Exercícios
regulares para deixar o cérebro em forma
Neuropsiquiatra de
Harvard mostra como atividades físicas nos tornam mais inteligentes. Exercícios frequentes são mais potentes que remédios
Os exercícios nos deixam mais inteligentes. Quem
afirma é o neuropsiquiatra John Ratey, professor da Harvard Medical School e
autor do livro “Corpo ativo, mente desperta” (Editora Objetiva). Em entrevista
ao GLOBO, ele diz que os exercícios são mais importantes que qualquer remédio
para as funções cerebrais:
— Fabricamos novas células cerebrais todos os dias
e os exercícios ajudam mais que qualquer outra atividade.
O GLOBO: O que atraiu seu interesse para esta área?
JOHN RATEY: Inicialmente os exercícios eram vistos
como menos potentes que as drogas antidepressivas, mas hoje sabemos que são tão
bons quanto e, em alguns casos, até melhores que os remédios. Sempre fui um
atleta e percebi em mim a importância dos exercícios para manter meu cérebro,
humor e motivação nos melhores níveis.
Como os exercícios melhoram as funções cerebrais?
RATEY: Os exercícios regulam ansiedade e níveis de
estresse, além de otimizar o aprendizado de três maneiras: melhoram os sistemas
de atenção, a memória, a capacidade de aprendizado e a habilidade de perseverar
e superar as frustrações que o processo de aprendizado eventualmente produz;
criam o ambiente certo para nossas cem bilhões de células nervosas, fabricando
mais neurotransmissores e receptores para registrar novas informações; e
promovem o surgimento de novas células no cérebro, um processo chamado
neurogênese.
Então a atividade física regular também nos deixa
mais inteligentes?
RATEY: Sim. O exercício otimiza as chances de
aprendizado ao nos deixar mais prontos para aprender, ao fazer com que o
cérebro esteja preparado para se desenvolver e talvez até adicionando novas
células nervosas às áreas envolvidas com a memória e o aprendizado. Mas é
especialmente importante por aumentar a liberação do fator neurotrófico BNDF,
um verdadeiro fertilizante para o cérebro por encorajar nossas células nervosas
a crescerem, que é a maneira como aprendemos.
Os exercícios estão ganhando respeito como uma
opção de tratamento?
RATEY: As pessoas estão gradualmente reconhecendo o
fato de que a atividade física é uma terapia auxiliar útil para desordens
mentais e médicas. Hoje o primeiro tratamento para a depressão ou a ansiedade
são exercícios regulares. Há dez anos a Câmara dos Comuns do Reino Unido disse
que os exercícios deveriam ser o tratamento primário para a depressão, então
eles estão na mente das pessoas e começando a ter aceitação na comunidade
médica.
Os exercícios também podem aliviar o estresse?
RATEY: Sim, tanto em termos de diminuir a resposta
a situações de estresse quanto aumentando a resistência ao estresse. À medida
em que a pessoa melhora o condicionamento, é preciso uma ameaça maior para
disparar seu alarme de estresse, pois a atividade física muda a neuroquímica do
cérebro, assim como trabalha no nível celular para proteger as próprias células
do estresse.
Quais são os melhores exercícios?
RATEY: É muito bom juntar artes marciais com dança,
como na brasileira capoeira. A questão é aumentar os batimentos cardíacos e
mantê-los altos por um tempo, adicionando complexidade e coordenação que vão
desafiar mais áreas do cérebro, estimulando a liberação de fatores
neurotróficos e desenvolvimento. Outras atividades que ganharam popularidade,
como a ioga, também ajudam a desafiar o corpo e a mente, provocando mudanças magníficas
no cérebro.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/saude/exercicios-regulares-para-deixar-cerebro-em-forma-4764664#ixzz1tTIEKf6F
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