por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 2 de julho de 2012

"Quem" ??? – José Nilton Mariano Saraiva

Da passagem dos "sobralenses" Ferreira Gomes pelo Crato a fim de participar da convenção do partido que definiria o candidato do PSB que concorrerá à prefeitura da cidade,  uma dúvida atroz “pintou no pedaço”: afinal, "quem" governa o glorioso Estado do Ceará ??? O irmão mais novo, Cid, que foi eleito democraticamente e tá lá sentado no trono, ou o irmão mais velho, Ciro, que já faz tempo se acha desempregado, porquanto reprovado pelo povo nas urnas ???  Ou teríamos um governador “oficial” e um outro “oficioso” ???
Fato é que, quando foi questionado sobre a “inoportunidade” da aplicação de uma montanha de dinheiro na construção do tal “aquário”, em Fortaleza, ao invés de priorizar a Educação (em estado pré-falimentar em todo o Estado), o Governador viu-se literalmente “atropelado” pelo irmão mais velho, que, de forma deseducada, descabida e atabalhoada, teria afirmado que a questão do “aquário” era com ele, que ele seria o responsável pela sua construção, não tinha satisfações a dá a ninguém e PT saudações; ato seguinte, possessivo e descontrolado, desceu do palanque e partiu pra cima dos estudantes da URCA, que no seu entendimento estariam perturbando o ambiente (naturalmente que só o fez sabendo-se cercado de um exército de parrudos seguranças, já que sozinho não teria coragem pra tal). Ou não é recorrente essa sua valentia sob tais condições ???
O que se espera é que a universitária da URCA, Jeani Matias Costa, que se disse agredida pelo senhor Ciro Gomes e registrou “Boletim de Ocorrências” a respeito, não abra mão do seu direito de defesa e, junto com o Sindicato da categoria, acompanhe “pari-passu” o desenrolar da questão, não permitindo que interferências de cunho político (e elas vão se fazer presente, sim) abortem o andamento do respectivo processo legal junto  à esfera competente (policial) acionando, se necessário, o próprio Ministério Público Federal.
Afinal, já passou da hora de se dá um basta nas bravatas dessa figura que os áulicos vivem a rotular de “valente e corajoso”, mas que, emocionalmente instável, rédea pequena e pavio curto, já mostrou, em diversas ocasiões, não ter condição de conviver democraticamente com os diferentes.
A propósito, não custa lembrar que, ao alvorecer do próximo mês de agosto Ciro Gomes deverá comparecer ao Fórum Clóvis Bevilaqua, aqui em Fortaleza, a fim de, diante das autoridades competentes, prestar esclarecimentos sobre sua afirmação pública de que os militares em greve não passavam de “MARGINAIS FARDADOS” e “BANDIDOS QUE NÃO HONRAVAM A FARDA”.
Tai, nunca votamos nos Ferreira Gomes nem no Tasso Jereissati (e disso nos orgulhamos), mas se referido senhor confirmar/reafirmar tudo o que disse não teremos a menor dúvida em sufragá-lo para qualquer cargo que se candidatar... ad eternum.    

  

Deus me vê- T. Lisieux Maia*



Estudei em um colégio que nos apresentava uma educação rígida e competente, ética e reflexiva, séria e afetuosa. No pátio do recreio no alto da parede havia escrito em letras graúdas, a frase: “Deus me vê”. Sempre que lia este aforismo ele me levava a refletir com toda minha imaturidade adolescente e me perguntava: como Deus me vê? Criativa, inteligente ou ingênua? Conhecedora das realidades ou aprendiz da vida? O incrível é que, ainda hoje, lembro desse pátio dominada pela certeza de que, seja qual for a situação, Deus me vê.
Lendo “A República” de Platão, obra que ultrapassa seu próprio tempo com sua grandeza e atualidade filosófica eu me deparo com a Lenda do Anel de Giges, sobre um pastor da região da Lídia na Grécia antiga. A narrativa de Platão nos conduz a uma reflexão sobre a questão do SER ou apenas PARECER uma pessoa justa e de caráter firme. A lenda nos conta que o jovem lídio ao pastorear seu rebanho de repente se encontra no meio de uma violenta tempestade seguida de um terremoto abrindo-se em consequência uma fenda enorme no solo. Curioso o pastor desceu ao fundo do precipício descobrindo com grande assombro um cavalo de bronze oco e com largas rachaduras em seu corpo deixando ver maravilhas no seu interior e ao lado um cadáver de tamanho incomum para um homem. Trazia na mão um anel de ouro do qual se apoderou partindo sem nada mais levar. Em seguida se encaminhou para a reunião dos pastores e lá, inadvertidamente, girou o engate do anel para a direita e depois para a esquerda percebendo após algumas repetições desse gesto que se tornava invisível ao olhar dos outros. Ciente disso usou esta prerrogativa para agir de modo torpe e cruel, em nada o diferenciando do mau.
Platão nos leva a pensar sobre ser justo e bom, ou simplesmente parecer justo e bom. Todo indivíduo acha que parecer injusto é mais vantajoso do que ser justo? A extrema injustiça para o filósofo grego consiste em parecer justo não o sendo, enquanto o justo, homem simples e generoso deseja, não parecer, mas ser justo e bom e se manter assim inabalável até a morte. Quem é o mais feliz dos dois? Deixemos com a consciência de cada um a resposta.
O que aprendi é que a firmeza de caráter deve ser formada desde a infância e com muito cuidado. Não apenas porque Deus me vê, mas porque a educação deve ser tingida de cor púrpura, bem preparada no tecido branco e na tinta para que o tempo não venha a desbotá-la em nenhuma circunstância. De posse do conhecimento, cada um deve fazer suas escolhas na hora da ação.
Ao não imprimir a marca da educação e agindo de modo a tentar enganar-se a si mesmo apenas parecendo bom, terá mais cedo ou tarde a certeza de que Deus nos vê a todos e em todo momento.
A firmeza do caráter que foi tingido com cuidado, forjado na educação das virtudes modela a alma com a marca indelével que o educador imprimiu.

Para Dona Ruth e Prof. José Newton

* T. Lisieux Maia é Mestra em Filosofia Contemporânea pela Universidade Federal do Ceará - UFC e Professora de Filosofia na Unifor. Publicou os livros “Metodologia Básica”, “Reminiscências de Sócrates”, “Que ë Filosofia? (ou ainda, filosofar?)”, “Metodologia Científica: produção de texto técnico” os artigos “Nietzsche: a fronteira entre o ateísmo e o agnosticismo” e “Antígona: o trágico da ação e o aprendizado de si”.



Sinhá
Chico Buarque

Se a dona se banhou
Eu não estava lá
Por Deus Nosso Senhor
Eu não olhei Sinhá
Estava lá na roça
Sou de olhar ninguém
Não tenho mais cobiça
Nem enxergo bem

Para que me pôr no tronco
Para que me aleijar
Eu juro a vosmecê
Que nunca vi Sinhá
Por que me faz tão mal
Com olhos tão azuis
Me benzo com o sinal
Da santa cruz

Eu só cheguei no açude
Atrás da sabiá
Olhava o arvoredo
Eu não olhei Sinhá
Se a dona se despiu
Eu já andava além
Estava na moenda
Estava para Xerém

Por que talhar meu corpo
Eu não olhei Sinhá
Para que que vosmincê
Meus olhos vai furar
Eu choro em iorubá
Mas oro por Jesus
Para que que vassuncê
Me tira a luz

E assim vai se encerrar
O conto de um cantor
Com voz do pelourinho
E ares de senhor
Cantor atormentado
Herdeiro sarará
Do nome e do renome
De um feroz senhor de engenho
E das mandingas de um escravo
Que no engenho enfeitiçou Sinhá


Se Eu Soubesse (part. Thais Gulin)
Chico Buarque

Ah, se eu soubesse não andava na rua
Perigos não corria
Não tinha amigos, não bebia, já não ria à toa
Não ia enfim
Cruzar contigo jamais

Ah, se eu pudesse te diria, na boa
Não sou mais uma das tais
Não vivo com a cabeça na lua
Nem cantarei: eu te amo demais
Casava com outro, se fosse capaz

Mas acontece que eu saí por aí
E aí, larari, lairiri

Ah, se eu soubesse nem olhava a lagoa
Não ia mais à praia
De noite não gingava a saia, não dormia nua
Pobre de mim
Sonhar contigo, jamais

Ah, se eu pudesse não caía na tua
Conversa mole, outra vez
Não dava mole à tua pessoa
Te abandonava prostrado a meus pés
Fugia nos braços de um outro rapaz

Mas acontece que eu sorri para ti
E aí, larari, lairiri
Pom, pom, pom..

Ah, se eu soubesse nem olhava a lagoa
Não ia mais à praia
De noite não gingava a saia, não dormia nua
Pobre de mim
Sonhar contigo, jamais

Ah, se eu pudesse não caía na tua
Conversa mole, outra vez
Não dava mole à tua pessoa
Te abandonava prostrado a meus pés
Fugia nos braços de um outro rapaz

Mas acontece que eu sorri para ti
E aí, larari, lairiri

Um filme interessante!





Música maravilhosa :Petite Fleur !

Por Chagas


parece uma coisa
parece uma coisa
mas toda vez que penso nela

o céu fica mais limpo
e as músicas que mais amei
voltam ao meu pensamento
tenho vontade de dançar
mas eu não sei

o mar do meu coração se acalma
dá pra sentir as águas mansas
roçando na areia
devagar devagar devagar
num beijo que nunca acaba
e se estende por uma vida e meia

as luzes da cidade dão o aviso
de que a noite vem vestida toda
com aquela aura de loucura
em que todos os desatinos se cometem
por aqueles que não se cansam
eu entre eles
e se perdem numa vã procura

parece uma coisa
mas toda vez que penso nela
brota uma flor do meu peito
e isso não tá direito...

Dialética - por Viniciíus de Moraes


É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...