Em vésperas de qualquer eleição todo
cuidado sempre será pouco visando não contrariar o ator e alvo principal: sua
excelência, o eleitor. Assim, caciques da situação e da oposição, usando de todo
o contorcionismo possível e imaginável, tratam de se equilibrar sobre o fio de
navalha, objetivando não contrariá-los, não aborrecê-los, sob pena de colocarem
tudo a perder.
Fato é que, como Fortaleza se
prepara pra sediar uma das chaves do Campeonato Mundial de Futebol, em 2014,
diversas intervenções urbanas estão previstas, com prazo definido pra começar e
terminar. E uma das mais importantes, a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos-VLT
(também conhecido como “metrô dos pobres”) foi alvo de intenso tiroteio verbal entre
integrantes do poder municipal e do poder estadual, antes da recém-finda eleição
pra prefeito.
Por um motivo simples: no projeto
original, firmado por ambas as partes, lá atrás, explicitadas se encontravam as
tarefas de cada um: ao Governo do Estado, cuidar da “remoção” de centenas de famílias das áreas onde serão implantados os dormentes e trilhos
respectivos, com a consequente "relocalização" em um bairro periférico da cidade: à Prefeitura, a tarefa de construir a obra física, propriamente dita.
Só que “esqueceram”
de lembrar aos técnicos do governo que no meio do caminho tinha uma eleição a ser definida. E quando finalmente “acordaram”,
viram a mancada que tinham dado. E foi aí que a porca torceu o rabo: pressentindo
que eleitoralmente seria um desastre (praticamente entregaria ao adversário, de
mão-beijada, a eleição, dada a antipatia da medida), o Governador chegou ao
absurdo e desfaçatez de afirmar que tinha “assinado o documento sem ler”; mas
que não concordava com a “remoção” de tanta gente, já que tal tarefa (no seu
novo entendimento) seria da alçada da prefeitura (se dispôs, inclusive, a
entregar à prefeitura um vultoso valor para esse fim), só que sob a condição de
jamais assinar embaixo. Com a “arenga” criada, a situação foi posta em banho-maria
e com isso a eleição passou e ninguém sofreu o corrosivo desgaste previsto.
Agora, ganha a eleição pelo
candidato governamental, este já anunciou em alto e bom som que ao ser empossado
na prefeitura assumirá, sim, o ônus da tal
“remoção”, e não está nem um pouco preocupado se A ou B goste ou não de tal ato. E os que votaram
nele, agora insatisfeitos, que vão reclamar ao “Papa”.
E aí, alguém tem dúvida sobre
quem vai mandar na Prefeitura de Fortaleza nos próximos quatro anos ???
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