Se, enquanto teoria, a criação e implantação da Região Metropolitana do Cariri conseguiu ludibriar muita gente, através da propagação de mentiras e devaneios mil, na prática, a partir do momento em que passou a ser operacionalizada, converteu-se em um colossal embuste, uma farsa sem tamanho, uma nua, crua e indigesta realidade, principalmente para os cratenses.
Fato
é que, para camuflar a escolha de uma única cidade (Juazeiro do
Norte) como receptora preferencial dos investimentos governamentais
ao sul do Ceará (assim como o fizera com Sobral, ao norte), o
Governo do Estado contou com uma legião de treinados e amestrados
“multiplicadores” (deputados estaduais da sua base de
sustentação, secretários de Estado e meia dúzia de cratenses
babacas, escorregadios e cooptados) que, hipócrita e
irresponsavelmente, saíram às ruas a dourar a pílula, alardeando,
difundindo e propagando as futuras benesses advindas da criação da
Região Metropolitana do Cariri; só que, internamente, entre quatro
paredes, já havia a determinação política em se evitar a
pulverização dos investimentos governamentais entre as diversas
cidades da Região do Cariri (desprovidas do “componente
político”), centrando-os em uma só urbe, na mafiosa perspectiva
que os benefícios fluiriam e se espraiariam entre as demais
comunidades (e naquela ocasião, alertamos aqui sobre o perigo da
passividade com que aquela “conversa mole” passara a ser
digerida, o que nos valeu diversos rótulos desabonadores: bairrista,
conservador, retrógrado e tal).
Mas
foi assim, verbalizando tão “incrível lorota” diuturnamente (em
alto e bom som), e valendo-se de um pseudo “regionalismo”
alavancador do progresso, que foram criados e passaram a operar em
Juazeiro do Norte (e só em Juazeiro, pt saudações) o Aeroporto
Regional de Cariri, o Hospital Regional do Cariri, a sede Regional
da Receita Federal, a Universidade Federal do Cariri, a
Delegacia Regional da Polícia Federal, a
unidade Regional da Receita Federal e tudo o mais que
pudesse ser rotulado de “regional”; assim,
castrando e obstaculando qualquer tentativa de descentralização,
tudo tinha obrigatoriamente que ser em Juazeiro (posteriormente, na
esteira do prestígio chancelado pela preferência governamental, a
instalação de empreendimentos privados foi apenas consequência).
Quanto às demais cidades da região (inclusive e principalmente o
Crato), ficaram a ver navios, a esperar por quem não ficou de vir, e
tendem à estagnação absoluta, à involução, a virarem meros
satélites errantes a vagar sem rumo e sem norte na órbita
juazeirense (com todas as consequências nefastas daí
advindas).
O
mais estapafúrdio nisso tudo é que, à época da criação da tal
Região Metropolitana do Cariri, por deslavada conveniência
política, falta de justificativa consistente para esconder o marasmo
administrativo, ou mesmo na vã tentativa de justificar o
injustificável, os (maus) cratenses, inclusive e principalmente suas
autoridades constituídas (que deveriam, sim, ser responsabilizadas
pelo estágio a que chegamos), convencionaram e passaram a adotar o
cretino bordão de que, como éramos “UM SÓ POVO, UMA SÓ NAÇÃO
CARIRI”, o progresso e a aura desenvolvimentista viriam de forma
equânime, igualitária, simétrica (e ai de quem ousasse pensar
diferente). Tanto é que o então prefeito do Crato
(Samuel Araripe) e seus áulicos sempre se fizeram
presentes e nunca deixaram de bater palmas e tecer fartos elogios a
tudo que era inaugurado em Juazeiro. Não podem, agora, chorar o
leite derramado.
Deu
no que deu. E como o esvaziamento do Crato é notório e acachapante,
hoje, hipocritamente, as mesmas autoridades e formadores de opinião
que engoliram o bolo sem mastigar, que teceram loas àquela criminosa
ação governamental, que se deixaram bovinamente estuprar
intelectualmente, que se extasiaram com o canto da sereia, e que
covardemente, sim, se omitiram em questões cruciais, posam de
indignados, choram ante as câmeras, manifestam surpresa sobre os
rumos da Região Metropolitana do Cariri, reclamam do tratamento
“desigual” a que foram submetidos Crato e as demais cidades da
região. Pura hipocrisia, deplorável jogo de cena, falsidade em
estado absoluto e latente.
E
Juazeiro do Norte, que nasceu, cresceu e marombou-se à sombra de um
grande embuste, uma farsa pra lá grotesca (o risível “milagre da
hóstia”), continua adotando e valendo-se do mesmo heterodoxo
“modus operandi”, da mesma estratégia suspeita de tramar na
calada da noite, que o catapultou à condição de centro receptor de
tudo que provém do poder central estadual (com a inestimável
colaboração do “componente político”). Assim e
lamentavelmente, por omissão e sem-vergonhice das suas ditas
“autoridades competentes”, tornamo-nos, sim, uma mera “cidade
dormitório”.
Só
que o pior está por vir (recortem, guardem e nos cobrem depois o que
aqui afirmamos): dentro de bem pouco tempo a área geográfica do
Crato será substancialmente subtraída em proveito, principalmente,
de… Juazeiro do Norte. Falta só o bater do martelo, Portanto, que
quando isso ocorrer não se constitua nenhuma surpresa: afinal, não
somos “UM SÓ POVO, UMA SÓ NAÇÃO CARIRI” ???
2 comentários:
Parabéns pelo excelente texto digno de ser lido por todos os cratenses. Infelizmente nosso povo escolhe mal seus representantes, mais pela cor dos olhos do que pela liderança autentica, algo em falta no Crato há muitos e muitos anos.
Ilustre Carlos,
Prepare-se para mudar sua Carteira de Identidade. Como o "São José" é uma das áreas que vai pertencer a Juazeiro do Norte, você, que já possui o titulo de cidadão juazeirense, agora o será de fato e de direito.
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