I
Encontrei um bobo
Na casca do ovo
Se ele sobreviver
Vai nascer de novo
II
Tá tristonho?
Inventa um sonho
Tá infeliz?
Limpa o nariz
III
Quem planta segredos
Só colhe silêncio
A sina do medo
Matou seu Fulgêncio
IV
Menina atriz
Que mente tão bem
Advinha e desdiz
Na vida também
V
Um, dois, deixemos para depois
Três, quatro, façamos um trato
Cinco, seis, agora é tua vez
Sete, oito, sejamos afoito
Nove, dez, devolva meus pés
VII
Tive caspa na careca
No nariz criei meleca
A menina nunca peca
Quando brinca de boneca
VIII
O hipopopopopótamo
Hipipipinotizou
O dia ficou monótono
Quando o gagago falou
XIX
Mato a sede, mato a fome
Quem de mágua não chorou?
Vê se some e nunca tome
Na água que magoou
X
Ela nunca está errada
Tem domínio de mulher
Mas por dentro tá atada
Sem saber mais o que quer
XI
Veja quanta porcaria
Deletei de uma só vez
Quem seguir em romaria
Encontrará o marquês
XII
As parlendas são besteiras
Sem sentido aparente
Vão comendo pelas beiras
Contando a vida da gente
XIII
Digo folcloricamente
Travando a língua, só mente
Quem esquece furtivamente
Que um dia já foi semente
Ulisses Germano
Um comentário:
Muito bom!
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