por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Marcelo Gleiser






O físico Marcelo Gleiser, autor de obras que aproximam conceitos da física do público leigo como "A Dança do Universo" e "O Fim da Terra e do Céu", subverte neste seu mais recente livro mais de 25 séculos de pensamento científico ao desmontar um dos maiores mitos da ciência e da filosofia ocidentais: o de que a Natureza é regida pela perfeição.
Gleiser discorre em "Criação Imperfeita" sobre a importância da imperfeição no universo no desenvolvimento da matéria e do próprio ser humano. Com isso, contesta também o discurso dos ateístas radicais, como Richard Dawkins, mostrando que a ciência não prova a inexistência de Deus. O livro tem lançamento simultâneo no Brasil e Estados Unidos, e seus direitos de publicação foram vendidos para oito países.
Por milênios, xamãs e filósofos, ateus e religiosos, artistas e cientistas tentam dar sentido à nossa existência sugerindo que tudo está conectado e que uma misteriosa Unidade nos liga ao resto do universo. As pessoas vão a templos, igrejas, mosteiros e sinagogas para rezar para as diversas encarnações divinas dessa Unidade.
De forma surpreendentemente similar, cientistas afirmam que por trás da aparente complexidade da natureza existe uma realidade subjacente mais simples. Gigantes da ciência, como Galileu, Kepler, Newton, Planck e Einstein, nos ensinaram a explicar o universo em termos de simetria, harmonia e ordem.
Em sua versão moderna, essa "Teoria de Tudo" uniria as leis físicas que regem corpos muito grandes (A Teoria da Relatividade de Einstein) àquelas que controlam os pequenos corpos (mecânica quântica) em apenas uma estrutura. Mas apesar dos corajosos esforços de muitas mentes poderosas, a Teoria de Tudo permanece evasiva. É um glorioso caos criativo.
Gleiser argumenta, no entanto, que a busca por uma teoria unificadora das forças da natureza -que obcecou grandes cientistas como Einstein-- está fundamentalmente desorientada. Todas as evidências apontam para um cenário no qual tudo emerge de imperfeições fundamentais, assimetrias primordiais na matéria e no tempo, acidentes cataclísmicos no início da vida na Terra e de erros na duplicação do código genético.
"Criação Imperfeita" propõe nada menos do que um novo "humanocentrismo", capaz de refletir nossa posição na ordem do universo. Um novo tipo de espiritualidade, que nada tem a ver com religião, centrada não no além, mas na vida. propõe nada menos do que um novo "humanocentrismo", capaz de refletir nossa posição na ordem do universo. Um novo tipo de espiritualidade, que nada tem a ver com religião, centrada não no além, mas na vida.
Para Roald Hoffman, ganhador do prêmio Nobel de química, "Marcelo Gleiser é nosso guia lúcido para onde a beleza é encontrada em um universo imperfeito, assimétrico e acidental." 
Colunista da Folha de S.Paulo, Gleiser também é autor de "A Dança do Universo" e "O Fim da Terra e do Céu", ambos vencedores do prêmio Jabuti.


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