por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Minha alma invade a madrugada


Alma boêmia...
Busca nas ruas
respingos do dia.
Passos na calçada
de gente criada...
Passos no astral
de gente imortal!

Vigia da madrugada
amante da noite
no cheiro de dama
jaz embriagada!

Sons noturnos
libertam esta alma
Um solar difuso
prende a sua cara

Metade dos sonhos
adormecem sem asas...
A outra metade,
nos sonhos se acha!

Alma invasora
dos anjos perdidos
alma azulada
sem halo, nem faro
carrega no bico
o som de uma flauta
Busca no espaço
sua lira amada!

Encontra na escala
um teclado mágico...
Expressa em melodia,
esta madrugada...
Até que o dia,
lhe encha de graça!

O Belo Rio da Vida
.
Riacho lácteo
de seixos, de seios
colo lavanda
balança no leito...

Pedras limadas
jogadas na beira
Iaras, ninfetas
no rio se ajeitam
no espelho das águas
arrumam os cabelos
Com fitas e rosas,
esperam Narciso...
Que tarda, e não chega!

Rio navegável
enluarado de loucos
nele se atira
meus sonhos de moço
esperam o feitiço
de um canto...
De um bicho...
De uma flor do mato
que um peixe fisga!

Rio sereno
águas turmalinas
acolhe o pescado
oferta uma isca
salga com choros
o veio que salta
nos mares bravios.

Rio cansado
das águas paradas
reduto esquecido
na orla florida
perfuma o gemido
dos ais afogados
de todos os sonhos
que encontram o destino!

Quando eu era Imortal
.
Imortal... Antes e depois da vida
Imortal é Deus, criança
fantasma, louco...
Um pouco imortal, somos...
Quase o tempo todo!
Mortal é o presente
sempre tão corrente
mortal é o passado
sempre acontecido!
Imortal é o futuro
eterno prometido!

Quando fui imortal
nem me percebi
quando amanheci,
morri todo dia...


E agora,
que faço com os amores,
que se imortalizam?
Mortais são os sonhos
que em mim, terminam!


NO SILÊNCIO DAS ÁGUAS
.
E as águas de março, no rio desaguaram?
Acomodaram-se no silêncio domingueiro
Fugiram do estresse de todas as feiras
Guardaram-se para os mares que não vêem.

Nos pequenos comas, nada parece existir
Com exceção dos próprios sonhos.

Quando desperto, procuro teus recados...
Uma palavra de mimo, um sorvete no verso

Silêncio de uma ponte quebrada é quase mortal
É um Deus nos acuda...
É medo do recomeço, sem a estrela principal.

Estou no caminho da fumaça...
E chego assim, naquela casa:
Toc, toc, toc... Tem gente?
A porta range...
A surpresa explode o abraço...
Encontro!

Fico calma, delicada,
e penso numa orquídea, enfeitando
a minha casa!

Dulce

Com Dulce não se discute
O pavio é curto
E o fogo é forte!
É pra matar ou morrer...
Mas quando seus olhos voltam
Lambuzados de mel
Fica linda a sua cara
Parece o povo do céu!
Distribui estrelas
No sorriso de marota
Se Dulce crescer,
vou à feira, e compro outra!

Ponte dos Suspiros
.
Tudo nos separa
Mas uma ponte invisível
sempre unirá a tua e a minha saudade!

Cheguei ao umbral do destino
porta estreita, sem caminho
encaro a viagem, sem os véus, que me atrapalham!
Sigo... Sem perder de vistas o rumo do infinito!
Tenho encontro com Osíris
Numa tarde de abril!

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