Começou Dezembro... Não visitei o centro da cidade. Iria procurar nas vitrines o toque dos natais antigos; ouvir músicas natalinas. Não quis arriscar. Aliás, ando um tanto chateada... Tenho reencontrado amigas do passado, em visita ao Crato, e é unânime: “Crato é uma princesa sem príncipe”!
Finais de semana, sexta, sábado e domingo, passearam nas praças, no calçadão, e só encontraram descuido e abandono. Escutei as lamentações: e você não se movimenta pra mudar a situação?
E acha que uma andorinha sozinha faz verão? Claro que a gente (população) é responsável, em parte, pela praça sempre suja de plásticos, papéis. Isso espelha a educação do seu povo.
E os buracos? E o chão pontilhado de negro, dos chicletes envelhecidos? Não, a praça nunca foi lavada; os canteiros não são cuidados, e a aparência é horrível. Até os artistas perderam a sua base, nos bancos da praça.
Entramos no “Olhar”, e fomos recebidas pela Gabriella. Outro desencanto. A moça tem intenções de criar um quartel cultural, mas tem sido podada, em todos os sentidos. Paramos no “Lá na praça”. Lugar agradável, onde é servido um lanche delicioso. Mas não se pode tomar uma cervejinha gelada (pedida do calor , nesse fim de ano), nem fumar (até entendo...); no Bem Doce tinha uma música alta... Inquietante! Eu que adoro música de todos os gêneros, descobri que nunca ouvira tocar nenhuma daquele repertório (alguém segredou: são das duplas sertanejas). A antiga Choupana estava um tanto sombria... Nem entramos. Voltamos para a praça. Ulisses Germano passou com um bandolim, e nos agraciou com uns chorinhos. O momento era mesmo nostálgico... Tipo hora da saudade. Gente era uma noite de sexta-feira, e a Praça da Sé, o coração pulsante de uma cidade interiorana estava feia, suja e triste. Como não lembrar um tempo, em que essa princesa foi linda?
Foi quando recebi o ultimato: escreva um texto, em que o título seja: Princesa sem Príncipe!
Fico bloqueada para falar de coisas tristes, na minha impotência de nada fazer.Só queria a minha cidade, pelo menos, limpa !
A foto é de Nilo Sérgio. Não tivemos coragem de fotograr o que vimos...
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