por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 6 de outubro de 2012

Coerência - Emerson Monteiro



Dentre as tantas histórias de Francisco Cândido Xavier, consta que, uma vez, o médium viajava de avião, na época dos resistentes DC-3, tradicionais bimotores a servir nas linhas aéreas do interior do Brasil, quando a aeronave resolveu falhar um dos motores em pleno vôo, para desespero dos que a ocupavam.

Mobilização geral na tripulação, por si só conformada, nessas horas difíceis. Os passageiros, todavia, entraram em pânico e desalento, tumultuando de incomum agitação os céus tranquilos de Minas Gerais.

Chico Xavier também não ficou de fora daquilo de emoções intensas nos momentos críticos. Entrou extremoso no clima que se configurava. Corre daqui, corre dali, braços aos ares, mãos a coçar a cabeça, gritos, aflição que tomava conta dos protagonistas, nas ensolaradas nuvens lá de cima.

Esse instante de gravidade fê-lo lembrar do seu guia espiritual, Emmanuel. Naquilo tudo, recolheu-se aos mais íntimos pensamentos e ainda conseguiu estabelecer contato e emitir pedido de urgência ao bom espírito, dada a situação vexatória por demais aonde padecia.

Naquele meio tempo, o comandante estabelecera providências e buscava aeroporto próximo, a fim de realizar o pouso forçado, quando Chico avistou, deslocando-se pelo intervalo das poltronas do avião, chegando na sua direção, a figura benfazeja de Emmanuel, motivo inigualável da mais pura felicidade do médium.

- Sim, Chico, me chamou? – indagou a princípio.

- Chamei, chamei – respondeu ofegante o sensitivo mineiro.

- Pois diga de lá o que com isso pretendeu.

- Ora, Emmanuel, não vê o que se passa comigo, no meio desse sufoco? Os acontecimentos a seguir como vão, e morreremos todos, sem qualquer apelo.

O espírito olhou em volta, prudente, reconhecendo a agitação que contagiava os ocupantes do vôo tumultuado. Outra vez fitou Cândido Xavier e disse:

- Sei, Chico, que ocorre tudo isso. Vejo o medo que invade os corações do grupo de que fazes parte, nesta hora – seguiu dizendo: - Contudo trate de adquirir a calma; se comporte à altura; controle seus nervos; dê exemplo de quem sabe das coisas do outro lado da vida.

- Mas, Emmanuel, o que espera para nos auxiliar a todos? Não observa que posso a qualquer momento desencarnar com a queda do aparelho? – e, quase a chorar, acrescentou: - Vou morrer sem ver os amigos, parentes...

- O que é que tem demais, Chico? Por isso mesmo, então, domine o desespero e morra com educação... No mínimo isso, morra com educação.

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