por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Naquele tempo...




Rua da minha meninice
Dos primeiros amassos
Dos namoros na calçada
Do sol , na farda pregueada
De baixo dos braços
Um livro sem capa
Uma carta de amor
Um beijo roubado
Um vizinho que canta
Um menino que toca
Uma moça feia
Umas pernas tortas
Um cabelo comprido
outro usando bobies.
Serenatas , tertúlias
Calças de veludo
Cotelê, laquê,
Perfume da Mirurgya
Magnólias brancas,
organdi azul.
Acabou , chorou...
Se formou , casou ?
E a vida segue
e a rua muda
casas se desmancham
pessoas se encurvam...
O luar sozinho ,
vive nesse luto
Cadê a festa de tantos anos ?
Cadê nossos pais
e suas censuras ?
Cadê nossos sonhos
tão desajeitados?
Cadê aquele tempo ,
que eu não vi sumir...
Ainda espero um rosto
que eu nunca vi...
- O meu
No espelho da sala,
Cantava " a primeira lágrima "
sem saber sofrer.

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