Sinopse - História da Independência de Juazeiro do Norte - Daniel Walker
Em 1907 o povoado de Juazeiro
estava em franco desenvolvimento e pagando pesados impostos ao Crato. Um
cidadão filho da terra, rico fazendeiro, divulgou um boletim no qual
convocava a população para uma reunião cívica em que a emancipação do
povoado era o principal tema da pauta.
A reunião foi um fiasco! Pouca gente compareceu. Alguém aventou a
hipótese de que a população, embora desejosa de ver o povoado livre,
estava dividida devido a divergências ideológicas e, por isso, vez por
outra se desentendia. Na verdade, a população juazeirense, ontem como
hoje, é formada por dois tipos de habitantes: os filhos da terra,
chamados nativos, e os adventícios, chamados genericamente de romeiros,
pois para aqui vieram atraídos pelas pregações de um padre, líder
carismático autêntico, e pela crença num fato que todos acreditam como
sendo milagre. Este fato, basicamente, consistiu no sangramento da
hóstia na boca de uma beata quando a mesma comungava, além de outros
fenômenos igualmente estranhos.
O filho da terra e rico fazendeiro referido acima conseguiu a adesão de
dois destemidos adventícios para engrossar as fileiras do movimento: um
padre cratense fugido de sua cidade por questões políticas com o
prefeito e um médico baiano com habilidade em advocacia, embora não
fosse advogado formado, que para aqui veio se oferecer para resolver
pendências jurídicas referentes a umas minas de cobre do padre que vivia
no lugar, mas estava suspenso das ordens eclesiásticas, o líder
carismático já citado. Por coincidência, os dois forasteiros também eram
jornalistas.
Assim, melhor preparado, o grupo resolveu fundar um jornal, cujo
objetivo seria servir de ponta-de-lança do movimento de independência do
povoado.
Mas, apesar de todo o empenho o empreendimento não crescia da forma
desejada. Algumas razões impediam-no: o fazendeiro rico não se dava bem
com o prefeito do município-sede e os adventícios chamados romeiros se
achavam discriminados pela população nativa.
Era preciso, então, o surgimento de um fato novo, porém forte o
suficiente para esquentar os ânimos da população e capaz de deixar todos
com os nervos à flor da pele, prontos para fazer valer a reivindicação
tão justa.
E, por incrível que pareça, em vez de um apenas, surgiram três. Um
atentado de morte contra o médico baiano; uma frase insultuosa ao povo
juazeirense proferida no Crato durante uma visita pastoral do bispo
auxiliar de Fortaleza, por um padre da comitiva e finalmente, a
determinação desastrosa do prefeito cratense que ameaçou de forma
ostensiva usar a força policial para receber os impostos atrasados, que
os contribuintes resolveram não pagar mais. A ordem do prefeito era
severa: em caso de resistência, bala!
Pronto, estava criado o ambiente propício para o líder carismático do
lugar agir. Ele até então se encontrava receoso, pois era adepto da
política da boa vizinhança, e também não queria se indispor com o
prefeito cratense, seu amigo, cujo pai havia contribuído de forma
bastante efetiva para sua ordenação. E como se não bastasse, era ele
próprio um cratense da gema.
A situação era dramática e clamava por uma decisão imediata, pois um
conflito armado estava prestes a ocorrer.
O líder carismático, o padre dos romeiros, estava num dilema: honrar sua
naturalidade cratense ou defender a terra que adotou, optando, assim,
pela cidadania juazeirense.
Com a frase pronunciada em tom enérgico - “Sou filho do Crato, mas
Juazeiro é meu filho” -, o líder carismático desfraldou finalmente a
bandeira de independência, e o povoado se tornou livre.
Esta história narrada desta forma, em rápidas pinceladas, é importante
demais para terminar aqui. Precisa, portanto, ser contada com mais
detalhes. E somente agora, cerca de cem anos após o fato ter acontecido,
surge um livro para tratar exclusivamente dele: HISTÓRIA DA
INDEPENDÊNCIA DE JUAZEIRO DO NORTE, de Daniel Walker.
Nenhum comentário:
Postar um comentário