por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Golberto x Moreirinha



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"Glberto Milfoint (João Milfont Rodrigues). Cantor e compositor nasceu em Lavras da Mangabeira/CE em 7/11/1922. Cantou em público pela primeira vez aos 14 anos, convidado pelo seu tio para o programa Hora Infantil, na PRE-9, onde trabalhou, mais tarde, como diretor artístico.
Integrou também um regional com Zé Cavaquinho (José Meneses), na época em que sua voz de adolescente se assemelhava muito à de Carmen Miranda. Na fase de mudança de voz, afastou-se da carreira por dois anos, retornando para cantar no mesmo programa em que estreara.
Naquela época, os discos lançados no Rio de Janeiro demoravam muito a chegar ao Ceará e para que seu repertório não ficasse ultrapassado, por conselho de um amigo aprendeu taquigrafia. Assim, ouvindo emissoras cariocas, taquigrafava as letras, enquanto a irmã gêmea, Maninha, prestava atenção na melodia.
Com esse método, chegou a apresentar em primeira audição no Ceará, antes mesmo de sair a gravação de Orlando Silva no Rio de Janeiro, a música Atire a primeira pedra (Ataulfo Alves e Mário Lago), que só seria lançada no Carnaval de 1943.
Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1945, e estreou na Rádio Mayrink Veiga, quando compôs um samba que levou ao Cassino da Urca para Dick Farney ouvir. No ano seguinte, Dick Farney lançou Esquece, e ele gravou seu primeiro disco, com a orquestra do maestro Gaó na Victor, com duas canções de Joubert de Carvalho, Geremoabo e Maringá.
Também em 1946, lançou dois sambas de Claudionor Cruz e Pedro Caetano, Estão vendo aquela mulher e Apelo, na Victor, e, para o Carnaval do ano seguinte, O meu prazer (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), seu primeiro sucesso. Por intermédio de Luiz Gonzaga, fez um teste na Rádio Nacional em abril de 1948, sendo aprovado por unanimidade. Estreou no programa A Canção Romântica, como convidado de Francisco Alves.
Em 1949 gravou o samba carnavalesco Um falso amor (Haroldo Lobo, Milton de Oliveira e Jorge Gonçalves) e, em 1951, Pra seu governo (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), na Victor. Ainda em 1950, Lúcio Alves lançou o samba Não devemos mais brigar (com Milton de Oliveira).
Como cantor, obteve outros sucessos com o bolero Senhora (versão de Lourival Faissal), e, do mesmo gênero e autor, Que será de ti, além dos sambas As aparências enganam e Castigo (ambos de Lupicínio Rodrigues).
Entre suas composições de maior êxito estão o samba Reverso (com Marino Pinto), de 1950; Tudo acabou de 1951, e, em 1952, o samba-canção Você vai (ambos com Milton de Oliveira). Outras músicas de sua autoria que tiveram sucesso foram Fui tolo, o samba-canção Talvez (com Marino Pinto) e Desfeito (com Mary Monteiro).
Em 1954, transferindo-se para a Continental, lançou Valei-me, Nossa Senhora (Paquito e Romeu Gentil) e Amor secreto (versão de Chiaroni). Gravou ainda, a pedido da direção da Continental, o Hino a Getúlio Vargas (João de Barro). Por essa época deixou de cantar, continuando, porém, a compor. Trabalha no Projeto Minerva, da Rádio MEC, no Rio de Janeiro. "

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.
Eu sinto uma quase ternura sentimental por Gilberto Milfont. Filha de boêmio , minha vida era sonora 24 h por dia. Meu pai só entrava em casa cantando , e saia assobiando, uma valsa , um samba antigo. Entre os seus preferidos estavam Francisco Alves, Orlando Silva, Nelson Gonçalves , Carlos Galhardo , ... e Gilberto Milfont!
Contava-me que foram meninos , nas ruas do Crato , e participaram de programas de calouros , na antiga Rádio Araripe. Enquanto Gilberto ficava com o primeiro lugar, ele ganhava o segundo , e os dois ficavam felizes ! Num tempo em não tínhamos internet, os consumidores de música ficavam á mercê dos programas de rádio , e dos minguados discos de cera, que chegavam racionados. Papai se abastecia em "Seu Hilário Lucetti ". Encomendava os lançamentos , chegavam, e a radiola era acionada em toda altura.
Entretanto , até os úlimos dias da sua vida , ficava catando e desejando músicas interpretadas por Gilberto Milfont, uma vez considerado um dos melhores intérpretes do cancioneiro popular, e uma das vozes mais bonitas do Brasil.
Na biografia acima, senti falta de uma referência maior : a valsa "MIMI", que o meu pai cantava e ouvia, na voz do Milfont. Pequena ainda, ele analisava a letra para mim, e alertava: veja o que esse verso diz ..." um eclípse do sol com o luar... Isso não existe, mas é poético e lindo demais !"
Meu pai era assim ... Uma figura pra lá de especial . Dizem que sabia ser amigo, e eu digo ...Sabia ser o melhor pai do mundo !



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