De vez em quando sou romântica.
Me comovo com nomes de namorados
traçados no coração/areia da praia:
Gerson e Tayná.
Ou entalhados
no tronco do jacarandá
Marília e Júlio.
O vai e vem das ondas
Vai destraçar Gerson e Tayná.
Marília e Júlio só se queimarão em
lenha de fogo brando
ou serão esculpidos em
mesa posta de pratos
vazios de amor-paixão.
Vez em quando eu sou romântica
e choro lágrimas do mar de Olinda
limpando minha alma,
como os garis limpam as praias
na manhã da segunda-feira,
ciscam o lixo da areia
papel, plásticos, latas, cacos de vidro:
sujeira humana.
Os garis só não ciscam os nomes
Gerson e Tayná
Isso é serviço do mar.
Meu olho de ver e sentir
chorou gratidão aos garis
de parcos salários
de sonhos imensos
de roupas vermelhas
desbotadas de água e sol
amarrotadas de sal, vento e
desilusões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário