Eu vivo falando de ti.
Normalmente em casas de estranhos.
Pessoas que nunca vi na vida
se por coincidência lembram
algum fato pitoresco e natural
da tua existência que marcou
a alma deles então eu logo
me emociono e lacrimejam
os meus olhos.
Por encanto fico íntimo
das pessoas e também comento
sobre tuas peripécias e ardilezas.
Falo de ti para as pessoas
com um brilho na voz
como se tu ainda
estivesses viva.
Hoje cheguei a te ver novamente.
E não importa a prisão tu continuas fulgurante.
Tentaram te fazer cantar.
Mas tu (como sempre foste)
faceira e temperamental disseste
em silêncio com as unhas na grade:
"só canto quando desejo e ponto final"
Eu explodi de felicidade
por tua mudez e atitude.
Talvez tu não saibas
mas a minha personalidade
(a mais sensível parte) foi afeiçoada
naquelas tardes em que eu te observava.
Sei tranquilamente
que naquelas tardes
tu já sabias do meu amor.
E ficávamos horas paquerando.
Desculpa-me, também sei que
às vezes eu te encabulava:
eu era uma criança.
Hoje eu falei de ti como nunca.
O pior é que sempre termino
falando da tua morte.
Dos meninos terríveis
que te envenenaram
com coca-cola.
Após odiar muito esses meninos
penso agora de outra forma:
deve ter sido uma aventura e tanto
experimentar a fórmula mágica
desse refrigerante molhando
o teu bico e descendo por tuas
cordas vocais
Nenhum pássaro canta
igual a ti, minha graúna.
Que o teu espírito
conserve-se perto.
E não te aflijas com a altura dos céus por minha causa.
Também adoro nuvens.
Um comentário:
Essa veio das entranhas da alma! Só quem as coisas ddo amor verdadeiramente pode sentir este poema!
Abraços grande
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