Lembrei a canção que o Orlando Silva gravou. Uni-me ao compositor, e percebi a dor das folhas secas, abatidas pelo vento, envergadas por falta de viço e de vida.
Apenas lá, esperando o açoite dos ventos.
É como uma rosa seca, escondida nos livros do passado... Perdeu o cheiro, mas sabe contar histórias.
É como amores fenecidos, ainda misturados, a tantas coisas vivas, merecem o respeito de ser reintegrados ao útero de uma terra viva.
Que tudo se transforme em pó: as velhas palmeiras, pessoas, coisas... Que possam estrumar novos sentimentos, recriarem-se!
Doeram-me aquelas palmas acanhadas e secas, sem o carinho e a dança do vento. Combinam com o final do dia, entre a rosa e o grafite.
A natureza na ausência do sol enluta-se.A lua, eterna viúva, numa fase de alegria, chega com o seu bando... Bando que pisca, faísca ,e assume seu posto, na festa da boemia.
Choram as flores, seus orvalhos... Nuvens também se dispersam ou se condensam, quando finda o dia.
O tempo esquentou. Troco meu costume, e na seda me aconchego, como num corpo do amante.
Corpos secos, roupas brancas, marfim... Como os velhos coqueiros, que agora vejo, vestidos no terreiro, com a roupa do fim!
Socorro Moreira
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