O uso do cachimbo é que põe a boca torta, diz o povo. Diz ou dizia, pois tudo muda todo tempo, a ponto de a sabedoria popular abrir caminho às tradições modernas e querer imitar o que falam os arautos da pouca utilidade. Bom, mas trazer algumas palavras que signifiquem renovação dessas, ou daquelas, vontades escorregadias da ausência de sentido, nesse mundo quase só cheio de supérfluos. Tocar assuntos de possibilidades prováveis. Reviver o sonho de acordar cedo e caminhar ao sol das manhãs com o cérebro ligado nas sensações boas, esquecido das impurezas e preocupações da rotina frívola lá de fora. Viver com todas as letras o alfabeto de respirar novos dias, a intensidade ainda livre dos traumas da primeira infância. Criança, somente. Contar a nós próprios as lendas da inocência original. Pisar o chão do jeito que vem a vida, sem necessitar tanger as brasas da incompreensão ou os maus humores da perversidade. Caminhar, simplesmente. Nisto a perene urgência momentânea de uma raça inteira acordar e ver as realezas do caminho onde nada mostra face de peças já terminadas. Onde tudo se transforma todo tempo ao sopro incondicional do instante eterno dos segundos. Esse instinto forte de seguir adiante ao ritmo dos passos, livre das circunstâncias imprecisas de longas conveniências burocráticas. Acordar para nós acesos, recorrer ao que existe de si parentesco com a natureza nas individualidades, e acreditar a transformação radical dos obstáculos em nuvens ligeiras e limpas. No sequenciar desse movimento, o perfume inesperado que ganha corpo e cresce mais ainda, à proximidade eterna das partículas em agitação, unindo pensamentos e sensações quais peças de tabuleiro imenso posto à frente dos seres. Nós, quais intérpretes do discurso empolgante das horas, em atividade constante de sobreviver, incontidos nos detalhes essenciais da cena impetuosa das cavalgadas bravias e dos elementos em fúria. Acordar, afinal, para o sonho. Largar de lado os cacos rotos das equívocas permissividades. Descer ao teto dos palácios em festa, arraiás de praias amenas e águas transparentes, pois há um ser que nos espera de braços aberto no íntimo coração. O processo disso, nas portas abertas do presente, indicam sentimentos de paz e pontes felizes e abrem oportunidades aos acontecimentos verdadeiros. O isso de abandonar de vez trastes velhos das falhas vencidas e substituir os padrões que marcaram de vergonha a personalidade, nas ações antigas e que insistem retornar e esfregar na nossa cara a vileza das noites anteriores. Administrar esse lixo autoritário das subidas e reciclar em sabedoria. Integrar à existência o primor das estações iluminadas. Revivescer de nós, parecidos sementes que, seguras, brotaram noutro solo, pomos de luz na solidão descomunal do sagrado, feitas alegres quermesses dos santos sertanejos nordestinos. Pular de tranquilidade e admitir o milagre sonoro de viver que a todos permanece disponível.
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