As histórias de fadas
sugeriam que depois da dificuldade o final feliz acontecia e, a
plenitude adquiria fórum na eternidade.Desconfiava que a vida real fosse
diferente, e pra neutralizar minhas poucas esperanças, lia história românticas,
compulsivamente. Nada como Romeu e Julieta. Os amores precisavam terminar
juntos e pra sempre- isso me agradava.
Logo na adolescência
comecei a derramar as primeiras lágrimas por pequenos desencontros. Imaginava
que o caminho da vida era curto, porem intenso. O preço por cada vivência era
cobrado com lágrimas. A leveza de um instante mágico voava naturalmente, e só
restava uma saudade duradoura. Não existiam fórmulas para que a felicidade
perdurasse,
Com o passar dos anos,
a roda da vida, em seu giro, voltava ao mesmo ponto, e encontrava a casa, a
cara, e até a mangueira da calçada desaparecidos ou com marcas que antes nem
existiam. Nos primeiros instantes o coração pulsava um amor latente. Na seqüência
a realidade imperava outras atitudes, e os caminhos novamente se descruzavam.
O que é o amor?
O que faz manter o
amor?
Qual o papel do
destino, nas nossas escolhas, se é que elas existem?
Assumir um amor é
superam o impossível, é esperar o final feliz, quando a tristeza da morte arrebata
um dos dois?
Depois da morte tudo é
luz, num escuro, onde poucos ou nenhum se reconhecem?
A beleza do encontro
se faz na terra com dor; a beleza do encontro se faz no céu sem uma nota de
desamor?
As pessoas se separam
porque no fundo nunca amaram?
As pessoas se separam
por seus destinos terem sido violados, por causas injustas e despretensiosas?
Existe a necessidade
de objetivos comum, doação, tolerância, pra que se possa vencer o desgaste
natural de uma relação?
Encarar a solidão é
perder a capacidade da ilusão. É perder a memória das histórias de fadas, e
encarar a humanidade como um grande celeiro de príncipes e princesas, que
precisam uns dos outros.
O resto é sexo. Um
susto, um suspiro passageiro, que não poderia enganar os sentidos. È um ato
natural, que pode acontecer sem nenhum compromisso. Um dia ele vai ficando longe
do nosso desejo. Um dia ele vai ficando com preguiça de tentar sentir o que já
não sente.
Um dia tudo vira
ternura, carinho, e o bem estar de um abraço, ou um afago de mãos.
Não se enganem, nem enganem...
O mundo já vive de muitos enganos. A verdade é que a vida tem fim.
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