por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 1 de abril de 2011

A receita de peixe da Kanchi - por José do Vale Pinheiro Feitosa



Em dezembro de 1973 um médico da Campanha Nacional Contra a Varíola se casa com uma professora do interior do Estado do Rio de Janeiro. Ele nascera em Araraquara, São Paulo, descendente de Italianos, fora líder estudantil no calor do movimento e depois funcionário do Estado. Chama-se Claudio do Amaral Júnior. Ela, nasceu em Cantagalo na serra de Nova Friburgo, estudou nesta cidade e depois se tornou chefe do escritório regional da Secretaria de Educação do Estado do Rio. Alba Maria Figueira do Amaral largou sua vida profissional para acompanhar o recém casado em aventura na Índia.

Escreveu centenas de cartas para o pai e mãe, irmãos, primos e amigos. Alba se via apenas sendo dona de casa, num país muito diferente, experimentando a vida de casal naquele momento em que tudo é mais frágil e cheio de sonhos e fantasias. Mas o mesmo acontecia ao Claudio, muito inteligente, esperto mesmo, este brasileiro se tornou uma jóia para o governo indiano e para a Organização Mundial da Saúde. A regra do Claudio era a regra com que países garantem sua presença na globalização: eu estava na terra deles e tinha que mostrar interesse pelas coisas deles.
A Alba depois foi entrando na luta contra a varíola, utilizou-se de suas práticas pedagógicas e didáticas e logo era membro ativo da campanha na Índia e depois na Etiópia. Passou por experiências espetaculares, está tudo em mais de uma centena de cartas, conhecendo figuras exponenciais do mundo como Indira Gandhi, Fidel Castro, Madre Teresa de Calcutá, Nancy Rafkin, entre outros que merece uma narrativa completa e que o será.

Em Calcutá onde primeiro moraram e depois em Darjeeling nas montanhas do Himalaia, tiveram uma indiana em sua casa que se tornou uma mãe para os recém-casados. Era a Kanchi, que falava seis línguas, incluindo o tibetano, hindu, bengali e inglês, além do chinês e mais outra. Era uma mulher milenar, trabalhara na casa de Marajás e tinha a profundidade e a extensão da Ásia. Aliás, Kanchi era muito chegada ao Dalai Lama em seu exílio indiano.
Afinal ao que interessa a receita de peixe da Kanchi:

Temperar o filé de peixe com bastante limão e azeite e deixar descansar. Cozinhar o filé em fogo brando com um pouco de manteiga numa panela, sem mexer. De vez em quando sacode a panela um pouco. À parte prepara um molho branco com queijo e um creme de espinafre. Frita batatas em rodelas bem finíssimas quase transparentes (cortadas com gilete). Arruma num pirex o peixe, o molho branco, o creme de espinafre e a batata frita em camadas. Serve com arroz branco e ovos estrelados.

Um comentário:

socorro moreira disse...

Receita maravilhosa!
Podem apostar. Não dispensem os detalhes.