Depois de alguns meses de flerte incerto, ora olha, ora não olha, ora o cruzar do olhar, naquela noite de domingo, enquanto rodava na praça Siqueira Campos de braços dados com a vida e as amigas, Clara escutou o boa noite de Paulo. Todas se entreolharam, mas foi o coração de Clara que fez zoada, no descompasso !
Parou, e as amigas entre sorrisos assustados, se afastaram.
Paulo arranjou coragem, num cigarro "Capri"?
Ou foi a música da Frigidaire , que detonou o avanço ?
" Coruja, o nome que eu dei a um certo alguém, que passa e nem sequer olha ninguém, pensando só tá ela , no lugar..."
Olhos nos olhos, e a pergunta clássica , entrecortada : " quer namorar comigo"?
Uma resposta evasiva . Um sim decisivo por dentro, e um talvez cheio de pudores , na voz do momento.
- Sou nova, 13 anos incompletos... meus pais não vão aprovar. Morro de medo de uma surra; morro de medo de me apaixonar... Mas os olhos disseram sim , e o romance começou a se encaixar. Conversas doces, nervosas, palpitantes. Clara pela primeira vez, anrranjara um namorado.
Naquela noite , antes de dormir, escreveu no seu diário :
Ele encostou. Estamos namorando, e marcamos novo encontro, no Cine Moderno , sessão das 4 h, para assistir Elvis Presley !
Ao som de "love me tender " , o primeiro momento de intimidade : um simples roçar de braços ! E começou o mundo de encantos, lágrimas, prazer, e o cheiro das saudades !
-Era o dia 2 de Junho de 1964 !
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