Cem anos após José de Alencar escrever seus romances com o espirito
do Império de Dom Pedro II, as fazendas, as ruas, bailes e modas da corte, o
leitor efetivamente pensava noutra era. O cinema transformara o tempo e o
espaço, o rádio dera instantaneidade aos eventos humanos e nas ruas é o que se
via: automóveis, iluminação elétrica, mercadorias vindas de enormes distâncias
além da moda de natureza quase mundial.
Acontece que o senso de que ontem já é muito diferente de
hoje veio se acentuando ao longo dos anos. Ou melhor: ao longo do século XX e
início deste, uma década logo se perde tão logo alguém pensa em contatar algum
símbolo de então. Uma das explicações deve ser a enorme massa de informações e
estímulos culturais e de consumo que se desfrutam diariamente.
Há um soterramento da memória de modo que tudo envelhece
numa rapidez que torna a longevidade conquistada na esperança de vida ao
nascer, numa espécie de reencarnação contínua do mesmo personagem a vestir
roupagens históricas distintas. Talvez esteja aí certo prazer em brincar de
encontrar o que se foi em vidas passadas. Afinal se morre tantas vezes em vida.
Um exemplo? Aqui no Rio na rádio Globo, ali por volta do
final dos anos 80 e início dos 90 havia um programa chamado Good Times, o
passado de volta. E a grade de programação era toda com músicas que foram sucesso há até mesmo há menos de uma década. Menos de uma década e já
pertenciam ao repertório do Good Times.
Em cada nota de música
um pedacinho de recordação: Good Times Globo FM. Good Times, Globo FM, o seu
jeito de amar....
If - da banda Bread, formada por David Gates e Jimmy Griffin é um clássico Good Times
The Closer I Get to You - Roberta Flack e Donny Hathaway - - essa foi clássica e o minutos de uma era ainda vigoravam e já eram Good Times.
Vincent - Don McClean - um Good Times até além da linha romântica, trazendo uma densa mensagem sobre o pinto holandês Vincent Van Gogh
Legata a un granello de sabbia - Nico Fidenco - Não é bem do estilo do programa, que era centrado na música americana, mas caberia num estilo romântico dos anos 70 e a voz de Nico Fidenco foi muito bem cultivada pelos brasileiros e de fato é muito agradável.