Tenho visitado a minha mãe todos os dias, muito mais agora, depois da sua cirurgia. Sei que ela está cada vez melhor, e sem sequelas, porque voltou a contar de forma engraçada, as suas histórias.
Melão , apelido de um peão da fazenda de Chico Nunes , no interior do Piauí, chamava qualquer mulher de "Meloa": meloa nova, meloa baixa, meloa gorda...!
E por conta disso recebeu a alcunha que o personalizou .
Minha mãe passava férias na fazenda do pai, e estudava no Crato, na casa dos avós. Depois que concluiu os estudos , tornou-se professora, casou com meu pai, e foi ficando nas terras do Cariri.
Um belo dia , voltando da Escola, uma grande algazarra lhe chamou a atenção.Disseram-lhe que um doido do Piauí estava procurando a casa de uma Meloa nova, filha de uma Meloa gorda. O coitado estava faminto, sujo e maltrapilho , pelos vários dias de viagem, em transportes diversos: cavalo, jegue, caminhão...Nos seus "delírios , afirmava em tom desesperado, que não estava inventando prosa, que a mulher procurada existia, e deveria ter um endereço certo, porque era gente fina.
Minha mãe aproximou-se ,já de orelha em pé , reconheceu o caboclo, e foi logo gritando com toda sua força :
"Melãooooooo!!!!!!!!!!!!!!!
E Melão responde , com toda doçura, já com os olhos marejados : Meloaaaaa ...!
Trocaram um abraço, diante do olhar encismesmado de todos !
Levou Melão para nossa casa ( eu tinha uns 7 anos de idade), e com muito prazer escutei a história, e conheci Melão.
Ele sorria desdentando, e dizia: "E o povo pensou que eu fosse doido... Taí, eu na casa de Meloa, conhecendo uma Meloazinha ! "
P.S. Lembrei a alegria e expressividade da nossa amiga Stella. Pareceu-me vê-la contando esta história !
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