por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

1992


Era o dia 23 de Dezembro de 1992. Trabalhava na Plataforma de Atendimento da Agência do Banco do Brasil , em Friburgo-RJ, como Gerente de Expediente. Apartamento novinho e decorado para o Natal e Ano Novo. Alegre com a visita de uma amiga de Fortaleza, que viera de longe para as festividades daquele ano.
Agência lotada. Movimento atípico! Entra minha amiga esbaforida, e avisa, sem meias palavras: Socorro, o teto da tua sala desabou. Existia no andar superior ( Apartamento de cobertura) , uma piscina, justo em cima da minha sala de visitas.Inundação.Tudo estragado. Foi um Deus nos acuda. Arrumamos todos os móveis da casa , num único aposento , que permaneceu no seco. Arrumei a mala com coisas pessoais e fui para um hotel.Minha amiga desabou logo para o Rio de janeiro, e eu fiquei matutando sobre o que faria da vida.
Peguei um ônibus para o Rio. Da rodoviária fui para o Aeroporto, e embarquei para Brasília. Cheguei de surpresa na casa de Eduardo, um grande amigo, justamente, no dia 24 de Dezembro. O coitado já estava de mochila pronta para passar o natal com a família em Goiás.
Lembrei nessa hora que tinha um amigo do Cariri, trabalhando numa Agência do Banco do Brasil em Brasília. Ainda tinha algumas horas. Liguei, para algumas delas, e enfim localizei-o. Meio dia, ele foi ao meu encontro.
-Vim te buscar. Também estou sozinho, e vai acontecer o natal dos órfãos. Você é minha convidada!
O espaço era familiar, casa grande, e os convivas eram todos solteiros, e sem vínculos de famílias. Éramos todos amigos! Naquela noite me diverti como nunca. O dia foi amanhecendo, e ainda estávamos dançando “Odara” de Caetano.
Mas eu ainda teria o Ano Novo pela frente... O que faria daquelas pequenas férias compulsórias? Estava sem teto!
Fui pra rodoviária, e pensei: vou aventurar uma viagem para qualquer lugar do Brasil. Sorteei umas cidades, e a resposta foi belo Horizonte. Meia hora depois estava a caminho.
Bati na porta de Odete, minha ex sogra, que tinha um endereço constante, no Centro, e bem pertinho da Rodoviária. Quem abriu a porta foi meu ex marido. Imediatamente desisti de ficar, e justifiquei. Estava na rodoviária, mas o meu ônibus só vai sair à noitinha, então resolvi visitá-los. Conversei e dei um tempo por lá... Mais algumas horas estava outra vez dentro de ônibus rumo ao Rio, e já era o dia 30 de dezembro. Amanheci no dia 31, na rodoviária do Rio. Peguei outro ônibus para Friburgo, e três horas depois cheguei ao destino (?).
Tirei o carro da garagem e rumei para S.Pedro da Serra. Aportei na casa de Anita ( uma grande amiga). Anita não estava, mas a casa estava aberta. Só chegaria a noite com o marido e filhos.
Corri no comércio atrás do material para fazer uma ceia diferente. Comprei trutas. Fiz o prato com molho de amêndoas; um arroz com brócolis, uma salada, frutas frescas e secas, vinho, e uma musse para a sobremesa. Colhi flores, acendi velas perfumadas, e fiquei esperando os donos da casa. A surpresa foi enorme. Naquela noite me harmonizei com as pessoas que o destino havia escolhido como companhia para mim... Dei uma volta depois nos barzinhos da cidade. Abracei rostos simpáticos e estranhos ( na maioria). Dia seguinte primeiro de janeiro de 1993, voltei para o hotelzinho em Friburgo, e fui procurar uma nova morada. Um cliente do banco cedeu-me uma casa , que vivia trancada e abandonada. Uma semana de limpeza, e a casa brilhava! Foi nessa casa, dentro de um bosque de orquídeas, que morei, até quando despedi-me de Friburgo, em definitivo, alguns meses depois.
O próximo destino foi Campina Grande, onde Victor estava terminando Medicina. Estávamos, no dia que cheguei, quase às vésperas do natal de 2003... Mas essa já é outra história...!
Uma história incrível, que poderia ter sido romântica... Conto qualquer dia !

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