Cruzar o olhar
Era de intensa magia
Como ainda hoje...
Como em qualquer tempo
O olhar imagina, fura, entra...
Se entranha , como o Aracati
Hora feita é sempre carente da surpresa
Um bolero é canção das paradas sensuais
Um passo lá
Outro cá...
Nada além, no futuro do presente.
E nesse calor de novembro
a dança tem cheiro de gente
Não tem coração que mereça
Derreter eternamente.
“Eu necessito ver-te”.
Mais uma vez...”.
Altemar, vivíssimo.
Em surdina me acontece
Esqueço que abri a janela
E uma luz difusa
Em meu peito entra...
Atenda!
O amor sempre será
Como antes de antigamente
Um mistério
Um sonho ardente.
“Talvez fosse melhor”.
Que não voltasses
Talvez fosse melhor que me esquecesses...”
Sem princípio, e sem final.
O amor vaga, sem um cais.
Rumo a um paraíso nunca achado
Lá o tédio é impossível.
E nesse vazio abissal
Eu escorrego levemente
E misturo-me
Ao éter do sentimento
Sintonia num bolero
Faz valsar um par!
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