por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 28 de março de 2011

Amor- por Dominghos Barroso


Eu vivo falando de ti.
Normalmente em casas de estranhos.

Pessoas que nunca vi na vida
se por coincidência lembram
algum fato pitoresco e natural
da tua existência que marcou
a alma deles então eu logo
me emociono e lacrimejam
os meus olhos.

Por encanto fico íntimo
das pessoas e também comento
sobre tuas peripécias e ardilezas.

Falo de ti para as pessoas
com um brilho na voz
como se tu ainda
estivesses viva.

Hoje cheguei a te ver novamente.
E não importa a prisão tu continuas fulgurante.

Tentaram te fazer cantar.
Mas tu (como sempre foste)
faceira e temperamental disseste
em silêncio com as unhas na grade:
"só canto quando desejo e ponto final"

Eu explodi de felicidade
por tua mudez e atitude.

Talvez tu não saibas
mas a minha personalidade
(a mais sensível parte) foi afeiçoada
naquelas tardes em que eu te observava.

Sei tranquilamente
que naquelas tardes
tu já sabias do meu amor.

E ficávamos horas paquerando.
Desculpa-me, também sei que
às vezes eu te encabulava:
eu era uma criança.

Hoje eu falei de ti como nunca.
O pior é que sempre termino
falando da tua morte.

Dos meninos terríveis
que te envenenaram
com coca-cola.

Após odiar muito esses meninos
penso agora de outra forma:

deve ter sido uma aventura e tanto
experimentar a fórmula mágica
desse refrigerante molhando
o teu bico e descendo por tuas
cordas vocais

Nenhum pássaro canta
igual a ti, minha graúna.

Que o teu espírito
conserve-se perto.

E não te aflijas com a altura dos céus por minha causa.
Também adoro nuvens.

Por João Nicodemos

amar o próximo
com ele distante...

é mais confortável



Parabéns, amiga querida!

Filha Renata
Filha Fernanda
Com os amigos da adolescência



Rosineide Esmeraldo Cavalcante, Feliz Aniversário!

Amanheci o dia rezando pela sua felicidade- tão merecida!
Pelos tantos anos, nos bancos escolares;
pelos muitos risos, e verdadeira amizade, 
receba nosso abraço!

Dia 29 de março 2011

Momento mágico- Jorge Mautner e Nicodemos

   Um Feliz aniversário para Nicodemos !

   Desejamos-lhes uma vida de sucessos e alegrias !

Gente que o meu coração hospeda.
Só acho ruim, quando ele some ...

Abraços, Nico!
 
         

Musical João - Por Gabriella Federico



Nicodemos Nicodemos,

Ágil e esbelto, com as palavras

O corpo e as notas.


Dançando para o mundo

No palco, na aula, na praça,

roda.


Meu amigo,

filosofo, eu digo :

não me separa de você nem um dedo.

Poeta sábio, mestre de vida,

artista de carteira adquirida.

(Gabí)


pra recordar ...



Tristeza- por socorro moreira

 
Dia sombrio
Caminho indefinido
Escolha clara
Desencaro desafios
Que injeta tristeza no olhar

Encontro amoroso
É como um choque de estrelas...

Quando o coração se aliena,
e segue solitário,
pegou transporte errado.

Confundiu as senhas
Fugiu do ideal principal :
Ser feliz sozinho-
-Viver o amor universal.



Anoitecendo , na Rádio Azul



Cheiros da memória- Colaboração de Fátima Figueirêdo



Publicado no JC em 04.12.2010
Joca Souza Leão
jocasouzaleao@gmail.com

A propósito da crônica de sábado retrasado, Um cheiro, o pintor José Cláudio ligou sugerindo que eu escrevesse uma sobre os cheiros do Recife, "dando sequência". Pautou e sugeriu logo dois cheiros. "O de biscoito Pilar, no Cais do Apolo, e o das macaibeiras em flor na Av. Agamenon Magalhães". (Segundo ele, para o pintor Roberto Ploeg, que é holandês, o cheiro do Recife nessa época do ano é de flor de macaíba, muito mais intenso do que qualquer outro, bom ou mau).
Moro a trinta metros da Agamenon há mais de vinte anos. Sempre vi as macaibeiras lá. Só não sabia que eram macaibeiras. Agora sei. Mas foi preciso que Ploeg viesse da Holanda para que eu, via Zé Cláudio, ficasse sabendo. Sentisse o cheiro da flor e, pela primeira vez, comesse macaíba.
Agora, cheiro de fábrica de biscoito é comigo mesmo. Lembro logo de dois (parecidos, mas diferentes), em dois cais distintos. O da Pilar, no Cais do Apolo, conheço desde menino. E o da Confiança (cheiro mais adocicado), ficava no Cais José Mariano até outro dia. Mais precisamente entre o Cais e a Rua da Imperatriz, nos fundos da Confeitaria e Sorveteria Confiança. Trabalhei nove anos ali perto, na Rua Bulhões Marques, hoje uma área totalmente degradada, como de resto todo o Centro do Recife, abandonado à própria sorte.
D-u-du-v-i-vi-d-o-do! Duvido que alguém da minha geração (e de gerações pra trás) não se lembre do cheiro de chocolate da Renda & Priori na Rua da Aurora, do cheiro do Café São Paulo na Rua Imperial e do Café Continental na Torre, cheiro de açúcar dos armazéns do IAA no Cais José Estelita, de farinha de trigo e grãos (milho, sobretudo) no Cais do Porto, de vacaria e de mato na Várzea (aliás, o cheiro já começava desde o Cordeiro - ou Iputinga?), dependendo da safra, os cheiros dos quintais das casas eram de cajá, manga, caju, banana, graviola, sapoti, goiaba, pitanga, pinha, carambola... Poucos moravam em apartamento. E toda casa, rica, remediada ou pobre, tinha quintal, nem que fosse um quintalzinho.
Cheiro de mangue, melhor dizendo, cheiro de maré, como se dizia antigamente, em toda a extensão do que é hoje a Agamenon Magalhães, até Olinda. Cheiro de maré, na minha memória, era uma mistura de cheiros: vegetação de mangue, maresia, lama e caranguejo. (Não vá, por favor, confundir com o mau cheiro do Canal Derby-Tacaruna, nada a ver!).
As ruas também tinham cheiros próprios, cada uma com o seu. A Rua das Creoulas (e não crioulas) tinha cheiro de jambo do Pará e ficava com um "tapete" vermelho na temporada. A Visconde de Suassuna, cheiro de oiti. A da Saudade, do lado do cemitério, de sapoti. A Nicarágua, de vagem de acácia. A Praça do Derby, de jasmim vapor. A do Entroncamento, de manga. Na Rua das Florentinas (hoje trecho da Dantas Barreto), cheiro dos armazéns de estiva, bacalhau e charque. Na Rua da Palma, dependendo do trecho, cheiro de tinta, borracha ou material elétrico.
E Boa Viagem? Quase ninguém morava lá. Era só pra veraneio. Que maravilha era chegar e sentir aquele cheiro de mar! Cheiro salgado, molhado. Como eu sabia que a África ficava do outro lado, achava que era o vento que trazia aquele cheiro. Cheiro da África.
E o cheiro de Deus? Seguinte. Ajudei a fazer hóstia na sacristia da igreja do Colégio Nóbrega. E pensava (pensava não, tinha certeza) que aquele cheiro de farinha de trigo na chapa de metal quente era o cheiro de Deus. "Não!", clamou o padre. "Ainda não estão consagradas." "Graças a Deus!", exclamei aliviado. Pois aquele cheiro me dava náuseas. E pensar que Deus me fazia mal seria, por certo, pecado grave, mortal.
Cada casa tinha os seus cheiros. A de um amigo de infância, mesmo, tinha cheiro de Espiral Sentinela (pra espantar muriçoca) e de Vick Vaporub. A de outro amigo tinha cheiro de xixi (como eram muitos meninos na casa, acho que não dava tempo de lavar e secar tantos colchões e lençóis).
Na minha casa, os cheiros dependiam do dia e da hora, da panela que tava no fogo e do sabonete que tava na pia (Phebo, só quando tinha visita). Cheiro de roupa lavada com sabão, quarada com anil, engomada e passada com ferro a carvão. Às sextas-feiras, os cheiros da faxina: Kaol (pra deixar pratas e metais tinindo), cera Parquetina (pro assoalho ficar quiném espelho, né, Lúcia Helena Guimarães?), sabão em barra derretido (pros pisos de cerâmica e ladrilho), pasta rosa (pra vasos, banheiros e balcões), óleo de peroba (pra móveis e portas), Varsol (pras poltronas) e álcool (pros vidros). Nos guarda-roupas, o cheirinho da própria madeira, de naftalina e dos sachês (de diferentes aromas, mas sempre em saquinhos de linho e bordados).
As meninas cheiravam a sabonete e água-de-colônia. As mulheres, à noite, cheiravam a perfume (Chanel Nº 5 e Fleur de Rocaille). Os bebês, a lavanda Johnson.
Certa vez, eu já bem grandinho, dei umas borrifadas de lavanda Johnson na cara. Peguei o elevador. Alguns andares abaixo, entrou uma senhora: "Um bebê desceu há pouco no elevador. O senhor tá sentindo o cheiro?"
"Tô!", respondi. E dei o fora dali logo, antes que ela descobrisse quem era o bebê.

P.S. – Quem quiser saber dos cheiros do Recife de hoje, que ande pelas ruas. Ou leia a crônica Caos urbano (JC, 24/11) de Arthur Carvalho, mestre de todos nós, cronistas.
» Joca Souza Leão é publicitário e cronista

A PALAVRA AMOR








A PALAVRA AMOR

Meu pai nunca disse a palavra amor.
Impossível imaginar.
Cumprimentava minha mãe: Bom dia!
Boa tarde!
Dava a mão. Nenhum gesto de carinho.
Mas levava café para minha mãe na cama.
A voz dele enchia a casa.
Enchia de um sossego bom que não pode ter
nome melhor que amor.
Gritava arroooi!!! quando trovejava, a gente dizia
            que era o grito de chamar a chuva
e esse grito não tem nome melhor que amor.
A gente se lembra dele, do meu pai,
            como quem reza.
Gozado! Ele não fazia nenhum gesto de carinho
            para a gente ou para a minha mãe.
Fazia doce de fio de ovos, fazia vassouras de noite
            na cozinha, trabalhava feito doido na roça,
falava da gente com orgulho, falava dos mortos
            com orgulho, dava orgulho ver ele falar,
            sempre de bem com a vida.
Para que é que serve a palavra amor?
                                              
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Li este poema no auditório lotado do SESC de Bauru, em 1999. Depois me envergonhei dele: não é um bom poema. Rasguei-o, nem me lembrava dele quando a minha prima Zilda o comentou – a minha irmã tinha uma cópia, que deu à Zilda. Depois encontrei um vídeo daquela apresentação no SESC – é um pouco mais longa, eu tentei consertá-la encurtando-a. Eu estava escrevendo os 40 poemas de amor e, sem querer (!), saiu este. Porque não era um poema de amor – à minha mulher, como os outros – e porque era ruim, deixei-o fora do livro “Poemas de amor”. Hoje, pelo que ainda possa significar, dedico-o aqui justamente à minha mulher.

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SIDERAL - por Stela Siebra


O que é o Ascendente no mapa astrológico?


Ascendente é o signo que estava subindo no horizonte oriental no momento do nascimento. O Ascendente é considerado o impulso de orientação, pois é quem inicia o percurso pelas 12 Casas do Mapa. Ele é a ponta da Casa I, a casa da nossa identidade, aquela que mostra nossa fachada, nosso temperamento e comportamento. Daí a importância do Ascendente, porque o princípio desse signo é quem vai dar o horizonte de nossa vida, simbolizando nossa forma de expressão imediata e espontânea.



Ascendente Áries Oriente-se fazendo da vida uma aventura em busca do seu próprio ouro


Quando você, que tem Ascendente Áries, sentir-se apático, saiba que tal desmotivação se deve ao fato de você não estar acionando a tônica desse signo que se erguia no horizonte no momento do seu nascimento.


Saiba que você tem que se aventurar internamente em busca do seu próprio ouro. (Leia os dois mitos para o signo de Áries, o do carneiro Crisômmos e o dos Argonautas). Você que tem Ascendente Áries precisa saber que, qualquer que seja o motivo de sua desorientação ou do seu desânimo, o que vai orientá-lo e acender novamente sua chama é deixar-se tocar pela tônica ariana, que implica em mostrar-se espontâneo, ousado, confiante, empreendedor, aventureiro, entusiasmado e vibrante.


Quando você não expressa essas qualidades, pode desenvolver doenças ou se mostrar agressivo, ríspido, explodindo em freqüentes ataques de impaciência e raiva. Disponha-se a olhar a vida de forma mais franca e direta. Ouse colocar em prática seu mais novo projeto, arrisque-se na aventura daquela viagem dos seus sonhos. Dê asas à sua espontaneidade! Exercite-se fisicamente, dance, tome banho de sol, dinamize sua vida. Contagie os outros com seu entusiasmo e com a chama da confiança. Acenda cada dia, no seu coração, essa vibração pela vida.

Stela Siebra - Astróloga

Por João Nicodemos


Por João Nicodemos


Foto -porJoão Nicodemos


A poesia de Geraldo Urano


azul cobalto
do céu de teerã do meu terraço
nada que faço é muito
mas não é nada fácil apagar
a natureza
que dá força ao jatobá
e faz em pleno canto
o pássaro voar

Na Rádio Azul



Liturgia dos Olhares de Esquina - por José do Vale Pinheiro Feitosa



Andei pelos caminhos da política. Na planície em que as partes de afastam.
E ela dizia: poesia.
No contraste entre o vale e as montanhas. E ela publicava um poema.
Quando eu dizia disputa, ela versejava.
Se falasse em vitória, ela rimava.
E quando disse movimento, ela colhia uma flor de maracujá peroba.
No alto da Chapada do Araripe.

Daí, nesta manhã, o encontro na rua Jardim Botânico:

Nossos olhares separados,
Na esquina de cada lado,
Com mel todo esparramado,
O dela no outro perfumado.

Meu olhar descobriu,
O dela, num lance, seduziu.

Enquanto o sinal nos separava,
Meu olhar ao dela se juntava,
Em simbiose digestiva,

O meu intrusivo,
O dela eruptivo.

O verde moveu os olhares,
O meu? Farol de milha!
O dela, véu em oração.

Passou de pálpebras abaixadas,
Toda exposição de corpo nu,
Assim como sempre fazem,

Na distância nos laçam,
Perto, trêmulas se acalmam,

Por meu olhar em ebulição,
O dela, guia da liturgia da fusão.

(José do vale Feitosa)


Por Aloísio


A tarde cai...
A noite vem... A noite vai
Manhã desponta
Nova tarde apronta.

Aloísio


Sobre a poesia do Beco de Pe. Lauro- Por Stela Siebra



Pois é, o beco de pe. Lauro perdeu o encanto, o mistério, a simplicidade e a cumplicidade.
Que graça tem esse beco asfaltado? sem fruteiras, sem calçamento de pedras, sem sapotis, sem iluminação precária à noite?
E essas fachadas de casas ou escritórios? Tudo tão sem graça...
Tá, eu sei o tempo passou,tudo se modifica, eu sei, mas que o beco ficou mais feio, ah, disso não abro mão.
Dentro de mim tem um retrato mais significativo de um beco, de sapotis, de um caminho para a Sé, para o Dom Bosco, muito mais pitoresco.
E isso enche minha manhã de alegria.

Tempo de Fé - Lula barbosa