por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 28 de outubro de 2012

Uma sessão para baixar os "bons tempo". - José do Vale Pinheiro Feitosa


Cem anos após José de Alencar escrever seus romances com o espirito do Império de Dom Pedro II, as fazendas, as ruas, bailes e modas da corte, o leitor efetivamente pensava noutra era. O cinema transformara o tempo e o espaço, o rádio dera instantaneidade aos eventos humanos e nas ruas é o que se via: automóveis, iluminação elétrica, mercadorias vindas de enormes distâncias além da moda de natureza quase mundial.

Acontece que o senso de que ontem já é muito diferente de hoje veio se acentuando ao longo dos anos. Ou melhor: ao longo do século XX e início deste, uma década logo se perde tão logo alguém pensa em contatar algum símbolo de então. Uma das explicações deve ser a enorme massa de informações e estímulos culturais e de consumo que se desfrutam diariamente.

Há um soterramento da memória de modo que tudo envelhece numa rapidez que torna a longevidade conquistada na esperança de vida ao nascer, numa espécie de reencarnação contínua do mesmo personagem a vestir roupagens históricas distintas. Talvez esteja aí certo prazer em brincar de encontrar o que se foi em vidas passadas. Afinal se morre tantas vezes em vida.

Um exemplo? Aqui no Rio na rádio Globo, ali por volta do final dos anos 80 e início dos 90 havia um programa chamado Good Times, o passado de volta. E a grade de programação era toda com músicas que foram sucesso há até mesmo há menos de uma década. Menos de uma década e já pertenciam ao repertório do Good Times.

Em cada nota de música um pedacinho de recordação: Good Times Globo FM. Good Times, Globo FM, o seu jeito de amar....    

If - da banda Bread, formada por David Gates e Jimmy Griffin é um clássico Good Times

The Closer I Get to You - Roberta Flack e Donny Hathaway -  - essa foi clássica e o minutos de uma era ainda vigoravam e já eram Good Times.
Vincent - Don McClean - um Good Times até além da linha romântica, trazendo uma densa mensagem sobre o pinto holandês Vincent Van Gogh

Legata a un granello de sabbia - Nico Fidenco -  Não é bem do estilo do programa, que era centrado na música americana, mas caberia num estilo romântico dos anos 70 e a voz de Nico Fidenco foi muito bem cultivada pelos brasileiros e de fato é muito agradável. 



A vitória do Cid Gomes em Fortaleza é um agudo indicador para a próxima eleição de Governador - José do Vale Pinheiro Feitosa


Com uma diferença de 74.172 votos o candidato Roberto Claudio do Governador Cid Gomes ganhou a eleição para a prefeitura de Fortaleza, batendo o “poste” Elmano da atual prefeita. A vitória de Roberto Claudio aconteceu em 7 das 13 zonas eleitorais da capital onde ele ganhou com mais de 85 mil votos.  As vitórias mais expressivas aconteceram na Zona 1 e Zona 3 onde Roberto Claudio praticamente decidiu sua eleição com uma vantagem de 38.688 votos. Estas são as zonas das classes mais abastadas da cidade: Aldeota, Meirelles, Papicu, Varjota e mais o Centro e alguns bairros que já foram da elite há muitos anos como Jacareacanga, Joaquim Távora e Praia de Iracema. No entanto o candidato também ganhou com boa margem de votos em zonas de voto popular como a 112, 116 e 117.

O candidato Elmano teve vitória mais expressivas em 2 zonas, nas 114 e 82 que pegam a zona oeste da cidade, até a Barra do Ceará. A disputa foi equilibrada, com menos de 3% de diferença em quatro zonas 118, 94, 115 e 83. A rigor o resultado não foge muito do empate técnico encontrado nas pesquisas feitas próximas ao pleito. Com uma margem de erro de 3% a diferença no resultado final foi de 6%.

Algumas constatações das eleições cearenses. A “neutralidade” de Heitor Férrer ajudou ao candidato do Governador, uma vez que o peso de Heitor foi marcante no primeiro turno. A prefeita Luiziane jogou, como se diz no futebol, de salto alto. A história do “poste” que Lula soube explorar tão bem na eleição de São Paulo e em resposta à mídia conservadora do sudeste, parece não ter sido muito bem incorporada pelos cearenses, especialmente a classe média. Sem contar aquele papo do Elmano do voto popular contra o voto de rico: quando o Lula juntou os dois ele venceu, ao contrário sempre perdeu.

Os Gomes apontam uma sobrevivência política além do “migrante” Tasso Jereissati. Mesmo que o velho Senador Jereissati explique um pouco o Tasso, não foi por ele que o filho foi o que foi na política cearense, o momento histórico era outro. Já os Gomes têm o pulso da velha oligarquia cearense: sabem dominar os sertões e de vez em quando acertam na capital. A capital cearense continua rebelde, mas é preciso saber somar a rebeldia e com o estilo “gostosona” o foco se desviou. Nem sempre boas obras são suficientes para vencer eleições. Podem ser boas para certas áreas de cidade, mas não serem para o conjunto.

O futuro da família Gomes no Estado é promissor. Especialmente em razão que nenhuma força política nova se inventa no estado. Nenhuma região tem peso político para modificar nada, nem mesmo alguns municípios da região metropolitana. É muito provável que a próxima eleição de Governador se tenha um “poste” dos Gomes, maquiado como um bom gestor, para garantir o poder da família.

Onde surgir uma força nova? Leva algum tempo, até os Gomes ao vencerem várias prefeituras pelo interior representaram o novo. Uma indicação: o velho PMDB cearense, incluindo Eunício Oliveira é o velho a ser superado e não consegue ser uma alternativa a rigor.