Em
sã consciência, ao analisar os últimos acontecimentos não há
como negar a hipocrisia, má-fé, desonestidade e cinismo de alguns
dos membros do Supremo Tribunal Federal, ao anunciar, via TV, uma
pretensa “legalidade” do processo de impeachment da presidenta
Dilma Rousseff (já aprovado pela Câmara Federal), pela simplória
razão de terem os “nobres” deputados obedecido, pari-passu, o
“rito processual” predeterminado por suas “excelências”;
canalhice maior não há. Como se fossemos todos uns idiotas.
Afinal,
até prova em contrário, seguir o “rito processual” nada mais é
que exercitar o beabá, seguir o básico, obedecer uma sequência de
procedimentos burocráticos acordados a priori e constante de
manuais, a fim de se cumprir uma etapa preliminar de um processo;
espécie de “aperitivo”, a fim de “abrir o apetite”, visando
a deglutição do “prato principal”, a seguir.
Transposta
tal etapa, aí, sim, há que se dissecar a parte substantiva ou o
suprassumo da questão: o exame meticuloso, com parcimônia,
honestidade e isenção, do tal “mérito” do processo em questão,
ou seja, se há ou não caracterizado o tal “crime de
responsabilidade”, capaz de defenestrar uma Presidenta da República
aclamada por quase 55 milhões de votos.
Assim,
causa espécie que alguns dos componentes do STF fiquem “bodejando”
irresponsavelmente que o impeachment é legal porque tal dispositivo
consta da Constituição Federal, ao tempo em que cafajestemente
omitem do distinto público que para que tal se materialize torna-se
necessário a existência do tal “crime de responsabilidade”;
como se nota, desonestidade a toda prova, que serve, sim, para
“assanhar” os oponentes do governo.
Afinal,
o caso específico da tese de admissibilidade do “impeachment” da
presidenta Dilma Rousseff, calcado na alegativa de uso das tais
pedaladas fiscais e emissão de decretos orçamentários
complementares, já foi peremptoriamente refutado não só por
juristas de escol, daqui e alhures, como e principalmente por alguns
ministros do próprio STF (Marco Aurélio Mello e Ricardo
Lewandowski, por exemplo).
Fato
é que, em razão do golpe tupiniquim perpetrado por segmentos
golpistas da mídia, políticos corruptos e parte do poder judiciário
(aos quais não entregamos, e nem os quase 55 milhões de eleitores,
nenhuma procuração para nos representar nessa sujeirada toda), a
imagem do Brasil lá fora ficou bastante arranhada e difamada, e
dificilmente um “governo-tampão”, sem povo, sem voto, sem voz,
sem legalidade e sem credibilidade, terá condição de se fazer
respeitar. Por ser um governo bastardo, gerado da prostituição
parlamentar.
Elementar,
meu caro Watson.
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