Se,
realmente, "recordar é viver", aqui (em repeteco) a nossa
homenagem a uma mulher que conhecemos numa das
"zonas/puteiros/cabarés" da vida, e pela qual "arriamos"
os quatro pneus, literalmente.
A
lamentar, não termos tido a oportunidade de cumprir o que a ela
prometemos, solenemente: "eu
vou tirar você desse lugar" (hoje
magistralmente relatada pelo cantor brega Odair José - vide link
abaixo).
Ficou
a saudade imorredoura (ou seria a famosa e sofrida "dor de
corno" ???)
Eu
Vou Tirar Você Desse Lugar (Odair José)
Olha,
a primeira vez que eu estive aqui
Foi
só pra me distrair
Eu
vim em busca do amor
Olha,
foi então que eu lhe conheci
Naquela
noite fria, em seus braços
Meus
problemas esqueci
Olha,
a segunda vez que eu estive aqui
Já
não foi pra distrair
Eu
senti saudades de você
Olha,
eu precisei do seu carinho
Pois
eu me sentia tão sozinho
E
já não podia mais lhe esquecer
Eu
vou tirar você desse lugar
Eu
vou levar você pra ficar comigo
E
não me interessa o que os outros vão pensar
Eu
sei que você tem medo de não dar certo
Pensa
que o passado vai estar sempre perto
E
que um dia eu posso me arrepender
Eu
quero que você não pense em nada triste
Pois
quando o amor existe
Não
existe tempo pra sofrer
Eu
vou tirar você desse lugar
Eu
vou levar você pra ficar comigo
E
não me interessa o que os outros vão pensar
******************************
"ONDE
ANDA VOCÊ, MARIA DE FÁTIMA ??? – José Nilton Mariano Saraiva
Em
Fortaleza, num desses ambientes onde se reúnem mulheres a serem
cortejadas, ela era unanimidade e compreensivelmente para ela
convergiam os olhares, as fantasias e os corações daqueles alegres
e falantes marmanjos, todos já “encharcados” de álcool até o
gogó.
Assim,
presumindo que com o nosso estilo discreto e reflexivo dificilmente
conseguiríamos algo ante tantas feras de porte atlético
privilegiado e verborragia (teoricamente) envolvente, preferimos
ficar na nossa, observando o ambiente, curtindo o som e “deglutindo”
uma geladinha.
De
repente, às nossas costas, aquele toque suave no ombro; e, ao
virarmos pra conferir, deparamo-nos com o mais belo (embora discreto)
sorriso que alguém possa imaginar, seguido da sussurrada e
inolvidável indagação: “E você, não quer ficar comigo ???”.
Foi
assim que conhecemos a meiga Maria de Fátima.
Altura mediana, clara, cabelos castanhos, olhos discretamente ao estilo japonês, nariz perfeito, dentes impecavelmente alvos, lábios carnudos e... “cheinha”. Já no quarto, ao desnudar-se, uma arrebatadora e deslumbrante visão, digna de ser retratada por um desses pintores clássicos e posta num pedestal pra ser admirada por gregos e troianos: seios medianos e rijos, cintura fina, bunda belíssima, coxas firmes e pra lá de torneadas. Enfim, tudo no lugar. Uma deusa da perfeição.
Carinhosa,
fala mansa, conversa aprumada, de pronto bateu aquela sinergia entre
nós. A ponto de, ainda na cama, lhe indagarmos (com sinceridade
d’alma) a “razão” ou o “por que” de uma mulher tão bela e
educada frequentar um local daqueles; de onde ela era; de qual
família e por aí vai.
Surpresa,
ela afirmou que era a primeira vez que alguém fazia tais tipos de
perguntas pra ela, que nunca alguém procurara saber da sua
intimidade, que, enfim, encontrara alguém “diferente” (e a prova
disso é que não aceitou receber nada, ao final, como era praxe
naqueles idos tempos).
Pra
encurtar a conversa: na segunda vez que a procuramos ela simplesmente
largou tudo, sob protestos da cafetina, e fomos curtir a vida em
pleno dia, terminando por encontrar abrigo em nosso apartamento de
solteiro (onde ela aprendeu, a partir de então e durante meses, a
dormir “empacotada” em nossas camisas de seda, de mangas longas,
que achava... ”gostosas”).
Em
represália, fomos proibidos pela "alcoviteira" de adentrar
o tal ambiente, já que os “seguranças” tinham ordem expressa de
“baixar a cacete”, se se tornasse necessário; então,
conjuntamente, arquitetamos que bastariam dois toques na buzina pra
que ela “se mandasse” dali. E assim foi feito, a partir de então.
Foram meses de felicidade plena, durante os quais frequentávamos, de mãos dadas e sorriso no rosto, qualquer lugar que “desse na telha”, sem nenhum constrangimento de encontrar algum desses barões que com ela houvesse se relacionado naquele ambiente ("seleto" e frequentado por homens de realce da sociedade).
Mas...
De repente, a meiga Maria de Fátima sumiu, evaporou-se, tomou Doril, escafedeu-se, literalmente deixando-nos na mais completa orfandade (deve ter havido algo de sério e grave, que jamais saberemos).
Hoje,
apesar de casado (em processo de separação) e com dois belos filhos
já adultos, tal qual os William Bonner da vida não cansamos de
(mentalmente) perguntar: onde anda você, Maria de Fátima ???
Quantas saudades…
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