por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Deslembrança




Não me lembro de ti - por José do Vale Pinheiro Feitosa 

Logo tu, esse sinônimo de lembrança,
Esta exuberância de Chapada do Araripe,
De acordar a sonolência da preguiça,
De mover as moendas do engenho,
E depois aproveitar as águas levadas.

Como me esqueceria desta presença?
Capaz de flutuar no mais escuro da tristeza,
Submergir no manto inconcluso desta vida mutante,
E como as baleias esguichar alto as lágrimas sentidas,
Colhidas, firmes como o frutos de buriti da segunda-feira.

Não me lembro de ti,
Como nem lembro de mim,
De nós, deles, daqueles minutos selecionados,
Como o relógio da estação de trens,
A estátua da samaritana,
O Cristo de braços abertos,
A cidade a brincar de golfinho,
Fugidia, pulando e mergulhando nos abismos da lembrança.

Não me lembro de ti,
E mesmo que me digas,
mas eu me lembro de ti!

Juntemos a afirmação à minha “deslembrança”
Ambas se anularão como a antimatéria,
E ao final teremos:
Inteiros, destacados, com todos ângulos e lados,
Nós os deslembrados,

A nossa própria natureza.
A natureza que não precisa de lembranças,
Sobretudo energia a gerar no presente,
As lembranças quando o presente se tornar futuro.
Mas aí o futuro já será presente e tudo se resolve.


Socorro Moreira disse... 

Esses versos me deixam no presente do futuro,
sem deixar a saudade chegar.
Lembrar um papel,
quase em branco...
Sentir falta da mensagem
que chega, sem atrasos.
Que importa o esquecimento
e as lembranças ?
Elas são únicas, e nos deixam
confinados,
num sentimento estranho.
Nem quero dar nome aos bois...
O vaqueiro é José
O santo do Seminário é José
A festa de março
de quem é ?
E agora, José ?
Jesus , Maria , e todos os anjos
são velhos índios de uma tribo ambulante , mas confiante !
12 de março de 2010

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