por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

ANTECIPANDO-SE AO FILME "DOIS PAPAS" - José Nilton Mariano Saraiva


Hoje, o sucesso do momento é o filme “DOIS PAPAS”, que retrata tudo o que expomos no artigo abaixo, anos atrás, nos diversos blogs para os quais colaboramos.
Premonição ???
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Quem conhece um pouco da história da Igreja Católica Apostólica Romana sabe perfeitamente que, por trás dos herméticos, vigiados e protegidos muros do Vaticano, em seus corredores e porões, entre abraços de tamanduá, tapinhas nas costas e falsos sorrisos, vige uma espécie de briga de foice em quarto escuro, na oportunidade em que se tem de escolher um novo Papa; conchavos, corrupção, falsidade, traição, oferecimento de vantagens, tráfico de influência e o escambau são a essência dos encontros cardinalícios quando da escolha do sucessor de Pedro.

O jogo é bruto e pesado (fala-se, inclusive, que João Paulo I – o italiano Luciane – após pouco mais de um mês no trono, teria sido envenenado por discordar do modus operandi vigente).

Assim, no Vaticano nada difere das diversas arenas políticas espalhadas pelo mundo, quando da eleição de mandatários nos mais diversos países. É o tal “componente político” a que tanto aludimos e que na cúpula da Igreja Católica também se faz presente, sim.

Por essa razão (o penoso e desonesto trabalho de chegar lá e as concessões que se tem que ofertar), normalmente quem consegue trata de segurar o bastão até o instante em que “bate as botas”, nem que para tanto tenha que enfrentar constrangimentos mil (conforme nos mostrou o carismático polonês João Paulo II, que, acometido de todo tipo de doença - Parkinson, demência, dificuldade motora, etc), não largou o osso de forma alguma.  

Assim, de certa forma foi surpreendente quando, quase chegando aos 80 anos, o ultraconservador ex-integrante da juventude nazista, o alemão Josepf Ratzinger, conseguiu sucedê-lo.

Só não surpreendeu foi sua postura de alheamento ao que acontecia ao seu entorno, já que os ultrapassados e envelhecidos dogmas da Igreja Católica jamais foram ameaçados: celibato, divórcio, aborto, contrareceptivos, punição de padres pedófilos, alinhamento político do clero com causas sociais e políticas do terceiro mundo, enfim, desafios típicos do contemporâneo foram deixados de lado.

Mais surpreendente, então, foi ele anunciar que iria “se mandar” (renunciar), deixando seu rebanho na orfandade (e de um pai vivo), já que com apenas 08 anos sentado no trono.

E aí, a grande surpresa, a denúncia/revelação “bombástica”, porquanto proferida por alguém que comandava a Igreja Católica até então e, pois, conhecedor profundo das suas entranhas e labirintos: na cúpula da Igreja Católica vige, sim, a "hipocrisia religiosa, o comportamento dos que querem aparentar, as atitudes que buscam os aplausos e a aprovação" (ipsis litteris).

Portanto, se nada fez de produtivo durante sua gestão de 08 anos à frente da Igreja Católica Apostólica Romana, o alemão de certa forma se redimiu, ao anunciar aos seus pares, de viva voz, aquilo que todo mundo já desconfiava: no Vaticano, cerne do cristianismo, impera a discórdia, o jogo sujo, a luta (fratricida e desonesta) pelo poder. Enfim, o “componente político”.  


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