Dos 4 aos 14 anos, duvido que alguém tenha lido mais do que eu. A partir de então , dei uma maneirada , e passei praticamente a viver da leitura daqueles anos. Minha mãe chamava : " Maria do Socorro, vem almoçar; Maria do Socorro , dormir.; Menina, larga esse livro , senão tu vai ficar é doida !" O género ?
- Contos de fadas , romances, revistas em quadrinho, Mitologia, etc.
O primeiro da série foi "O Patinho Feio". A história dissolveu meus complexos de menina feia : gorducha, míope, cabelos encaracolados. Desafiei os padrões de beleza , como dizia minha avó :" louro, branco dos olhos azuis; corado que o sangue quer espirrar "!
Com Branca de Neve aprendi a cuidar da casa: varrer o chão, lavar a louça, arrumar o guarda-roupa, camas, e fazer uma comidinha gostosa.
Com Cinderela , me transformava , nos dias de gala: vestia uma roupa bonita, pintava a cara, arrumava o cabelo, e pisava bem, nos saltos. Dançava a festa toda , da primeira valsa ao último frevo.
Com o Gato de Botas , ousei chegar na frente do que eu desejava. Aprendi a ser ligeira , a usar na cabeça uma bota de sete léguas.
Com Rapunzel, entreguei todos os pensamentos entrançados, na busca dos sonhos de liberdade... E consegui !
Com Chapeuzinho Vermelho passei a identificar os lobos , os vigias da natureza, e ser delicada com as vovozinhas, afinal hoje com muito gosto, sou uma delas !
Com "Mata Sete de uma só vez" apreendi a não subestimar o inimigo , a respeitar e admirar o ser humano, uma vez que todos são ímpares, e possuem qualidades, que nos são complementares.
Com a Bela e a Fera, descobri que a beleza externa desaparece ou ressalta-se ! Bonito é quem sabe sorrir, transmitir paz, dizer coisas inteligentes, ser criativo, humano e sensível. O tamanho do nariz , já via em Pinóquio...Não é documento !
Com Dona Baratinha barganhei uns pretendentes... Mas acabamos indigestados, nas feijoadas do cotidiano , e o casamento foi ficando chato. Não dá pra permanecer infeliz por muito tempo.
Com João e Maria, aprendi a conhecer os caminhos de volta, e a recomeçar, sempre !
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