touro com
unicórnio, o Brujo, o Invunche, a Viuda, o Trauco, La Violadora, El Cuchivilu,
Ten-Tem Vilu e Cai-Cai Vilu; El Culebrón, El Coo, Chihued; Basilisco e o
Caballo Marino. Mas o paralelo desta mitologia conosco se encerra na nossa
falta de vontade com nossa cultura. Eu sei disso tudo porque em Chiloé eles vendem
um simpático livrinho com estas coisas.
O Chile é um lugar
longo, montanhoso, estreito, vulcânico e inteiramente sujeito a terremotos e
abalos de todas as naturezas. Como todo povo em suspense suas paixões são
maiores, seu espírito transformador intenso, mas igualmente é maciço e
esmagador o braço de sua elite vinculada à exportação de commodities,
especialmente o cobre. Em Chiloé o maior evento dos últimos séculos foi um
terremoto com epicentro em Valdívia que abalou Chiloé de tal modo que uma parte
da ilha afundou mais de metro no magma por onde as águas do mar inundaram
terrenos que até então eram cultivados e habitados. Isso aconteceu em 1960 e o
sofrimento de Chiloé foi tremendo, abalando suas vilas e cidades e sendo a ilha
agredida por duas tsunamis simultâneas uma entrando pelo estreito com o
continente e outra pegando a ilha de frente.
Conversei com um
professor aposentando que naquele dia estava dando aulas numa pequena ilha em
frente a Chiloé. Ele nos disse que o chão balançava como se balança um lençol
para tirar-lhe o pó. Após cessado o desastre maior ele saiu com um pequeno
barco para procurar pessoas isoladas na costa da pequena ilha e quando chegou a
um dos lados o mar borbulhava como uma panela no fogo. Não era uma fervura, era
como água mineral gasosa.
Nua Ideia
Lua cheia
Ilumina minha vida
Pura lâmina polida
Lábio, leite, peito, mãe
Nua idéia
Pavão de plumagem branca
Moça de risadas franca
Meia-taça de champanhe
Minha seta atravessa o meu amado
Linha reta do real do outro lado
Lua nova tudo agora recomeça
O mundo está posto à prova
Muda a luz e muda a cor
Lua, lua
Ilumina esta promessa
Com tua vontade crua
Ilumina o meu amor
Ilumina minha vida
Pura lâmina polida
Lábio, leite, peito, mãe
Nua idéia
Pavão de plumagem branca
Moça de risadas franca
Meia-taça de champanhe
Minha seta atravessa o meu amado
Linha reta do real do outro lado
Lua nova tudo agora recomeça
O mundo está posto à prova
Muda a luz e muda a cor
Lua, lua
Ilumina esta promessa
Com tua vontade crua
Ilumina o meu amor
Composição:
Caetano Veloso / João Donato
por socorro moreira
Eduardo, meu sobrinho-neto.
Lindas festas aconteceram na família, nos últimos dias.
Aniversário de Camila e Eduardo, nos dias juninos.
Batizado de Sophia e Maria Luiza, nos primeiros dias de
julho.
Fui madrinha de batismo, e não consegui segurar a emoção,
lembrando minha infância tão cheia de religiosidade.
Rezávamos o terço em família; ficávamos atentas aos pecados,
e já classificávamos os veniais ,os mortais.
"Fazei-me dócil, humilde e obediente"- Frase que a
minha mãe sugeria que eu repetisse todos os dias, todas as noites, e sempre!
Hoje eu sei o quanto é difícil ser obediente, mas o quanto
buscamos um Senhor!
A cidade está alterada por visitantes e gente da
terra, que mora noutros cantos.
Hoje tem inauguração de um novo Atacadão. O comércio está
vendendo menos. O povo guarda dinheiro para aproveitar ofertas.Eu gosto de
perder horas olhando produtos , preços...Sem deixar de adorar feiras livres e
aquele cheiro "fresco-podre" de frutos e folhas.
Sinto enormes saudades de alguns rostos. Sonho muito com todos.
Esta noite sonhei que voltaria a trabalhar no BB, numa Ag. de Petrópolis (RJ).
Ora, ora... Tremi de medo. Eu tenho medo sim, destes desabamentos que
vivem zoadas dentro de mim. Mas sou plácida diante da morte. Ela só não precisa
chegar numa estrada as faltada ou esburacada. Quero embarcar devagar,
adentrando nuvens, e varando o planeta azul até encontrar o espaço que me
reunirá a todos.
Penso no Hino ao amor de Piaf, e até acho graça... Deixei de canta-lo, mas não deixei de desejá-lo.
P.S.... só você pra arrancar estrelas dos meus olhos.
Verde Araripe
Inspira vida
Caminho findo
Morte intrometida
Espera inquieta
Eterna sina
O lado de lá
Não responde
No lado de cá
Só lembranças
História saudosa-
Limpa-
Pelo repassar dos anos
Neste mar passado
Presente mergulha
Futuro nada...
Adormeci tanto
Com ninar materno
Acordei pranto
Universo inverso
socorro moreira
Tenho sonhado todas as noites com o passado e a criação fantástica do
desconhecido. Percorro caminhos inusitados, tipo... E se tivesse sido
diferente?
Ando me emocionando por qualquer luz, céu azul.
Procuro a lendária pedra da Batateira dentro de mim.
Os dias vão guardando essências que não perfumam palavras. Lastimosas
luas ficam escondidas em nuvens. Chuva enjoada que quebra o tédio, mas
não seca meu lençol de paixão.
Não vou conseguir sorrir, enquanto o quarto do meu filho estiver arrumado,
sem os seus cheiros, pigarros, e ressonâncias, que hoje sei, eram canções.
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