Esperas nas madrugadas
O boêmio não chegava
Quando o dia clareava
Enfim, a porta rangia...
Seu corpo tremia
Fechava os olhos
Fingia um sono profundo
Um respirar magoado
Cheiro etílico impregnando o quarto
Embebedava-lhe o alívio de sabe-lo em casa
Dormia
Acordavam silenciosos
Por diversas culpas
Ai, que ódio,
Ser Amélia das Dores
Se Amália fosse
Cantaria um fado.
Os homens não adoçam bocas
Quando se sentem culpados
Penitenciam-se num silêncio grotesco
Pronto para o bote da explicação
Olhos desencontrados sem expiação
Desgaste contínuo
A vida não cola o que a noite quebrou
A vida descobre o que a noite ocultou.
Amélia perdeu o amor
No batom de uma desconhecida
Deixou a sua marca
Na gola que Amélia lava
Com suas próprias lágrimas.
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