por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Carnaval no passado


Na primeira infância eu tinha ouvidos para as marchas de Carnaval, sentia o cheiro de lança, e via das esquinas , o corso passando. Não tive fantasias feitas pela minha mãe. Tenho a impressão de que Carnaval na minha casa tinha o signo do diabo. Era festa profana !
Aos 7 anos , morava em Recife com a minha família. Meu pai , longe dos clientes da terra, ficou sem dinheiro. Entramos sem querer , no corso do centro de Recife. Naquele dia , voltávamos da praia, na carroceria da camioneta do meu pai. A música em voga era " me dá um dinheiro aí"... E eu calei na voz, a melodia. Não era próprio pedir ... !
Antes do primeiro casamento, consegui com muito intento, brincar um Carnaval , no Crato Tênis Clube. Estava lá meu namoradinho com outras meninas: ciganas, odaliscas !
Depois de casada, soltei a franga. Já não tinha a proibição da minha mãe. Pulei grávida, pulei, desbarrigada, fiz lindas fantasias, e algumas vezes, arrasei!!!
Em 1984, eu morava em Macaé (Rio de Janeiro). Na sexta-feira botei umas fantasias na mala, e corri pra rodoviária com destino ao Crato. Comprei passagem para Salvador, desci em Feira de Santana, peguei um ônibus para Brejo Santo, e um taxi para o Crato. Cheguei na noite da segunda-feira de Carnaval. Ainda teria dois dias de folia ! E dancei, e dancei !!! Tudo mágico, tudo lindo, tudo novo !
Não sei onde foi parar minha saia de cigana, com tantos véus coloridos , e um bustiê dourado.
Não sei aonde foram parar meus sonhos, meu carinho, escorregando , na boca, nos abraços.
Em 1990, dancei em cima de trio elétrico, em Salvador. Vi de perto esse povo famoso. Vi de longe os foliões , a massa baiana... Desisti de entrar na multidão. Senti medo da confusão.
Em 1992, desfilei no Carnaval de rua. Estava em Friburgo. Um Carnaval acanhado, levando em consideração as escolas de Samba do Rio...Mas a bateria da escola fez zoada dentro de mim. Pura emoção !
Depois desse tempo ainda busquei a alegria do Carnaval, nas ruas, nos clubes, mas ela se perdera, no tempo. Agora sem saudades, lembro todos os carnavais da minha vida, quando tinha pernas e pique... Quando chorava, na quarta-feira de cinzas !

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