por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 11 de abril de 2011

CHORINHO NA GARAGEM - visão de Ulisses Germano



Chorinho na Garagem

Aos domingos tem chorinho
Na cidade lá do Crato
O ensaio é na garagem
Samba de roda no prato
O pandeiro e o cavaquinho
Bate a porta do vizinho
Pra mostrar todo o aparato

Que de fato só tem bamba
Da velha guarda sofrida
Junta gente pra caramba
Tem voz pura e aguerrida
Waldir Azevedo e Canhoto
Formam um som mais que maroto
Deixando exposta a ferida

E a querida dos solistas
Lança olhares de soslaios
Desprezando os sambistas
Vai soltando os seus raios
E zombando da mentira
Sai rompendo nossa  lira
Rebolando os balaios

E a garagem toda em festa
Junta a porca e o parafuso
Que apertandinho atesta
O acorde puro e difuso
Do violão ponteado
Na baixaria marcado
Pela voz de um tal Caruso

Não abuso do elogio
A seresta mora lá!
Todos falam da orgia
Que já foi e ainda está
No presente que alimenta
A saudade que sustenta
Uma lembrança invulgar

Ulisses Germano
Crato, 11/04/2011



P.S. Todos os domingos na Rua Pedro II no Crato um grupo de chorões da mais alta qualidade se juntam numa garagem ampla para tocar por puro prazer. Eles são pérolas de autenticidade, músicos do mais alto quilate! Escrevi estes versos como demonstração de carinho e gratidão, dos momentos de contentamento que eles me proporcionam fazendo sumir dos domingos sombrios as vozes nauseabundas de um Faustão ou de um Baú cheio de tediosidades.  Ulicis


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