por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 18 de setembro de 2020

ENERGIZAÇÃO (TEXTO PREMIADO – ABRH – RJ - EM 1994) E O AMOR DIVINO Ao homem coube a missão de compreender a sua própria vida. E na realização dessa missão suprema deverá constatar que somente a Verdade pode libertá-lo dos seus condicionamentos e hábitos instintivos. O esforço de superação produz o milagre de morrer ou transcender em vida. E nessa transcendência o homem muda o rumo de sua própria história. A qualidade de vida que todos nós buscamos, consciente ou inconscientemente, se consagra no testemunho de um fenômeno notável: o Amor. Amor - expressão de um fenômeno sem dimensão. Amor - palavra que não liga diretamente o significado real às nossas experiências de mundo. Amor - mistério que oculta a passagem de nossa existência por esse plano nesse pedaço de Terra e de cosmos. Passamos a vida inteira acreditando que amamos e que somos amados pelos outros. Até que, a vida reclama da morte e num último suspiro de ignorância morremos e nascemos banhados pela energia cósmica formidável. E aí não somos mais os mesmos. Mudamos profundamente. Nossa visão dá um giro de cento e oitenta graus, e a partir desse novo ponto ou ângulo vemos o que até então, nos era oculto, irreal, imponderável. Escutamos o som inaudível do silêncio interior. Tateamos a energia sutil da antimatéria invisível. Viajamos pelo espaço infinito da imaginação. Rompemos finalmente a barreira racional limitadora do ser pessoal. E nessa reviravolta existencial, uma nova consciência surge. Doce e Bela. Inteligente e sutil. Sensível e bondosa. O mistério se torna presente. E o presente passa ser o mistério. O mistério em nós mesmos. E nesse mistério morremos para uma outra vida. Deixamos a vida agitada, apressada, desequilibrada e desarmoniosa. Abandonamos o caminho da infância adulterada. E assim compreendemos que raras vezes paramos para sequer argumentar porque seguimos os passos automáticos de uma sociedade agonizante. Onde as guerras se sucedem. Onde a violência explode em cada esquina, em cada lar, em cada pessoa. Onde a neurose transforma nossas fábricas em manicômios produtivos. Onde os próprios homens são sutilmente transformados: homens-robôs, homens-máquinas, homens-automáticos, homens-insensíveis. Eficiência, produtividade, lucro, competitividade. Essas são as leis que regem o fluxo sangüíneo em nossas veias. O cérebro apenas automatiza a pressão sangüínea. E nesse contexto, o automatismo desse ser-mundo processa sutilmente as informações-sugestões vindas de todos os cantos possíveis da realidade organizada e moldada. A vida passa ser um mundo ritmado pelo consumo utilitário e pela necessidade crescente de produção: “quanto mais melhor” ou “quanto menos pior”. Segue-se a lógica do “mais melhor” e do “menos pior”. Mas, a Vida verdadeira real reclama e nos “cobra”: “decifra-me ou te devoro”. Somente a compreensão pode fazer com que retornemos a trilha da verdadeira vida e do verdadeiro amor. O mestre Freud havia nos alertado desses dois caminhos: o pulsão da vida e o pulsão da morte. Jesus Cristo, também, nos alertou sobre a necessidade de visualizarmos a diferença entre o joio e o trigo. Vários personagens da história procuraram deixar “pistas” desses dois caminhos, Mas, esses esforços se não foram em vão, pouco puderam fazer para mudar a nossa visão. A lei natural da conquista evolutiva já havia estabelecido os critérios: “cada um terá que descobrir a si próprio”. O grande sábio Sócrates deixou sua “pista” na célebre frase: “conhece-te a ti mesmo”. A qualidade de vida total - Amor é o caminho do Autoconhecimento na tarefa suprema de se realizar a grande conquista da consciência de si. O mundo que construímos é o reflexo da visão limitada de uma sociedade carente e inconsciente de suas enormes potencialidades individuais. A miséria externa é reflexo de uma riqueza interna ainda não conquistada. Da mesma forma, a poluição externa é reflexo de um ambiente interno contaminado. O homem é o princípio de todo processo de qualidade. Tudo surge a partir do homem em direção ao próprio homem. O homem é a raiz de todos os problemas humanos. Não conseguiremos melhorar a qualidade de vida do mundo em que vivemos, sem uma melhoria na visão que formou ou criou esse mesmo mundo. E o melhoramento da visão tem por base o desenvolvimento ou a sutilização da sensibilidade. A sensibilidade se apoia na diferença dos pólos ou naturezas de energias, ou seja, entre: o positivo (+) e o negativo (-), o inferior e o superior, o escuro e o claro, o ruidoso e o harmonioso, a morte e a vida. Mas, o próprio fenômeno da vida se manifesta de forma simétrica: no fóton temos partícula e onda simultaneamente. É a lei da complementaridade: a harmonia se complementa no equilíbrio. E o equilíbrio se complementa no reequilibro. A diferença entre esses dois momentum é a evolução do ser. Nesse contexto, a evolução é a transformação dos momentum, de existências: do instintivo para o racional, do racional para o intuitivo, do intuitivo para o amoroso. Nesse percurso existencial de experiências, o homem se completa em si mesmo. Tornando-se, uno e cósmico num único momentum de realização. Finalizando, o homem ao transcender suas próprias fronteiras existenciais de experiências, conquista o espaço livre da consciência no Amor cósmico de Deus-Pai. Conquista dessa forma a oportunidade de vivenciar a qualidade de vida total na transcendência do amor conhecido. Vivenciando o Amor impessoal, harmonioso, equilibrado e holístico. Nesse estágio de experiências, o homem finalmente compreende que a Verdade de sua autocompreensão o libertou de suas próprias criações de imagens irreais ilusórias a respeito de si mesmo. O homem muda e deixa de ser apenas uma personalidade (“persona” - significa máscara) iniciando uma nova fase como individualidade [pessoa] (o que não se divide - uno). O Amor é a referência que buscamos para encontrar o sentido correto da vida. No entanto, desconhecemos a sua manifestação. E devido a isso somos todos conduzidos a acreditar no sentido estabelecido pelo “Objeto do Amor” (o desejo). Mudar o sentido do fluxo da energia vital é a transcendência e a sincronização com todos os fluxos de energias do cosmo. Nesse sentido, o homem ao se polarizar corretamente se integra a grande sinfonia cósmica do universo de Deus-Pai. Segundo Fritjof Capra (O Tao da Física): “Heráclito ensinava que todas as transformações no mundo derivam da interação dinâmica e cíclica dos opostos, vendo qualquer par de opostos como uma unidade. A essa unidade, que contém e transcende todas as forças opostas, denominava Logos” (p.24). A vida é um equilíbrio holístico de energias em transformações hipervelozes entre dimensões físicas e metafísicas. Ela é, portanto, indivisível, inseparável e una em sua harmonia. Por isso, a compreensão da vida transcende a busca racional da ciência oficial. A intuição é o próximo passo na transformação da visão científica do cosmo. E tudo que a ciência oficial descobriu e vem descobrindo é conhecimento verdadeiro, porém incompleto sem a contraparte das descobertas intuitivas das ciências sagradas tradicionais. Todas as descobertas científicas modernas são analogamente falando como um “filme negativo” que necessita ser revelado pela sensibilidade de cada indivíduo para se transformar numa imagem nítida e inconfundível. Assim, quando as duas ciências (oficial e sagrada) se integrarem na consciência individual [pessoal] de cada ser humano as relações humanas se tornarão equilibradas e harmoniosas produzindo um ambiente altamente energético em evolução. Urge, pois que nos esforcemos na realização dessa tarefa suprema de unir a ação de “vigiar” (participar/investigar) com a ação de “orar” (contemplar/meditar), conforme havia prescrito o mestre Jesus Cristo (e que praticamente todos os grandes cientistas se apoiaram, inclusive Einstein). A aproximação com a cultura oriental tradicional é vital e imprescindível para o resgate dos métodos de desenvolvimento da sensibilidade humana. Deixemos o “orgulho científico” de lado e busquemos com humildade a essência desse método ou caminho de realização das ciências sagradas tradicionais (a ioga é um exemplo). Não temos nada a perder, pois sem nenhuma sombra de dúvida o que iremos revelar é algo de profunda beleza e verdade interior. A sabedoria maior está dentro de nós, mas para se chegar a ela faz-se necessário um esforço ou trabalho de transformação (ou revisão) do ego do próprio indivíduo investigador. Nenhum método racional irá produzir um processo de energização que liberte e integre o homem. A liberdade (e a integração) é uma transcendência da própria razão. E começa na intuição. TEXTO ESCRITO EM 1994 PARA UM CONCURSO DA ABRH DE 1994 Prof. Dr. e Iogue da Prema Yoga (de Sathya Sai Baba) Bernardo Melgaço d Silva

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