Era um dia frio de Junho, em Friburgo, próximo à Copa de 94.
A casa estava florida para esperar amigos.Uns já haviam chegado. O último convidado, o especial, chegaria naquele dia, e eu ultimava os últimos retoques na cara e na casa.Ele instalado no meu coração se instalara em todos os meus porta-retratos. Com o coração aos pulos dirigi-me à Rodoviária local, com vistas ao ônibus que chegaria de Brasília.
Impossível não enxerga-lo de cara. Era o mais alto dos passageiros que desciam. Uma pequena e graciosa mulher o acompanhava.
-Esta é Simone, minha parceira de viagem.
Controlei o brilho do olhar, fechando-lhe a cortina da alegria, mas consegui abrir o melhor dos meus sorrisos...Aquele de compreensão imediata!
Quando estacionei o carro em frente á minha casa, enquanto eles lidavam com as suas mochilas, corri e escondi todos os porta-retratos, que nos denunciavam.
Apertei o cinto, relaxei, e me dispus a viver uma aventura inesperada. Conviver estoicamente com o meu amor e a sua namorada. Botei cadeado nas expectativas amorosas, e entreguei-lhes o meu quarto de hóspedes.
A casa virou uma festa: música dança, fogueiras no quintal, bebidas e fartura de quitutes. Uma semana, numa cratera da lua!
Novamente sozinha, sentimentalmente repensada, aprendi que o coração sabe levar sustos nas chegadas e nas partidas. Não Morre disso.
Dias futuros viriam com Simone ou com Marias.
Reencontramos-nos na festa de Natal daquele ano.Brindamos a paz do amor universal. Nunca mais seríamos namorados, mas seríamos sempre um casal, se ele três anos depois não tivesse partido, em definitivo.
Fim de ano de 1987.
Festa nas estrelas, pra receber um grande artista. Choram Marias com ciúmes das estrelas piscantes e dançantes.
Pisca de lá uma lua. Eu repisco, na mesma linha, numa cumplicidade misteriosa.
Amores especiais vivem no etéreo. São visitas com rede sempre armada na nossa casa, mas as redes vivem num balanço solitário. Eles não ficam.
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