por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Rio Madeira - Por José de Arimatéa dos Santos
Meu mundo por um cheiro - José do Vale Pinheiro Feitosa
O quê nos fez mudar de sentido é um estudo antropológico que apenas especulo. Sem fundamentos. Mas não deixa de haver certo estímulo do cinema e da telenovela. O beijo é a multinacional do carinho entre duas pessoas e as imagens estimulantes vieram daquele meio.
Foi assim que sentir o odor do outro foi substituído pelo sabor de pele, cabelos e mucosas. Mas é verdade que o beijo também aspira algo olfativo que do outro evola-se. Mas o sentido central do cheiro foi para as margens da cultura.
Nem tanto. Não dar para ir com a antropologia tão longe assim. O senhor mercado mostra um promontório muito elevado. O Brasil hoje é o maior mercado de perfumes do mundo. Ganha até mesmo dos EUA, enquanto consumimos U$ 6 bilhões em perfume, os EUA consumiram U$ 5,3 bilhões.
O título de mais cheiroso ganhamos de lambuja dos gringos, além de gastarmos mais na conta total, aplicamos mais por pessoa. Eles têm uma população de 308.745.538, enquanto o Brasil tem 190.732.694 isso nas contas dos censos de 2010. Sendo os mais cheirosos, resta saber quem são os mais cheirosos entre nós.
Já adivinhou né? Claro que não falaria em perfume se a vantagem nordestina não fosse de humilhar o sul maravilha. Enquanto 90% das famílias nordestinas gastam com perfume, apenas 40% da prole familiar o faz no sul do país.
E sabem mais? Os nordestinos tomam vários banhos ao dia e por isso gostam mais das colônias tipo splash que duram menos tempo na pele. Os nordestinos não precisam que os perfumes se fixem muito tempo entre 12 e 24 horas, pois antes disto já haverá um novo banho.
E como gostamos mais de perfumes e sempre estamos retirando algum das prateleiras dos mercados para as nossas bolsas de compra, resulta que as companhias que fabricam perfume não façam tantas promoções na região. Isso é coisa lá para o sul, que precisam ser convencidos a se perfumar. Os nordestinos já o fazem mesmo.
E ainda vieram uns cabras fedorentos querendo amolecer Lampião só por que o sujeito usava perfume. Homem em baile é ambiente perfumado. É dançar para sentir o cheiro.
Eu quero um cheiro.
Um cheiro de você.
Uma fragrância do quarto em que tu nascestes.
Vertente dos aromas que destilam os mistérios da vida.
Arco do Tempo - Paulo César Pinheiro
(Paulo César Pinheiro)
Eu tenho um barco por dentro
Seu rumo é a curva de um arco
Seguindo o arco do tempo
Que puxa a corda do barco
O barco é o meu sentimento
No mar do peito eu me encharco
Em qualquer ponto do tempo
Eu passo e finco meu marco
Meu rastro é o verso que eu deixo
Formando um mar de sargaço
E quanto mais mar eu vejo
É mais um canto que eu faço
Já fiz um círculo e tanto
Cruzei um século inteiro
Morrer eu vou, mas meu canto
Jamais vai ter paradeiro
P.S. Esta música dá título ao CD de Soraya Ravenle, lançado neste ano.
Convite !
Traduções & Tradições
“O fim da arte inferior é agradar,
o fim da arte média é elevar,
o fim da arte superior é libertar”
Fernando Pessoa
O Centro Cultural Banco do Nordeste, no seu aniversário de cinco anos, tem muitas razões para comemorar o apagar das velinhas e o talho do bolo. O Centro trouxe a força gravitacional necessária para atrair as mais diversas formas de arte e a caixa amplificadora para dar ressonância às mais diversas expressões artísticas de que o Cariri é reconhecidamente um celeiro. O Centro Cultural somou suas forças ao trabalho já encetado há muitos anos pelo SESC e hoje é possível dizer que a os rumos da Cultura aqui na nossa região dividem-se em aC e dC ( antes e depois do Centro).
No último dia 29 de Abril, subiu ao palco, num memorável show de aniversário, uma plêiade de artistas representativos daquilo que se vem fazendo de melhor em música contemporânea no Ceará. De um lado a TRADIÇÃO configurada na batida inconfundível e telúrica dos “Zabumbeiros Cariris”, com seu canto úmido de misticismo , grávido de húmus. O canto que teve a participação especial de Luciano Bryner e que nos aviva na alma nossas profundas raízes pernambucanas que saltam do Maracatu de Baque Virado, dos Caboclinhos, do Coco de Praia.Na outra extremidade os músicos caririenses mais representativos, no seu trabalho autoral, e que digeriram toda nossa cultura popular mas temperada com as mais diversas influências da música/poesia universais . Trazendo-nos o contraponto imprescindível das “TRADUÇÕES”. Todos eles , incrivelmente, com mais de quarenta anos de estrada, mas provando-nos ,a todo instante do Show, que a boa arte é libertária e atemporal.
Abidoral Jamacaru , Luiz Carlos Salatiel, João do Crato esmeraram-se em trazer à ribalta o que existe de mais clássico no repertório da música caririense: “Lua de Oslo”, Prá ninar o Cariri”, “Lá de Dentro”, “Limite”, “Oriente”, “Vida”, “Cuba”, “Coco pra Azuleika e Asa Branca” e tantas outras. A poesia icônica de Geraldo Urano brilhou como se saísse dos refletores, junto com um universo de compositores cearenses: Pachelly Jamacaru, Ermano Morais, Eugênio Leandro, Amélia Coelho, Cleivan Paiva, Luiz Gonzaga... A banda trazia a competentíssima batuta de Ibbertson Nobre nos teclados /Sanfona, Rodrigo(Bateria) , a percussiva presença dos Zabumbeiros, além dos inconfundíveis baixo/violão de João Neto.
A casa estava cheia de uma platéia entusiasmada e participativa e que em voz uníssona confirmava: Um Show para se ver e rever! Um show que precisa sair do casulo e ganhar os palcos do Ceará e do Brasil !
Esta é a nossa Arte: a expressão maior de que aqui estamos vívidos e vivos. Mídia do Brasil, nem só Traições vive o Show Business! Que tal Tradições & Traduções ?
J. Flávio Vieira
Entre o "S" e o "B"

Dias de chuva- Por Socorro Moreira
Quem tem essa música gravada por Nana Caymmi?
TODO UM SEMPRE - Rosa Guerrera
ABRIR AS PORTAS PARA O AMOR - Rosa Guerrera
" Versos Baianos Sem a Letra 'O' "

Tem reza, festa e magia.
Quem nasce na minha terra,
Canta e dança de alegria.
E sempre deseja exaltar
A sua querida Bahia.
*
A Bahia tem mandinga
Tem prece pra quem quiser.
E jamais nega a alguém
A certeza que vem da Fé.
*
Gil, Bethania e Gal
Trazem uma alma musical.
Yvete, Daniela e Chiclete
Representam seu carnaval.
E "Caê" sempre será
Um representante sem rival.
*
Caruru, cuscus, abará,
Vatapá, acarajé,
Munguzá ... Mas que delícia !
E a canjica também é.
*
Mãe África sempre presente
Nessa terra de alegria.
Alegria dessa gente
Que esbanja simpatia.
*
Venha " my friend",
Aceite !
Venha viver na Bahia !
*
( Corujinha Baiana - 08/12/2009 )
Cartas de Amor- socorro moreira
ELE VEIO DE LONGE- por Norma Hauer
A ESTRELA DALVA - por Norma Hauer
Em 9 de maio de 1895 nascia Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira - Por José do vale Feitosa
Um amor para sempre - Emerson Monteiro
RECORDO AINDA
Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...
Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...
Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:
Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente!...
Mario Quintana
O TRÁGICO DILEMA
Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.
Mario Quintana (Caderno H)
I
Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!
Mario Quintana - A Rua dos Cataventos
DO ESTILO
O estilo é uma dificuldade de expressão.
Mario Quintana (Caderno H)
DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!
Mario Quintana - Espelho Mágico
PROJETO DE PREFÁCIO
Sábias agudezas... refinamentos...
- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.
Mario Quintana
AH! OS RELÓGIOS
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...
Mario Quintana - A Cor do Invisível