A
rua Ana Bilhar, aqui em Fortaleza, localiza-se a duas quadras da Av. Beira Mar,
área nobre da capital cearense, onde o preço do metro quadrado de terreno custa
os olhos da cara, quase atingido a estratosfera. Portanto, só mora naquela área
quem tem “bala na agulha” (grana, muita grana).
Mas,
além da grana, tudo indica que os que ali residem também gozam de certo
prestígio junto às autoridades do município, talvez em função do “status” da
moradia. Assim é que, estribados nessa condição privilegiada, POR CONTA PRÓPRIA
resolveram criar na via pública uma “ciclofaixa” (via de transito para uso exclusivo
de bicicletas), a fim de não correram nenhum risco de serem atropelados quando
se exercitam pelas manhãs e à noite. Dito e feito: cotizaram-se e providenciaram
a pintura de uma faixa, numa extensão de dois quilômetros, na lateral da citada
rua.
Acionada
por motoristas que por lá trafegam, e que se sentiram incomodados em razão da diminuição
do espaço de manobra, a AMC (autarquia que cuida do trânsito na cidade) compareceu
ao local e, num primeiro momento, face não ter havido nenhuma consulta ou autorização
oficial, ameaçou obstar tal intento, apagando a tal faixa no asfalto.
Conversa
vai conversa vem, a AMC resolveu por assumir a “maternidade” (já que uma
instituição) do serviço feito pelos moradores, não só alargando a citada faixa,
mas dando-lhe contornos definitivos e oficiais; além do que, proibiu os carros
de estacionar durante os dois quilômetros sinalizados e, a partir de certa data,
passará a cobrar uma multa salgada (R$ 574,00) do proprietário de carro que se aventurar
a trafegar por ali, além de lhe “premiar” com 07 pontos na carteira (infração gravíssima).
Poderíamos
entender isso tudo como uma vitória da cidadania, porquanto uma iniciativa dos
moradores, posteriormente chancelada pela autoridade competente (e, pois, merecedora
de aplausos). Mas, eis que, quando os moradores de uma rua do “miserável” Bom
Jardim, bairro periférico da capital, resolveram criar uma ciclofaixa idêntica (espelhando-se
no que fizeram os moradores da “nobre’ rua Ana Bilhar), a AMC logo logo pintou no
pedaço e, de pronto, não só apagou a faixa pintada, como, também, ameaçou com
represálias que ousasse tomar qualquer providência em contrário.
Quais
as razões pra tamanha discriminação ??? Por que, não, um tratamento isonômico
??? Todos não são iguais perante a lei ??? Ou, aqui, os fracos não têm vez ???