por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Vida itinerante de uma bancária- Mauriti!

Maio de 1984


De Macaé, a bagagem foi mínima. Não comprei móveis. Fui hóspede !
Comprei passagem de ida Rio X Porto Alegre, com escalas em S.Paulo, Florianópolis , e Porto Alegre.
A volta seria quase o inverso , mas houve a extensão , face ao novo destino :Mauriti !

Do Rio , passei por Vitória do Espírito Santo, Ilheús , Salvador, Aracaju, Maceió, João Pessoa, Campina Grande e Mauriti. .... E o dinheiro acabou ! Ficou a entrada para um carrinho , Chevette Hatch, que paguei em leves prestações, por dois anos.
Queria ver o olhar surpreso do meu pai, visitando novas paragens, pela primeira vez. Em cada lugar que chegávamos, ele escrevia cartões para a minha mãe. Sem dúvidas, meu pai, foi o grande companheiro da minha vida !
Gostávamos das mesmas músicas, da noite, e das coisas boas.
Em Curitiba fizemos excursões para Paranaguá e Foz do Iguaçu. Ficamos na estrada, sem o casaco de frio, e sem as malas. Rimos bastante da situação. O casaco de couro tinha sido emprestado de um amigo, e deu trabalho encontrar um novo para substituí-lo.
Em Gramado não encontramos pousada . Tudo lotado.Arriscamos passar a noite num hospital central.
Ele fez amizade com uma enfermeira, e ganhou para o seu cigarro, uma garrafa térmica de café.Nas situações mais incómodas, ríamos , e nos divertíamos !
Nos extasiamos com as Cataratas do Iguaçu, e com o por-de-sol, no Guaíba.
Quando retornamos pelo Nordeste , já estávamos cansados de tanta orgia e beleza.
A chegada em Mauriti foi tranquila !
Novamente me avizinhei das raízes. Todos os dias , depois do expediente, visitava o meninos , na casa da avó, e me encontrava no parque Municipal com os amigos, hoje ainda identificados ... Carlos Rafael , Geraldo Urano,Calazans, Pachelly, Normando , Salatiel, e Nicodemos (que chegou do centro Sul para somar )!
Por dois anos vivi esse trânsito.
Fiquei boa parte , substituindo o Gerente Geral , Nacélio Oliveira , que foi nomeado para outra cidade,até Rochinha chegar. Gente boa , cidadão do Crato !
Foi a experiência mais humana e apaixonante da minha vida de bancária. Financiávamos roças de milho, feijão, algodão, e rezávamos com o agricultor por chuva , em prol dos ganhos, e da boa safra.
Amei aquela gente sofrida e de coração grande.
Apaixonei-me pela dor humana.
Apaixonei-me, na verdade, em todos os sentidos !
Pelas artes, pelos amigos, pela terra , e por todas as suas potencialidades . Senti o Divino em mim !

Mas a vida me pedia estrada. Solicitei à Direção Geral , uma comissão de Supervisora, num lugar limítrofe do País. Ela resp0ondeu-me com uma nomeação para bela Vista- MS. Com o coração despedaçado, três filhos no colo, encaramos as estradas poeirentas do Mato Grosso do Sul, até o destino final. Mas, Bela Vista, fica para um próximo capítulo !

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